Diante das 80 mil narrativas escritas pelo roteirista da NFL em 2024, talvez uma que esteja passando um pouco abaixo do radar – menos para a torcida, é claro – é o Green Bay Packers. Depois de Jordan Love se lesionar na primeira semana da temporada, parecia que tudo estava acabado. Porém, para a surpresa geral, os Packers conseguiram vencer com Malik Willis atrás do center. E quando Love retornou, o time venceu duas das últimas três partidas: a mais recente no último domingo, contra o Arizona Cardinals.
22 de 32 passes completados, 258 jardas passadas, 4 touchdowns (e uma interceptação, mas falaremos disso em breve). Jordan Love teve o melhor jogo dele na temporada, distribuindo bem a bola e encontrando seus recebedores com eficiência. Com o ataque azeitado e a defesa capitalizando turnovers, Green Bay começa a entrar firme na briga pela pós-temporada.
O amor é lindo (e meio alucicrazy)
No último texto de 5 histórias para ficar de olho, eu apelidei Cardinals e Packers como o Brett Favre Bowl: muito porque Jordan Love e Kyler Murray são bons quarterbacks, porém dão piripaques com certa frequência em seus torcedores – assim como um certo Hall of Famer. Para além do amor dos cabeças de queijos, Favre e Love são levemente parecidos em outro ponto: quando jogam bem, não tem quem os segure.
O jogo contra Arizona foi disparado a melhor atuação do quarterback em 2024. Se nos confrontos contra Vikings e Rams, principalmente, Love invocou seu lado favreano e equilibrou touchdowns com interceptações de sangrar os olhos, a história foi outra no último domingo. O quarterback dos Packers foi um maestro em campo: ficou seguro no pocket, distribuiu a bola e encontrou seus alvos com facilidade. Todo mundo apareceu no ataque: Jayden Reed (que saiu machucado depois), Tucker Kraft, Josh Jacobs, Emanuel Wilson, Christian Watson (com um TD belíssimo) e, principalmente, Romeo Doubs. O wide receiver retornou ao elenco após cumprir suspensão e não decepcionou: 49 jardas e 2 touchdowns. Até a interceptação da partida não foi totalmente na conta de Love: ele lançou a bola um pouco mais tarde que o ideal, porém foi mais um escorregão de Bo Melton do que um erro do quarterback em si.
É claro que falta (muito) talento na defesa dos Cardinals, mas é aquilo: se você quer brigar no topo na NFL, tem que vencer adversários fortes e amassar os fracos. Os Packers também fizeram isso no outro lado da bola. Apesar de não ter interceptações – para a tristeza de Xavier McKinney, que vinha com média de uma interceptação por partida -, a defesa forçou três fumbles para cima do ataque e limitou Kyler Murray ao máximo. Com exceção do field goal errado do kicker Narveson (que, diga-se, é bem ruim), Green Bay fez o dever de casa: controlou a partida o tempo todo e garantiu a vitória com uma bela partida de seu quarterback.
Ao longo dessas seis semanas, o Green Bay Packers lidou com problemas e oscilações, mas no geral, conseguiu contornar bem as adversidades. Pode não ser um time para brigar por final de conferência neste momento, talvez. Contudo, se tem algo que os Packers possuem – e outros não -, é um quarterback capaz de vencer jogos. Mesmo que ele seja, como diria Nazaré, um tantinho alucicrazy.
Vem aí o batismo de fogo
Uma das possíveis razões para os Packers estarem um pouco abaixo do radar geral pode ser atribuída ao calendário: até aqui, as vitórias da equipe vieram quando enfrentou defesas mais fracas, como Titans e os próprios Cardinals. Quando enfrentou equipes melhores, o time conseguiu competir, mas sofreu: vide a derrota por dois pontos de diferença para os Vikings. Vitórias e derrotas são inevitáveis, mas para brigar no topo, quem tiver mais vitórias sobrevive no final. Para Green Bay, está na hora de vencer esses jogos difíceis – e o batismo de fogo vem logo nessa próxima semana.
O Houston Texans pode não ser explosivo como foi no ano passado, contudo ainda é um time perigoso. O ataque ainda tem C.J. Stroud e amigos, enquanto que Danielle Hunter e Will Anderson Jr mandam e desmandam no front. A defesa de Houston é líder em tackles para perdas de jardas (38), além da quinta com mais sacks nesta temporada (19). Porém, há o lado cheio do copo: os Texans levaram 12 touchdowns pelo ar, a segunda pior marca da liga até aqui. Se a linha ofensiva conseguir proteger Love, os recebedores aparecerem e a defesa conseguir frear Stroud, Green Bay tem boas chances de se sair vitorioso no domingo.
Tirando confrontos contra Seahawks e Jaguars (que está em situação de barril), por exemplo, a partir de agora não terá confronto fácil. Depois de Jacksonville, inclusive, a sequência só tem pedreiras: Lions, Bears e 49ers. Vale ressaltar que, neste momento, Green Bay está 0-1 na divisão – e do jeito que a NFC North está em pé de guerra, todo jogo é de vida ou morte. No entanto, se o elenco continuar nessa curva de evolução, os Packers podem aprontar bastante e, o melhor de tudo, sorrir no final.
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