A discussão sobre pagar quarterbacks que não estão na prateleira de elite é sempre interessante. Processos como os de Dak Prescott, Jared Goff, Kirk Cousins e agora Tua Tagovailoa não são tão simples quanto as de “vamos renovar com esse quarterback” que acontecem com jogadores de patamares mais altos.
O Miami Dolphins está no relógio com Tagovailoa agora, e é uma das decisões mais difíceis baseado no corpo de trabalho do quarterback: um jogador que muito produz nas melhores condições, mas que deixa a desejar quando suas responsabilidades por um bom resultado são aumentadas. E é aí que mora o problema.
Quarterback não se dá em árvore
A primeira coisa que parte dessa discussão é que Tagovailoa jogou legitimamente bem em vários momentos em seus quatro anos de Miami Dolphins. Um quarterback com boa precisão nos passes de curta e média distância, que não é conhecido por tomar decisões ruins com a bola e que sabe rodar o sistema de Mike McDaniel de forma eficiente. Só essas coisas já fariam dele um passador digno de ser titular na NFL – sem entrar na discussão de ser elite e do que ele merece, neste momento.
Estes foram os números de Tua Tagovailoa nos quatro anos de NFL até então:
Existe uma evolução sensível do quarterback nos dois anos com Mike McDaniel tanto nas estatísticas quanto no nível dentro de campo. Quando saudável, Tua é um jogador bastante eficiente com McDaniel – o problema é que são muitas as variáveis positivas para chegarmos até essa eficiência.
Repare, por exemplo, na aba de jogos que Tagovailoa participou ao longo de sua carreira – 2023 foi a única temporada em que ele esteve em todos os jogos. Suas concussões e seus problemas físicos são tópicos bastante conhecidos nas discussões aqui no Pro Football. Ser um quarterback durável é um dos atributos mais importantes na NFL.
Tagovailoa não teve números horríveis, porém também passou longe de ser um grande jogador quando não tinha um gênio ofensivo resolvendo tudo na sideline. Mesmo sendo uma escolha de top 5 de Draft, fica a sensação de que muita coisa dá certo quando o ambiente ao seu redor está perfeito e que, quando o nível individual precisa ser maior (como na derrota para o Kansas City Chiefs no Wild Card), ele não é capaz.
Tudo isso te lembrou alguém? Não se preocupe – é provavelmente a comparação mais exata, mesmo. Jared Goff disparou em números com Sean McVay nos Rams, no entanto, ficou claro que o time precisava de algo a mais (e conseguiu) se quisesse brigar por títulos. Os Rams tomaram uma decisão de grande importância e acertaram. O problema é que não existe um Matthew Stafford disponível no mercado a cada ano.
Olhando pelo lado do investimento financeiro
Já que Goff é a comparação mais parecida, vamos fazê-la também pelo lado do dinheiro. Quando assinou sua extensão contratual em 2019, ele ficou oficialmente sob contrato por seis anos e 161 milhões de dólares, o que representava uma média anual de 26,8 milhões de dólares e 14,2% do cap de 2019 – não é a comparação perfeita aqui por várias ramificações de cap, mas funciona como parâmetro.
Se Tagovailoa recebesse uma média anual de 14,2% do salary cap de 2024 (255,4 milhões), o valor seria de 36,2 milhões. Eu até argumentaria aqui que o valor seria justo e aceitável, mas é importante notar que não existe a menor chance do quarterback assinar por esse valor. Tagovailoa vai exigir, no mínimo, algo na casa dos 50 milhões de dólares – o mercado de quarterback se alterou totalmente, a utilização do cap é outra e, claro, alguns contratos recentes puxam esse valor pra cima – Kirk Cousins, muito mais veterano e vindo de lesão grave, recebe 45 milhões.
Gastar muito dinheiro num quarterback que precisa de muita coisa para funcionar não é algo indicado, e isso fica ainda mais acentuado quando os Dolphins colocam na balança os problemas físicos que ele enfrentou. Obviamente, se você investe muito num lugar, sobra menos dinheiro para os outros – como seria Tagovailoa sem tantas estrelas ofensivas é uma questão importante e que deságua na questão de precisar que ele apresente mais individualmente.
Pode acontecer? Sim. Mas neste momento, não existe razão pra crer nisso.
O que os Dolphins devem fazer – e o que eu faria
Francamente, eu não acho que seja uma decisão inteligente pagar Tua Tagovailoa num contrato caro e de longo prazo. O médio prazo (3-4 anos com um último ano de fácil saída) seria o ideal para a franquia, todavia, um acordo só é um acordo quando os dois lados concordam com os termos. Tua sabe que alguém estará disposto a dar esse contrato a ele, sendo elite ou não, sendo durável ou não – quarterback não dá em árvore.
Agora, é fácil falar da cadeira do meu computador. O máximo que vai acontecer é algum leitor que discorda me mandar mensagem. Não tenho a pressão de Chris Grier e Mike McDaniel na tomada desta decisão e não é o meu emprego que está na reta. Essa pressão é restrita a eles, e novamente, não é sempre que aparece uma oportunidade do nível Matthew Stafford Saindo Do Detroit Lions. A decisão pelo lado deles é muito mais complicada, especialmente se não forem capazes de encontrar um substituto adequado.
Acredito que, no fim das contas, os Dolphins vão acabar renovando com Tua Tagovailoa. Pode não ser a melhor das decisões, porém é a mais sensata e adequada. O time precisa brigar por menos segurança no fim do contrato para o jogador, só que Miami dificilmente tem uma opção melhor. A negociação vai se arrastar, veremos declarações falsas de “sempre quisemos ele aqui” e “vemos ele como nosso futuro”, todavia, no apagar das luzes, no frigir dos ovos, no último ato da peça, acho que Tua Tagovailoa vai se manter o quarterback do Miami Dolphins.
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