O Green Bay Packers foi uma das melhores surpresas de 2023 com méritos. Com o fim definitivo da era Rodgers e o primeiro ano de Jordan Love como titular, a franquia começou mal a temporada regular, mas se reergueu na reta final: Love e o elenco melhoraram no todo, se classificaram para os playoffs, venceram com autoridade um favoritíssimo Cowboys fora de casa (e jogaram mais pimenta na crise em Dallas, mas isso é outra história) e só caíram para os 49ers por detalhes. Para um dos elencos mais jovens da liga, a temporada passada foi um sinal positivo para o futuro.
Contudo, passado é passado e a história para 2024 será outra. Hoje, os Packers não são os favoritos na NFC North: o Detroit Lions continua forte e, no papel, é o melhor time da divisão. Do outro lado, os Bears se reforçaram com Caleb Williams & amigos e promete fazer barulho também. Isso sem contar com os Vikings: Justin Jefferson está por lá ainda (e de contrato novo) e já é o bastante para preocupar os rivais. O elenco é jovem e promissor, mas isso é suficiente para ir de novo aos playoffs? É o suficiente para se tornar uma equipe temida na NFC de novo? São perguntas que a franquia precisará responder a partir de setembro.
Os Magrinhos de Green Bay
É maldade comparar o ataque dos Packers com um (lendário) grupo de funk da Furacão 2000? Pode até ser, mas existem dois fatores impossíveis de se negar sobre eles: 1) a produção tanto de Jordan Love, quanto dos seus recebedores, foi acima do esperado em 2023 e 2) este ataque não tem um wide receiver n°1 e, à princípio, parece não ter problemas com isso. No entanto, tudo é lindo no papel: quando chega na hora do jogo e no vale-tudo, tudo pode ir para os ares em segundos – e pode custar uma vaga de pós-temporada lá na frente.
Antes de começar a tese, um adendo: ter um recebedor diferenciado é ótimo, mas nem sempre um WR1 é garantia de que você terá um ataque performando bem na pós-temporada. Os últimos anos dos Packers provam isso: em 2021, último ano de Davante Adams na franquia, ele teve 123 recepções, 1553 jardas aéreas e 11 touchdowns durante a temporada regular. Já os seis outros wide receivers do time na época tiveram somados 117 recepções, as mesmas 1553 jardas aéreas e 15 TDs. Segundo o Pro Football Reference, Adams sozinho foi o responsável por 51% das recepções e metade das jardas aéreas entre os wide receivers em 2021.
Já o grupo de 2023 teve números gerais um pouco abaixo, mas nada tão brusco em comparação a dois anos atrás: somando os sete, foram 229 recepções, 2891 jardas aéreas e 27 touchdowns. Jayden Reed e Romeo Doubs foram os líderes no grupo, mas a produção dos dois foi parecida: 64 e 59 recepções para cada um, 793 e 674 jardas aéreas e ambos com oito TDs cada. Porém, a produção de outros recebedores, como Dontayvion Wicks e Christian Watson, também não foi muito diferente.
Não existe fórmula de bolo perfeita na NFL e a montagem do ataque nas últimas duas temporadas por parte dos Packers é bastante louvável. Com erros e acertos, o time soube investir em bons jogadores no draft e que produziram de imediato: para além dos nomes acima, Green Bay encontrou uma ótima e promissora dupla de tight ends em Tucker Kraft e Luke Musgrave. Na linha ofensiva, mesma história: Zach Tom e Rasheed Walker foram achados em recrutamentos recentes.
Isso é reflexo também do trabalho da comissão técnica e da diretoria: quantas franquias na liga conseguem isso com frequência e certa consistência? Contudo, quando analisamos o elenco, é difícil apontar uma “estrela”. Na defesa, você encontra Jaire Alexander, Preston Smith, Kenny Clark e até Rashan Gary. Mas quem é a estrela do ataque? Jordan Love, que teve um final de temporada excelente, porém que ainda precisa evoluir? Josh Jacobs? Christian Watson, se ficar saudável e virar o WR1 do time? São perguntas que, diante de um elenco tão jovem e em desenvolvimento, podem demorar mais tempo do que se imagina. A questão é se os Packers – e a torcida, em especial – terão paciência para esperar.
Matt, o Construtor
Entendo as críticas sobre Matt LaFleur, algumas decisões que ele tomou em partidas decisivas e (segundo as más línguas) em como sempre falta um algo a mais no seu plano de jogo – um tempero, um molho, um je ne sais quoi, etc. Porém, é inegável que ele é um técnico acima da média. Mais do que isso: ele continuou acreditando no projeto Jordan Love e os primeiros resultados foram vistos em 2023. No entanto, voltamos para a questão do “algo a mais”: se com um elenco mais estrelado em anos anteriores, os Packers bateram na trave, como eles vão dar passos maiores com um elenco de operários?
Se isso terá uma resposta concreta, ninguém sabe: o que sabemos é que temos mudanças na comissão técnica para 2024. Sai o eternamente criticado Joe Barry, entra Jeff Hafley como o novo coordenador defensivo da equipe. Com passagens por Tampa, San Francisco e pelo college, ele terá pela frente uma defesa jovem e com os talentos consagrados citados mais acima, mas que penou ano passado com lesões e contra o jogo terrestre: Green Bay foi uma das defesas que mais cedeu jardas pelo chão em 2023.
Os Packers surpreenderam em 2023 e tem bons jogadores no elenco para ir aos playoffs. Por mais que não tenha uma estrela definida no ataque, isso não significa que os operários não são capazes. Basta ter um Bob o Construtor como mestre-de-obras: ou melhor, na sideline.
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