Joe Burrow, o príncipe esquecido

A lesão e o desempenho oscilante em 2023 retiraram Burrow do patamar no qual ele se colocou nos últimos anos. Com a temporada se aproximando, é preciso recolocá-lo em seu devido lugar.

Burrow

É normal que nos esqueçamos de grandes jogadores que deixaram os holofotes um pouco de lado. Nós lembramos que eles existem, claro, mas colocá-los em seu devido patamar torna-se uma tarefa um pouco mais árdua. Joe Burrow sofre um pouco disso recentemente. Ele mesmo reconhece isso; há algumas semanas, disse que “quando não se joga futebol americano, é isso que acontece; se você não aparece, não lembram de você”. Não é por maldade: seu 2023 foi em um nível estranho em virtude da lesão, mas não é certo imaginar que isso vá se repetir – nem de perto.

Burrow foi o responsável por recolocar o Cincinnati Bengals de volta no mapa, levando a franquia a quase conquistar o grande troféu. O ano posterior ao vice-campeonato foi igualmente prolífico, batendo a final de conferência e firmando-se como um dos três melhores passadores de toda liga. Sua liderança, controle do ataque e talento técnico não podem ser deixados de canto por um ano “esquisito”. Não o conte fora das principais brigas neste ano.

A paciência leva à perfeição

É inegável que a falta de paciência foi crucial para a queda de produção de Burrow em 2024. Para um quarterback como ele, que possui um histórico de lesões considerável, qualquer indício de possível contusão precisa ser bem avaliado e planejado. A lesão na panturrilha que aconteceu na pré-temporada do último ano já devia ter acendido um alerta: vamos deixá-lo plenamente recuperado para não comprometer toda temporada. Não foi feito da forma correta.

Lesões na panturrilha prejudicam muito a firmeza da passada do quarterback e, consequentemente, sua precisão – uma característica positiva que Joe sempre carregou consigo. Ao tentar jogar baleado desde a primeira semana da última temporada regular, vimos os efeitos práticos dessa contusão; um passador impreciso e sem confiança que só arriscava, basicamente, passes curtos. O percentual de passes completos de Burrow em zonas médias e longas[foot]Entre 10 e 20 jardas, e para mais de 20 jardas, respectivamente.[/foot] saiu de 70% e 40% para 50% e 30%, respectivamente. Uma redução de quase 30% em ambas as distâncias.

Qual o diferencial, então, para este ano? Joe teve pleno tempo para se recuperar completamente – vale lembrar que ele também sofreu uma lesão no pulso em 2023. Recentemente, inclusive, em uma entrevista, disse que está pronto para iniciar a temporada em alto nível, ancorado por um processo de pré-temporada sem lesões. É preciso ter paciência para se atingir a perfeição; se quiser adiantar o processo, falhas acontecerão no meio do caminho. Para revitalizar o ano, partida inicial contra o New England Patriots, um dos times com pior predição para 2024. Nada melhor para devolver as devidas expectativas para Cincinnati.

Burrow saudável, Bengals favoritos

Com Burrow plenamente saudável, Cincinnati não só é favorito a vencer a sua divisão, mas a competir pelo topo da AFC. Vale lembrar, inclusive, que Joe é o único quarterback não chamado Tom Brady a derrotar Patrick Mahomes em terreno de pós-temporada. Um feito para poucos e que demonstra o quão talentoso e eficiente é o dono da posição dos Bengals.

Não coloquei príncipe no título à toa; quando Joe está em boa forma física, ele eleva o talentoso talento de Cincinnati a um dos melhores da NFL. A única intempérie que poderia atrapalhar um grande retorno na temporada seria a ausência de Ja’Marr, wide receiver com o qual Burrow tem conexão ímpar e que está fazendo uma pequena greve. O mais provável, contudo, é que ambos os lados cheguem a um acordo antes da semana um. Chase quer ser pago e merece isso, não deve ser um problema para os Bengals.

Protegido por excelente linha ofensiva – que ainda adicionou o promissor Amarius Mims – e com grandes playmakers ao seu lado, Burrow tem todas as ferramentas para ter uma espetacular volta por cima em 2024, como fez em 2022, quando chegou à grande final após se lesiona na metade de sua temporada de calouro. É um passador que domina as principais nuances da posição e, em seu mais alto nível, pode ser considerado o melhor passador da NFL que não é chamado Patrick Mahomes.

Como o mesmo disse recentemente, “está pronto para dar [bons] motivos para os fãs falarem dele neste ano. Está ansioso por isso.” Nós também estamos, Burrow. Nós também estamos.

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