Tal qual bem definiu Mano Brown, uma lágrima “cabe em um olho e pesa uma tonelada”. No Draft, mais uma vez ficou evidente o peso todo que escorre dos olhos dos jovens prospectos ao ouvirem seus nomes sendo chamados no palco: é como se 1000 kg estivessem dentro do seu olho, sendo inevitável que o choro escorra pelo seu rosto. Rosto esse, hoje muito conhecido e badalado, em especial dos recrutados no dia 1: empresários, torcedores e imprensa, todos sabem quem está ali.
Contudo, nunca é apenas um nome chamado ou um momento: todos têm uma história por trás daquele instante e, tal qual nós em nossas vidas privadas, ela passa longe de ser gloriosa e composta apenas de bons momentos. Para cada boné colocado na cabeça de um jogador que se torna profissional, uma família que lutou para sobreviver em muitos momentos. Para cada clique que hoje estará nas matérias em sites especializados, uma rotina de incertezas, abdicação e muita luta.
Não dá para olhar para o choro de C.J. Stroud – segunda escolha geral, selecionado pelo Houston Texans – sem pensar em toda trajetória do garoto de 21 anos. Seu pai, que desde jovem teve problemas com drogas, acabou se envolvendo no mundo do crime e condenado a 38 anos de prisão. Restou à sua mãe criar os 4 filhos e com o dinheiro curto, chegaram a viver num depósito. Quando o nome de Stroud é anunciado, ele não leva para o palco apenas o sonho de ser um jogador de futebol americano, um astro. Ele leva a certeza que valeu a pena e que de agora em diante, sua família terá uma vida melhor.
https://twitter.com/NFL/status/1651748103492345857
A história de Stroud não é exceção. Dois anos atrás, o Pittsburgh Steelers selecionou o running back Najee Harris na primeira rodada: aos 12 anos, ele chegou a morar em um abrigo para pessoas sem teto. Histórias como essas, infelizmente, são comuns entre os prospectos, que veem no esporte uma chance de ter uma vida decente. Ao chegar na NFL, um mundo novo se abre para aqueles que por muitas vezes nem uma chuteira para calçar tinham.
No meu trabalho, críticas a alguns desses nomes fazem parte: por vezes vou falar que fulano não deveria ter sido escolhido tão alto, que ciclano é um jogador que não deve ser titular na NFL, etc. Faz parte, nem todos realmente terão sucesso na liga, o maior funil competitivo do esporte. Contudo, quando desligo a chave da profissão, todos têm minha torcida. Já são vencedores, apenas por chegar na NFL, mas mesmo assim é sempre válido lembrar: não é apenas um nome, tem muita história por trás.
Para saber mais:
🔒 5 maiores barganhas do Draft 2023
🎙️ 36: O Draft 2023 está nos livros de história!
🔒5 melhores Drafts de 2023







