Pela primeira vez desde 1997 um quarterback não demorava tanto para ser escolhido. Na ocasião, o San Francisco 49ers tentou achar um potencial sucessor de Steve Young em uma classe abaixo da média. Jim Druckenmiller foi apenas a 27ª escolha, 7 a mais do que Kenny Pickett neste ano. Os únicos probowlers na posição vieram na segunda rodada, em Jake Plummer, e em Jake Delhomme, não draftado. Era uma classe considerada fraca, como esta e outras mais.
Pensando em um período mais recente, tivemos em 2022 a pior classe de prospectos na posição de quarterback desde 2013, quando E.J. Manuel foi o único quarterback draftado na primeira rodada. Nessa hoje longínqua era pré-Josh Allen, o time ainda estava desesperado para encontrar uma solução na posição e tentar bater Tom Brady e o New England Patriots.
Já aconteceu antes e já aconteceu por motivos parecidos. Não quer dizer que esta classe não vai produzir nada que preste. 2013 não produziu, é verdade, mas 1997 teve seu bom exemplo. Em 2000, Chad Pennington demorou para ser escolhido e foi o primeiro quarterback a sair naquele ano. Foi um bom quarterback na NFL, embora lesões tenham lhe atrapalhado. Como grande feito, foi o único quarterback não chamado Tom Brady – seu colega de classe em 2000 – a vencer a AFC East até que Josh Allen conseguisse o feito. Então, a chance de alguém de 2022 dar certo existe. Dito isso, vamos aos motivos da queda.
1- A classe é fraca, simplesmente isso: Começando com o principal: se houvesse bons prospectos, sendo direto, eles seriam escolhidos. Foi assim em classes um pouco mais fracas, como 2014 com Blake Bortles, Teddy Bridgewater, Johnny Manziel e Derek Carr (com este sendo escolhido apenas na segunda rodada), eles saíram. Kenny Pickett tinha como virtude ser o quarterback com o “piso” mais alto. Ou seja: é o mais pronto para começar uma partida e pode literalmente ser o único a ser titular em 2022.
2- Run-Pass Option ajuda os quarterbacks, mas dificulta a avaliação: Ver o tape de Matt Corral (Ole Miss, agora Panthers) e Sam Howell (North Carolina, agora Commanders) era uma missão um tanto quanto difícil. Os dois times basicamente rodavam RPO (Run-Pass Option) e nada más. Nesse tipo de jogada, o quarterback lê a defesa logo após o snap e escolhe se entrega a bola para o jogo terrestre ou se rapidamente passa a bola. O trabalho no pocket, a progressão, a antecipação… São menos exigidas. Se o são, menos temos como avaliar esses traços, nos quais os jogadores tendem a chegarem mais crus na NFL. O valor deles acaba caindo.
3- O projeto é muito projeto: Tivemos apostas em anos anteriores com caras que tinham potencial atlético. JaMarcus Russell, Patrick Mahomes, Kyle Boller, Josh Allen, os exemplos são muitos. Alguns deram certo, outros deram bem errado. Neste ano, a aposta do diamante bruto era Malik Willis, quarterback de Liberty. O problema é que ele chegava ainda mais cru do que Mahomes e Allen, os dois exemplos recentes que deram certo. Para completar, jogou numa universidade com competição menor do que a desses outros exemplos. Willis tem potencial de braço forte e velocidade correndo. Só. Não fazia progressão, sua produção vertical basicamente era em rotas go. É o diamante cru mais cru que já tivemos em alguns anos.






