Ótimos treinadores fazem a diferença em um bom grupo de jogadores. Há alguns meses, falamos sobre como essa fórmula faria do Minnesota Vikings um time competitivo já nesta temporada – na época, pensando em J. J. McCarthy como titular. Por isso não me surpreendo nem um pouco com a campanha (extremamente) positiva da equipe. Mesmo com Sam Darnold, Roberto? Mesmo com Sam Darnold.
É bem verdade que a lesão do calouro machucou o coração do fã que gostaria de ver seu passador do futuro em campo. No entanto, isso não foi negativo para a equipe como um todo. Darnold é um quarterback experiente e competente que sabe executar planos de jogo, caindo como uma luva no belo ataque de Kevin O’Connell. Some isso com uma defesa agressiva e bem treinada, e temos a fórmula de um time que dará trabalho para todas as equipes em 2024.
Os Vikings não necessariamente competirão entre as cabeças da NFC, mas já comprovam que não estão em um ano de transição. É uma equipe que competirá contra o mais forte dos oponentes de igual para igual – como o fez na segunda semana – e brigará por playoffs até a última rodada.
O contexto eleva o talento
Darnold não foi uma terceira escolha geral do Draft 2018 por mero acaso. Ali havia talento, só não nas condições ideais. Não quero eximir o passador, afinal, para se tornar um nome de elite na NFL você precisa ser capaz de superar as adversidades que aparecerão no caminho. Não dá para negar, contudo, que as duas franquias nas quais recebeu oportunidades como titular eram verdadeiros cemitérios na época: New York Jets (2018-20) e Carolina Panthers (2021). A sua mente foi dizimada, junto com sua confiança – quem não se lembra do famoso “eu estou vendo fantasmas“.
Tornou-se evidente que Darnold tem dificuldades em lidar com sistemas adversos e franquias bagunçadas. Ele não é o quarterback que chamará a responsabilidade e conseguirá lhe presentear com grandes vitórias se precisar fugir do plano de jogo. Mas e se o colocarmos no contexto contrário? Dê-lhe um bom sistema ofensivo, uma boa proteção, recebedores competentes e uma ótima defesa. O contexto eleva o talento.
O resultado foi visto nas duas primeiras semanas. Darnold não é um passador virtuoso, tampouco o homem que você quer comandando a linha de scrimmage. Você quer ele em um sistema no qual ele apenas escolha o recebedor livre, com conforto no pocket e com a defesa hesitante. Minnesota oferece esses pontos com perfeição, com o plus do sistema ofensivo de seu treinador, que aprendeu com Sean McVay a técnica de “seja amigável com seu quarterback”. Sam precisa pensar pouco e se preocupar “apenas” com a execução. Nesse contexto, fará de forma mais do que decente
Tem prazo de validade?
Neste momento, você deve estar se perguntando, então, quais são as brechas; afinal, parece um mundo de maravilhas. Hoje, as maiores dificuldades virão contra times que conseguirem melhor executar conceitos de pressão contra Minnesota. Se Darnold ficar fora do conforto ou tiver que se livrar da pressão com as pernas, a eficiência do grupo cairá. Quando pressionado, o quarterback vê sua eficiência em passes cair 50% e as jardas/tentativa em 60%.[foot]Fonte: Pro Football Focus[/foot]
Não será preciso esperar muito para observarmos isso. No domingo, no primeiro horário, a franquia recebe o Houston Texans, equipe que vem conseguindo pressionar muito bem o quarterback neste início de ano (Caleb Williams que o diga), inclusive com um velho conhecido de Minnesota, Danielle Hunter. Como Sam lidará com isso, mesmo em caso de uma eventual derrota, será o principal parâmetro para a franquia entender se a eficiência ofensiva veio para ficar ou se tem prazo de validade.
Nós já sabemos que a defesa da equipe seguirá como uma das mais agressivas da liga, sendo tempestuosa para a maior parte dos quarterbacks que não sabe lidar com pressão constante – é o DNA de Brian Flores e caiu como uma luva no time. Portanto, quem comandará o teto dos Vikings neste ano é a parte ofensiva.
Se Darnold continuar comandando o ataque com ótima execução, Minnesota será uma das equipes que chegará aos playoffs no final da temporada, ainda que a divisão seja um sonho distante, pensando no longo prazo. A fórmula de mover as correntes e contar com uma defesa agressiva sempre colhe ótimos frutos – e os Vikings têm o adicional, neste ano, de possuir uma tabela relativamente fácil. Contra algumas expectativas, a franquia segue trilhando um ótimo caminho para continuar sendo competitiva por muito tempo.
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