4 Descidas: Quanto vale Lamar?

Lamar Jackson é o próximo a renovar dentre os jovens quarterbacks, mas existe um grande ponto: ele não é como qualquer outro quarterback, dado que ninguém corre tantas vezes por jogo como ele. Na coluna desta semana, analisamos essa situação e ainda falamos sobre mudanças que o ataque dos Chiefs deve ter em 2022

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui. 

1st and 10: Quanto vale Lamar Jackson?

Com Sam Darnold, Baker Mayfield e Josh Rosen como cartas fora do baralho em seus “times originais” e Josh Allen já tendo renovado, resta apenas um contrato de calouro entre os principais quarterbacks da famosa classe de 2018: Lamar Jackson. Normalmente, falamos que o próximo quarterback é sempre o mais bem pago, mas neste caso de Lamar acontece algo um tanto quanto curioso: para o bem ou para o mal, Lamar é um quarterback diferente. Em todos os sentidos.

Para o bem, alguns pontos. A idade. Nessa altura do campeonato, você já deve ter ouvido falar que Lamar é um mês mais novo que Joe Burrow, quarterback que entrou na NFL dois anos depois dele. Ainda, Jackson tem como um grande ponto positivo o rótulo de ter sido MVP no segundo ano de sua carreira. Tomando a NFL de assalto com o recorde de mais jardas corridas por um quarterback na história da liga em apenas uma temporada, o camisa 8 ainda teve como trunfo a liderança em passes para touchdowns naquela temporada. Ainda como grande ponto positivo, vale a lembrança que Lamar é um jogador como poucos.

Para o mal, alguns pontos. Declínio de produção – ou regressão à média – naturalmente aconteceria depois do tornado que fora a temporada de 2019. As defesas adaptaram-se a Lamar com algumas estratégias interessantes, como evidenciado no Thursday Night Football da temporada passada contra o Miami Dolphins. A então equipe de Brian Flores enviou várias blitzes de defensive backs e Lamar pouco fez contra isso. Contextualiza-se que o corpo de recebedores de Jackson passa longe de ser acima da média e que o miolo da linha ofensiva de Baltimore teve problemas no ano passado. Mas, mesmo assim, a leitura depois do snap é algo que Lamar precisa melhorar para as próximas temporadas.

Um grande ponto na estimativa contratual de Lamar Jackson reside justamente em seu estilo. Ele corre mais do que qualquer outro quarterback e não tem nem comparação. Desde 2019, é o único quarterback que passou das 400 carregadas – mais de 100 do que o segundo colocado. Como contraste, Taysom Hill nesse período teve 177 carregadas e basicamente só entrava em campo para correr. Isso é cerca de 35% do que Lamar teve, 468.

Quando pegamos os números por jogo, Lamar também corre muito mais do que os companheiros. São 11 carregadas por jogo, quase cinco a mais por partida do que a média de Jalen Hurts e Kyler Murray, o segundo e terceiro colocado da lista. Então imagine, fechando os olhos: Hurts e Murray correm bastante com a bola, certo? Praticamente dobre isso e você terá o quanto Lamar corre por jogo.

Claro que isso tem um ponto positivo, a produção ofensiva que Jackson tem e que o ataque terrestre de Baltimore, idem. Mas em termos contratuais, é um fator. Dar dinheiro garantido para Lamar é um risco, dado que ele pode se machucar e com isso ficar fora de combate – ao passo que o dinheiro garantido tem que ser pago da mesma forma. O paradigma de Deshaun Watson, com 5,5 corridas por jogo, é interessante. Claro que Watson recebeu um contrato quase-que 100% garantido para evitar que o dinheiro fosse confiscado ao estilo Plano Collor no caso de uma suspensão pela NFL. Mas ao mesmo passo, foi uma barganha interessante para que Cleveland “vencesse” o leilão da troca, cujo martelo estava nas mãos da entourage de Deshaun.

Sobre o paradigma, Lamar não quis fazer comparações. “Não me preocupou com o que os outros ganham”, disse[foot]via ESPN.com[/foot]. A questão é que o contexto de Cleveland-Deshaun era completamente diferente daquele que os Ravens têm com Jackson. Não trata-se de um leilão, não existe a necessidade de uma barganha desse tipo nem nada do jeito. A grande questão no contrato do camisa 8 não será a média salarial como normalmente falamos, mas a porcentagem do dinheiro garantido.

O paralelo interessante, portanto, não é com Watson ou nenhum outro quarterback que possa passar pela sua cabeça. É com Josh Allen. Pegando exclusivamente a temporada passada, Allen teve 7 carregadas por jogo. Isso foi feito por Chico Barney Brian Daboll muito para compensar o pedestre jogo corrido de Buffalo e deu bastante certo. Allen tem um contrato de 250 milhões, sendo praticamente 60% garantidos. Lamar precisa brigar por uma fatia maior desse dinheiro garantido em seu contrato, ainda que os números sejam levemente inferiores aos de Allen.

Dando um exemplo: que o contrato seja de 6 anos e 240 milhões – 18 milhões a menos do que o de Allen e com uma média de 40 milhões, inferior à média de Rodgers, Mahomes, Allen, Watson e levemente inferior à de Carr. O que importará para o futuro financeiro de Lamar, na verdade, é a porcentagem do garantido. Se ele conseguir 70% desse dinheiro sendo garantido, 168 milhões de dólares, seria uma tremenda vitória. Ainda que pareça que não, dado que a média anual seria menor que a de cinco outros quarterbacks incluindo Derek Carr, alguém que certamente está abaixo de Lamar Jackson em qualquer ranking que você queira fazer.

Jackson apresentou-se aos minicamps obrigatórios de Baltimore, mostrando boa vontade para que as coisas se resolvam. Depois da excelente intertemporada que o time fez, renovar com Lamar em termos que sejam bons para ambas as partes é questão de tempo e a cereja do bolo para que a equipe de Maryland volte de vez para as cabeças em 2022.

2nd and 5: Mahomes baixa a guarda

Soberba, em minha opinião, foi o que melhor definiu a temporada do Kansas City Chiefs e vários dos momentos do time e de Patrick Mahomes. Quis o destino que a chave que fechasse a temporada tivesse a mesma palavra marcada com listras ao melhor estilo do capacete do Cincinnati Bengals. Em cobertura dupla e na prorrogação, Mahomes forçou mais um passe como tantos que fizera em 2021. O resultado foi uma interceptação que selou a Conferência Americana.

“Aquele segundo tempo não foi bom futebol americano, pior o pior futebol americano que tive num jogo de pós-temporada”, disse Mahomes. “Então, estou tentando usar aquilo para aprender que quando eu estiver passando por dificuldades ou o time passando por dificuldades, que consigamos jogadas positivas, porque quando você tem uma liderança como aquela você não quer perdê-la”, completou. A declaração de fato é uma demonstração de humildade um tanto quanto necessária para o time em 2022. Com uma AFC West mais forte do que qualquer divisão na história da NFL recente, bobear como o time fez em várias oportunidades não pode ser o caso.

Um bom exemplo vem de ontem, no jogo 6 das finais da NBA. Em vez de chutes estúpidos de três, por várias vezes Steph Curry infiltrou e foi para a bandeja. Foram pontos importantes para que o título viesse para os Warriors. Que Mahomes tenha visto isso. O sistema tático dos Chiefs, de toda forma, parece que irá abraçar um futebol americano menos kamikazes. A escolha de Skyy Moore no Draft e a não renovação com Tyreek Hill parece demonstrar algo mais cadenciado, pegando o que a defesa lhe dá – mais ou menos o que acontece com Matt LaFleur em Green Bay.

3rd and 2: Nada de novo no Reino da Dinamarca

Para quem esperava alguma novidade em Cleveland ou San Francisco, continuamos na mesma. Jimmy Garoppolo e Baker Mayfield não foram trocados, na medida em que boa parte dos times que eram carentes na posição se resolveram e, bem, eles estavam se recuperando de lesão. Essa recuperação poderia ser impeditivo em trocas para meses anteriores, dado que ambos possivelmente não passariam em exames físicos.

Para cortar Garoppolo, a situação é mais amigável. A economia passaria de 20 milhões. No caso de Baker, é mais complicado. Como seu contrato é de calouro, um corte importaria em pagar praticamente tudo o que lhe é devido em 2022. Uma troca limpa esse dinheiro. Então pode ser que Cleveland segure Mayfield o quanto der – isso se ele aparecer no CT em algum momento nos próximos meses, porque absolutamente não há clima para tanto.

4th and 1: Prévias vindo por aí

Aproveitando a última descida ao melhor estilo Brandon Copo Staley para lembrar que tal como em anos anteriores, o ProFootball segue com as prévias da temporada e elas já começaram a ser planejadas por nós. 32 times, 32 textos com tudo o que você precisa saber. Nenhuma equipe será deixada de fora de nosso escopo detalhista para tentar imaginar como cada uma jogará nesta temporada e as aspirações de cada franquia.

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