É bem verdade que a gente falou na segunda-feira sobre como o Buffalo Bills faz as mesmas coisas há bastante tempo e espera resultados diferentes, mas uma coisa é falar isso depois de um jogo, outra é explorar a inércia do time de modo geral. Antes favoritaço na conferência junto de Kansas City Chiefs e Cincinnati Bengals, hoje a equipe de Josh Allen perdeu muito de sua força e status – como consequência, precisa de dias nucleares de seu quarterback para bater de frente com o topo da AFC.
Após a derrota para os Chiefs naquela semifinal de conferência em 2021, o time foi ao mercado e trouxe vários bons jogadores para executar a Missão Kansas City com sucesso – o problema nos playoffs esteve nos coordenadores e nos péssimos planos de jogo executados. A última offseason foi bem menos produtiva: jogadores importantes saíram, necessidades não foram sanadas de forma devida e o resultado está claro na primeira metade da temporada: o risco de ficar de fora dos playoffs é bastante real.
O ataque move a bola – mas não finaliza
Na teoria, é um ataque de elite. O time está em terceiro no ranking de mais jardas por jogada, com 5.9, atrás apenas de Miami Dolphins (7.1) e San Francisco 49ers (6.3). Além disso, é o quinto com mais pontos por partida (26.7) e jardas por partida (370.2). Com Josh Allen tendo mais um ótimo ano, o time consegue imprimir bom volume ofensivo e supera bem as defesas adversárias ao longo dos jogos.
Só que esse time está com um problema recente bastante preocupante: a falta de eficiência na red zone. Se pegarmos os números de toda a temporada, os Bills marcam touchdowns em 68,5% das vezes que chegam na linha de 20 jardas, a terceira melhor marca da liga; se isolarmos as últimas três semanas, esse número despenca para 54,55%, apenas a 17ª. Stefon Diggs é um dos jogadores mais acionados nessa faixa do campo e Dalton Kincaid também é uma opção por ali, porém o time precisa de mais.
Quando Buffalo decidiu não ir atrás de um wide receiver na offseason, depositando fé em Gabriel Davis depois de um péssimo 2022 (9 drops, 5º maior número entre wide receivers), o time apostou na continuidade de um jogador que foi prejudicial na última temporada. Faltou adicionar uma opção mais confiável para tirar o peso de Diggs e focar Davis como um jogador para big plays, onde ele tem sua qualidade. Se as equipes adversárias dobram Diggs na red zone, complica muito, especialmente com uma menor utilização de Josh Allen como corredor.
Outro ponto questionável no ataque é que Ken Dorsey foi mantido como coordenador ofensivo. Um ataque bem pouco explosivo em 2022 e que dependia muito de Allen segurar a bola para encontrar passes verticais continua sem criatividade ou balanço – Trent Sherfield é o recebedor do time com maior média de jardas após a recepção, com parcas 5.3 e apenas a 30ª maior marca da NFL. A fórmula ofensiva continua ganhando jardas, deixando a desejar em criatividade, deixando a desejar em anotar pontos e prejudicando toda a equipe no geral.
É o preço que o time está pagando por sua inércia na offseason.
Elenco envelheceu – Buffalo Bills perdeu a janela
E essa inércia não está restrita ao ataque. Quando derrotados pelos Chiefs em 2021, chegaram Von Miller, DaQuan Jones, Rodger Saffold e mais alguns bons jogadores para profundidade (embora a gente já alertasse para a falta de um segundo recebedor confiável com a saída de Emmanuel Sanders). Com a derrota para os Bengals, a única reposição para as saídas do time foi a chegada de Connor McGovern no lugar de Saffold, não sendo lá uma grande contratação. Tremaine Edmunds foi embora, e a mesma necessidade de melhorar os alvos de Josh Allen se manteve mais uma vez.
E não só isso! Tre’Davious White, hoje machucado, já não tem um grande ano desde 2020. A linha ofensiva está envelhecendo e perdendo qualidade. Kaiir Elam, escolha de primeira rodada em 2022, foi listado como inativo em uma porção de jogos esse ano mesmo estando saudável. A perda de qualidade de quem já estava no elenco também está acontecendo diante de nossos olhos e as reposições não impressionam.
Pode ser que os Bills cheguem nos playoffs? É claro que sim. Josh Allen é um quarterback tão acima da média que pode carregar um time mediano para as cabeças, embora a sequência de títulos da AFC East esteja bastante ameaçada. Mas se você acha que esse time tem capacidade de brigar com os favoritos e está pronto para refazer a história dos últimos anos, eu tenho más notícias para você.
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