Uma classe de safeties interessante neste ano. Assim podemos começar a descrever. Mas há um cara que se destaca, do qual já falamos aqui em PROFOOTBALL nas últimas semanas. Para além dele, a classe, com o perdão da referência, é como sabor de pizza. Minha mãe ama pizza de rúcula com tomate seco. Eu acho um desperdício colocar tantos ingredientes saudáveis em cima da redonda.
Alguns vão preferir um safety mais agressivo. Outros times, para além de Kyle Hamilton e toda sua completude, irão preferir alguém que tenha mais alcance e dose nessa agressividade para não cometer erros.
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Antes de falar sobre os demais safeties da classe, vamos tirar o elefante da sala. Ou melhor: o unicórnio. Vindo de Notre Dame, Kyle Hamilton é um absurdo de jogador. 1,93m, 100 kg, capacidade de cobrir latifúndios em termos de alcance. Como o Deivis bem definiu no Top 5 da posição, a inteligência de Hamilton – aliada ao seu atleticismo fora da curva – faz com que a impressão seja de que ele está jogando xadrez enquanto o resto da defesa está jogando dama.
Ao assistir ao tape de Hamilton, a impressão é justamente essa. Ele é o elemento-alfa do vídeo, o melhor jogador em campo e possivelmente o mais inteligente a cada snap. A defesa flutua em sua função. Nem tudo é perfeito, porém, e nessas épocas a gente acaba ficando ressabiado e procurando problemas. O tackle parece ser o maior deles. Hamilton muitas vezes ampara-se na altura e a técnica de tackle acaba ficando aquém, expondo demais o peito e não conseguindo o encaixe adequado. Nada que seja fim de mundo: Kyle Pitts chegou com seus problemas nos bloqueios e passou das 1000 jardas recebidas. Pitts era o que Hamilton é para esta classe de hoje, mas na posição de tight end: um unicórnio.
É difícil que Kyle passe ileso do top 10. Houston, New York Jets/Giants, Atlanta, Carolina: vários times do topo do recrutamento seriam destinos possíveis para aquele que é, de longe, o melhor safety do Draft 2022.
A dupla que pode sair na primeira rodada e mais sabores
Eu e Deivis divergimos nos nossos rankings de safeties, dado que prefiro a agressividade de Daxton Hill (Michigan) e meu colega de site e amigo coloca Jaquan Brisker (Penn State) acima no top 5. Brisker tem a versatilidade como maior trunfo, embora tenha minhas dúvidas quanto sua capacidade de marcar individualmente e o alcance no fundo do campo – isso acaba sendo compensado por um bom nível de atleticismo.
Já Hill é um míssil em primeira passada na linha quando é usado para atacar o quarterback – embora falte massa magra para jogar de safety na NFL. Em seu tape, várias vezes alinha como nickel: algo bastante pedido pela NFL para jogadores da posição. Isso faz, em termos de Draft, seu valor ficar intertessante. De toda forma, pode ter dificildade para transitar no box quando for encaixado num bloqueio. É bom ficar de olho nisso.
O resto da classe conta com dois outros destaques, com mais bandeiras vermelhas. Nick Cross (Maryland) tem um faro altíssimo de bola e é um cara cujo atleticismo impressionam bastante. Aí você deve se perguntar: cadê o “mas”? Respondo: Síndrome de Marcus Peters – que é ainda mais grave quando falamos sobre um safety. Sabe quando tem uma parte de nosso trabalho que não somos muito fã mas temos que fazer de qualquer forma? Então, alguns reagem bem a isso, outros nem tanto. No caso de Cross, estamos falando do jogo terrestre. A má vontade sobra no tape. Aquela primeira passadinha do migué quando vem a corrida, bem, assustam. O encaixe será importante aqui, portanto. De antemão, penso em Dallas como alcance interessante no segundo dia. Com Micah Parsons e amigos ali na frente, a responsabilidade terrestre pode ser menor e Cross brilhar no que faz bem.
Para saber mais dos pontos positivos e negativos de cada um dos jogadores:
Draft 2022: 5 melhores safeties
Para além dele, um oposto de Cross. Se temos um Hamilton na classe, fica nossa homenagem no texto tendo um Lewis também. Lewis Cine (Georgia) é, com o perdão do trocadilho tosco, uma atração de cinema quando o assunto é highlight. Você já deve ter visto ele numa madrugada perdida no SportsCenter americano de sábado para domingo. Tackle é seu forte e ele não esconde sua paixão pelo contato nesse aspecto. Reação e velocidade são outros dois pontos positivos. Cine pode aparecer no segundo dia muito por conta dessas virtudes, mas o problema que não lhe faz ficar mais alto nas projeções é o outro lado do paraíso. Sua agressividade custa caro em alguns lances quando a leitura é errada no pré/pós-snap. A baixa velocidade na mudança de direção faz com que esse erro muitas vezes seja potencializado. Uma comparação bem justa para ele em nosso Top 5 é com Von Bell, ex-Saints e atualmente em Cincinnati.
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Como visto, há safeties de todos os tipos. Tem os que são ótimos no jogo aéreo mas que em alguns momentos deixam a desejar no jogo terrestre. O oposto se aplica também, bem como temos safeties bem diferentes em Daxton Hill e Jaquan Brisker, a ver quem vai sair na primeira rodada: um deles, os dois ou nenhum? Há times que podem ir atrás de ambos no final do Dia 1, como Dallas e Kansas City.
O que não muda, porém, é que Kyle Hamilton é disparado o melhor da classe e entre os que listamos acima, o que chega mais pronto e com mais versatilidade. Entre os jogadores da posição, parece ser o único capaz de mudar a sina da posição, que normalmente não recebe tanto valor na primeira metade da primeira rodada e que não conta com um calouro defensivo do ano há 30 anos.













