Nesta altura do campeonato você já deve ter ficado diante de algum post em rede social que nos elucidava que Aaron Rodgers torcia para o San Francisco 49ers quando criança. Ou talvez mais além: que o time tinha a primeira escolha geral do Draft e seu coordenador ofensivo preteriu Rodgers por Alex Smith.
Com certeza você já deve ter ouvido falar da história, porque ela já foi explorada à exaustão. O coordenador ofensivo era Mike McCarthy, hoje head coach dos Cowboys e antes, head coach do Green Bay Packers – onde herdou Rodgers como quarterback. Segundo um dos muitos boatos sobre o relacionamento dos dois, que azedou de vez em 2018, Aaron nunca superou o fato de McCarthy ter-lhe preterido.
Em 2018, tudo foi torpedeado no Wisconsin. Os Packers preferiram Rodgers. McCarthy foi para a ilha dos brinquedos quebrados, onde supostamente se especializou em analytics – ou disse o tanto até Jerry Jones acreditar e lhe dar uma chance após a mais tardia do que devia demissão de Jason Garrett.
Dois MVPs e frustrações em playoffs para os dois lados depois, os mundos se colidem de novo. Em momentos, quem diria, totalmente diferentes e opostos.
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“Sou grato pelos incríveis momentos, os pontos altos, foram muitos deles, e mesmo grato pelos pontos baixos, porque isso te dá uma perspectiva na vida”, disse Rodgers. A vida não é só sobre os pontos altos, são nos baixos que você mais aprende”, disse Rodgers sobre seu tempo com McCarthy. Juntos, eles têm a única ida e título da franquia neste século. Bem menos do que se espera de um quarterback que se acostumou a se esperar cada vez menos da temporada 2022.
A vida não é só sobre os pontos altos, são nos baixos que você mais aprende
Os Packers estão mergulhados numa absoluta crise. O corpo de recebedores é um dos piores da liga, a linha ofensiva não está nem remotamente lembrando as dominantes unidades de anos anteriores e por tabela, o jogo terrestre perdeu eficácia. A defesa tampouco tem seus pontos fortes, ainda mais depois da lesão de Rashan Gary. A unidade é uma várzea contra a corrida.
Ao falar com a imprensa nesta semana, Mike McCarthy chegou a se emocionar. “Tudo, das pessoas”, respondeu ao ser perguntado sobre o que sente falta de Green Bay. “Nossas crianças nasceram lá, cresceram lá […] sinto falta das pessoas”, completou.
Aaron Rodgers vem de um dos piores jogos da carreira, com 3 interceptações contra Detroit (todas na red zone)
É nesse clima de reencontro de amigos de faculdade que Rodgers e McCarthy irão se abraçar depois do jogo de domingo. O vitorioso e o derrotado, em caminhadas distintas pelo resto do ano. Os Packers têm apenas 5% de chance de playoff. Em caso de derrota, de acordo com o FiveThirtyEight, esse número cai para 2%, Os Cowboys, por sua vez, têm 21% de chance de ganhar sua divisão. Com derrota, esse número cai para 10% – até porque já perderam a primeira partida contra um Philadelphia Eagles ainda invicto e com 8-0.
São mundos diferentes. Um time na caça do título da divisão. O outro, na caça de não ruir em 2022. São mundos bem distintos daquele que tínhamos no início da temporada. Mike McCarthy era assombrado com Sean Payton no mercado, já sendo novo head coach dos Cowboys na Austrália. Rodgers, com a perspectiva de se aposentar com um título do Super Bowl LVII.
“Sempre estivemos em contato, um pouco mais desde o último ano”, falou Rodgers sobre os dois. Nesta semana, óbvio, não devem estar tanto. Green Bay precisa pensar como evitar Micah Parsons e uma secundária que vem forçando turnovers. Os Cowboys são oitavo neste ano depois de liderar a NFL no quesito no ano passado. Rodgers, por sua vez, vem de três interceptações na red zone.
Para piorar as coisas, Tony Pollard tem 8,23 jardas por carregada desde a Semana 7. Sua explosão pode ser demais para a frágil defesa terrestre de Green Bay aguentar. Pior; Dallas pode dinamitar o cronômetro com autoridade nesse jogo fora de casa. Com quarterback e ex-técnico, técnico e ex-quarterback em mundos distintos e opostos do que imaginávamos em agosto, a ironia da temporada 2022 da NFL mais uma vez mostrou suas cartas.
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