O esporte por vezes é cruel. Não existe justiça e os melhores não são poupados. O San Francisco Lesioniners 49ers está aprendendo isso à duras penas nesta temporada. A equipe da Califórnia está sendo dizimada por lesões em seus principais jogadores. A lista é assustadora: Christian McCaffrey sequer pisou em campo por problemas no tendão de Aquiles, Dre Greenlaw – também com problemas neste tendão, após lesão no Super Bowl – também não fez seu retorno, Ricky Pearsall perdeu os seis primeiros jogos por ter sido baleado, Talanoa Hufanga rompeu os ligamentos do pulso, enquanto Javon Hargrave rompeu o tríceps.
A lista aumenta quando adicionamos jogadores importantes que perderam ao menos uma partida neste ano por lesão. Charvarius Ward, Deebo Samuel, George Kittle e Jauan Jennings. Isso sem contarmos atletas de menor importância que também estão na lista de lesionados: Jon Feliciano, Elijah Mitchell, Yetur Gross-Matos.
Já acabou, Jéssica? Ainda não acabou. Como se a derrota para o Kansas City Chiefs não fosse o suficiente para reviver o calvário do último Super Bowl, a franquia ainda perdeu Brandon Aiyuk para o restante da temporada, com uma lesão no joelho. É frustrante de uma forma inexplicável. Mais ainda, é problemático para os próximos jogos. Por melhor que seja Kyle Shanahan, qual o tamanho do impacto dessa perda para a equipe?
As opções estão acabando – e o tempo também
San Francisco está entrando em um buraco cada vez mais fundo. A soma de fatores técnicos e psicológicos está colocando a equipe em uma espiral que parece não ter fim e a recente lesão de Aiyuk é mais uma volta que afunda os Niners em um poço sem esperança. E aqui eu nem falo de aspirações de pós-temporada. A NFC West não oferecerá muita resistência à franquia e eles ainda são os favoritos a vencê-la. Arizona Cardinals e Seattle Seahawks são times em reconstrução que oscilam demais e o Los Angeles Rams está abrindo mão da temporada com a eventual troca de Cooper Kupp.
No entanto, é preciso lembrar que esse time adentrou o ano com aspiração de, enfim, concretizar a promessa de levantar o troféu Vince Lombardi. Como se contentar apenas com um título de divisão oriundo de fraca concorrência? É inadmissível pelas projeções que San Francisco carrega consigo. Os 49ers estão adentrando um ponto crítico da temporada com seguidos problemas de atuação e falta de profundidade no elenco – o tempo está acabando.
Sem McCaffrey, as variações deste ataque, principalmente na red zone, já estavam sendo mal utilizadas. Sem Aiyuk, cai mais uma arma e as opções se tornam escassas. Das estrelas, sobram Deebo Samuel – que está hospitalizado com pneumonia, como se as lesões acima não fossem o suficiente – e George Kittle, que vem sendo o único nome consistente da equipe.
O sistema de Shanahan eleva seus atletas, mas ele também precisa de bons nomes para que o ataque possa rodar com eficiência. Só com Mason, Pearsall (que ainda precisará de alguns jogos para pegar ritmo), Samuel e Kittle, a unidade continuará oscilando – principalmente nas jardas finais do campo, possuindo apenas o tight end como alvo confiável. Sim, Aiyuk não vivia boa fase, contudo, ainda estamos falando de um wide receiver que havia passadas das 1000 jardas nos seus últimos dois com 15 touchdowns somados. Se ele não estava sendo a mesma arma que outrora, ao menos captava a atenção das defesas. Ruim com ele, pior sem ele.
O vale da sombra da morte
Olhe para a tabela e veja San Francisco passar por um mar de tribulações antes de, talvez, retornar à calmaria. Vamos ser pessimistas e imaginar que McCaffrey retorne na semana 12 – ou que comece a retomar bom ritmo nessa data. Até lá a franquia enfrenta Dallas Cowboys, Tampa Bay Buccaneers, Seattle Seahawks e Green Bay Packers.
Sim, eu consigo enxergar confrontos favoráveis à equipe da Califórnia neste bolo. A defesa dos Cowboys é uma zona, os Buccaneers perderam seus dois wide receivers titulares, os Seahawks são “fregueses” e os Packers têm fortes dificuldades terrestres. No entanto, eu posso fazer esse mesmo exercício no sentido inverso e eu não aposto fichas nesse ataque enquanto não aparecer uma terceira arma confiável.
Kittle e Samuel são ótimos, acho Brock Purdy um passador top 10 da liga e Jordan Mason sai melhor do que a encomenda. No entanto, a ausência de Aiyuk faz deste grupo um ataque mais fácil de ser anulado por coordenadores defensivos inteligentes. Você tem dois alvos focais pelo ar e um pelo chão. O primeiro relance disso foi visto na acachapante derrota para Kansas City, com uma das piores atuações da carreira do quarterback. Preocupantes sinais.
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