Ainda não é o fim – mas ele está cada vez mais perto. Com a segunda semana da NFL se encerrando, uma notícia nem tão surpreendente veio à tona: Bryce Young perdeu o posto de titular para Andy Dalton. A partir da terceira rodada, a primeira escolha geral do Draft 2023 irá para o banco de reservas.
Os motivos para isso são muito claros. Desde que chegou à liga, é possível contar nos dedos de uma mão os momentos positivos de Bryce. Para falar dos negativos, nem se utilizarmos as duas, bastarão. Carolina sabe que não tem grandes aspirações nessa temporada, mas também precisa evitar que ela seja uma tragédia completa. Se não mostrar capacidade de ser um futuro promissor, não conseguirá sequer atrair atletas para fazer parte da equipe.
É um passo para trás para tentar arrumar a casa, protegendo seu jovem passador nesse processo. O que isso pode nos dizer sobre o futuro?
Um espelho quebrado
A decisão de Dave Canales vai além da parte técnica. Caso contrário, ele não diria que Young é “nosso quarterback” após a partida do último domingo para no dia seguinte colocá-lo na reserva. Isso não faria do treinador um bom gestor de grupo, pois quebraria a confiança de seu elenco. Ele está indo além; está pensando na parte emocional de seu jovem atleta.
Young via um belo reflexo seu no espelho nos tempos universitários de Alabama. Vencedor do Heisman, improvisador nato, um passador de encher os olhos e com estilo único – a seleção na primeira escolha geral não foi mero acaso, tampouco exagero. Boa parte disso, porém, passava pela capacidade mental de Bryce; ele era um quarterback que entendia bem o que estava acontecendo em campo, sabendo ler as defesas, lidando bem com a pressão e escolhendo os lançamentos certos. No entanto, fazer isso no conforto da melhor equipe do College Football é fácil. Quando se encara o nível da NFL, o desafio é muito mais difícil.
Hoje, Young vê seu reflexo em um espelho totalmente trincado. Sua cabeça está fragmentada. Ele é incapaz de entender o que as defesas lhe apresentam, tem tomadas de decisão terríveis e parece em outra rotação comparado ao ritmo das partidas. Com isso, tudo de bom que ele possui desfalece em um piscar de olhos. Bryce é um alvo frágil e, como não consegue vencer pela parte mental, está sendo engolido no nível profissional.
Já não é mais um caso de “criar casca” com a vida real. Ele já teve partidas de sobra de experiência e não há progressão – pelo contrário, há um regresso. É por isso que ir para o banco, agora, é a melhor alternativa.
Tentar se reconstruir longe do caos
Ao ficar por um período no banco, Bryce vai ganhar uma última oportunidade de tentar refazer sua carreira. Longe dos holofotes e dos melhores piores momentos de cada rodada, ele poderá tentar se refazer mentalmente, para demonstrar à franquia o motivo pelo qual ele foi a primeira escolha geral do Draft do ano passado. Sabemos que o talento existe, mas Carolina também não pode esperar para sempre.
Ele precisará pegar caco por caco de seu espelho na tentativa de reaver seu reflexo. Não será igual. Haverá marca visíveis que ele nunca mais esquecerá. Mas isso também é importante, para que ele saiba onde precisa ser refeito. Longe dos efeitos de uma equipe mal formulada, ele poderá recomeçar. Não será nada fácil. No entanto, nem pode ser. Ser um passador titular da liga – com o adendo de carregar o fardo de ser uma primeira escolha geral – é uma tarefa árdua. É preciso ser moldado no fogo.
Bryce, todavia, amoleceu. Precisará esfriar um pouco e aprender do zero com Canales para não repetir os mesmos velhos erros. Os Panthers não podem mais esperar. Dalton é uma opção para diminuir o número de turnovers e dar à equipe mínimas chances de vitória, enquanto Young esquenta os motores para retomar a titularidade com uma situação mais aprazível.
De qualquer forma, será sua última chance. Os Panthers podem aceitar um quarterback medíocre que está se desenvolvendo. Não podem aceitar um quarterback que é um dos piores da liga e está regredindo. Bryce ganha um pequeno respira para voltar com fôlego total. Se um grande diferencial de sua carreira sempre foi sua parte mental, não há hora melhor para provar isso.
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