Não há motivo (ainda) para pânico no San Francisco 49ers

O começo ruim pode ser inesperado para a maioria, mas não significa que tudo está perdido. Os 49ers ainda são um dos favoritos ao Super Bowl: a diferença agora é a sirene de alerta começando a zunir em Santa Clara.

49ers

O Levi’s Stadium é São Januário e o San Francisco 49ers é o Vasco com seu ilustre painel: torcedores calma. O 1-2 não é motivo para desespero e muito menos para acreditar no colapso total da equipe nessa temporada. As derrotas para Rams e Vikings foram por placares apertados, além da própria equipe não ter jogado tão mal na mais recente.

Porém, isso não é justificativa para passar pano: as lesões de jogadores importantes impactam, mas o time não está jogando na sua potência máxima em nenhum setor. Ataque, defesa, special teams e até comissão técnica: ninguém está extremamente mal, só que ninguém está muito bem também. O sinal de alerta não está vermelho, porém já começou a zunir em Santa Clara.

Ressaca de Corote

Se você nunca experimentou um gole da bebida que tem mais álcool do que um posto de gasolina, sua vida certamente é muito próspera. Mas caso você esteja do lado inconsequente (como eu), sabe bem que, mais intragável do que beber qualquer sabor de Corote, é a ressaca que ele causa. É parecida com o que os 49ers vivem no momento: alguns estão estacionados no departamento médico, outros ainda recuperando o ritmo “normal” e outros – em outras palavras, a defesa – jogando bem abaixo. O resultado não poderia ser diferente: 1-2 de campanha.

Não é como se a lentidão nas primeiras semanas fosse incomum. Em 2022, o time começou 3-4 e no ano anterior, 2-4. No entanto, o começo lento ficou para trás quando a equipe chegou à final de conferência em ambas as oportunidades. Para além de uma ressaca de Super Bowl vigente, o que torna o início ruim de 2024 diferente dos outros pode ser explicado em duas coisas: 1) a defesa está jogando mal e 2) o time derrete no último quarto.

Antes, é bom ressaltarmos um fato importante: Nick Sorensen é o terceiro coordenador defensivo em três anos. Nunca houve tantas mudanças no posto durante a era Kyle Shanahan e, indiretamente ou não, isso reflete no desempenho da unidade. É comum ter começos mais lentos até, enfim, o coordenador defensivo implementar o seu estilo: vide o caso de Zach Orr em Baltimore, por exemplo. Porém, a lentidão está trazendo resultados nada agradáveis para os 49ers: a defesa é a terceira pior da liga contra terceiras descidas, cedendo 52,9% de conversões aos oponentes.

Para se ter uma ideia, nos outros sete anos de era Kyle Shanahan, a unidade nunca cedeu mais de 39% de média nessa estatística. Pior: hoje, San Francisco é a terceira equipe que mais cede pontos na defesa, com média de 6.1 pontos por jogada. Junte tudo isso a ausências notáveis por lesão – falaremos disso abaixo – e, tirando Fred Warner, outros jogadores começando a temporada abaixo do esperado que a receita para o problema está pronta. Mais do que isso: tem papel importante no segundo tópico.

Não é de ontem que os 49ers costumam derreter em últimos quartos depois de ter uma vantagem de dois dígitos. A derrota de virada no último minuto para os Rams é a mais recente. Depois de liderar o placar, o time deu vários tiros no próprio pé – field goal perdido, drops e etc – e ainda cedeu 13 pontos no último quarto para Stafford, Sean McVay e companhia (bastante) limitada. O resultado não poderia ser outro: 27-24, 1-2 de campanha e a quinta derrota de Shanahan onde sua equipe liderava por uma vantagem de dois dígitos. Em tese, essa lista não significa muita coisa, mas é aquilo: quando duas destas derrotas são no Super Bowl, a história se torna outra e a dor de cabeça, bem mais irritante.

A volta dos que não foram (ao campo)

Não tem jeito: as lesões são o principal fator para o San Francisco 49ers estar nessa situação. Christian McCaffrey, Deebo Samuel, Dre Greenlaw, George Kittle, Javon Hargrave: a lista é extensa. Alguns podem voltar mais cedo, como os próprios Deebo e Kittle. Outros, como Greenlaw, devem retornar no meio da temporada: vale lembrar que o linebacker rompeu o tendão de Aquiles no último Super Bowl. A grande questão aqui é peças importantes estão baleadas e suas ausências estão – e podem ainda mais – comprometendo a equipe.

Como se notícia ruim fosse pouca, Javon Hargrave rompeu o tríceps direito e vai perder o restante da temporada. Embora não seja um nome tão badalado na defesa, em três jogos ele teve oito pressões no quarterback adversário, além de ser o segundo do time nessa categoria e atrás apenas de Nick Bosa, com 12. Sua ausência é um baque enorme para o front, que ficará mais dependente de Bosa – que, apesar dos números bons, começou o ano abaixo do que se espera dele.

Do outro lado, a incógnita sobre a saúde de Christian McCaffrey permanece. O running back foi até a Alemanha procurar especialistas para tratar sua tendinite no tendão de Aquiles. Nesta semana, o próprio Kyle Shanahan deu declarações de que McCaffrey “está procurando toda a ajuda possível (…) e que estão tentando trazê-lo de volta aos gramados o mais rápido possível”. A previsão inicial é que CMC retorne aos gramados na semana 7, contra o Kansas City Chiefs. Enquanto isso, Jordan Mason vem dando conta do recado: contudo, San Francisco pode  nem sonhar em perder ele também, ou senão o seu backfield ficará em estado crítico.

O próximo confronto contra os Patriots é mais do que favorável para uma vitória e deixar a campanha 2-2. Porém, se o sinal de alerta ainda não tocou em Santa Clara, ao menos ele parece zunir bem baixinho.

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