Bengals continuam se complicando e cavando a própria cova

A derrota para os Eagles no último domingo foi um retorno à realidade: a defesa joga muito mal e o ataque nem sempre consegue salvar o dia. Cincinnati se enfia numa sinuca de bico a cada semana - e o sonho de pós-temporada fica cada vez mais distante.

Bengals

Joe Burrow não teve papas na língua na coletiva de imprensa pós-jogo no último domingo. “Não somos bons o suficiente”, ele disse. Nesse momento, de fato, os Bengals não são bons: depois de uma pequena revigorada e uma sequência de três vitórias, a derrota para os Eagles foi uma mistura de balde de água fria com choque de realidade. A defesa está jogando muito mal em todos os setores, enquanto que o ataque nem sempre consegue salvar o dia e, diversas vezes, a comissão técnica não encontra respostas.

Com oito semanas de temporada regular já pelo caminho, dá para afirmar sim que o time é uma das decepções desse ano. O calendário plausível e o talento desse elenco – em especial do lado ofensivo – fazem com que a esperança por playoffs se mantenha viva. O problema é que a margem de erro diminui a cada derrota e, dependendo do andar da carruagem, pode ser que esse carro dê perda total logo.

Nem sempre uma boa fórmula vai gerar um Scooby-Doo

Em 1969, a Hanna-Barbera (famoso estúdio de animação dos EUA) lançou um dos desenhos animados mais lucrativos da história e, de quebra, um de seus maiores clássicos: Scooby-Doo, Cadê Você?. A fórmula de criar uma história de mistério com adolescentes e um animal falante deu tão certo que a Hanna-Barbera criou oitocentas versões nos anos seguintes, tanto na franquia Scooby-Doo quanto outros desenhos que já passaram no Bom Dia e Cia. No entanto, quase nenhum deles chegou perto do sucesso do desenho original. Ver o Cincinnati Bengals em 2024 é mais ou menos assim: o elenco, a comissão técnica e a fórmula são basicamente os mesmos, porém passa longe de encontrar consistência. Sucesso menos ainda.

Desde a campanha até a derrota no Super Bowl em 2021, a defesa de Cincinnati tem o 28° rating de jogadas bem-sucedidas (57,3%) e 23° EPA por jogada (.3). Para uma unidade outrora elogiada pela sua eficiência, a queda é notória e 2024 apenas escancara esse problema. Seja a saída de peças importantes daquele elenco de três anos antes – leia-se aqui Jessie Bates -, escolhas de Draft que não renderam até agora ou o trabalho de Lou Anarumo, coordenador da unidade, não render o mesmo, uma coisa é certa: a situação está feia. Bem feia.

O começo 0-3 é um exemplo, porém o jogo contra os Eagles mostra melhor quão ruim está essa defesa. No primeiro tempo, ela conseguiu até frear um pouco o ataque de Philadelphia, apesar de ceder um touchdown. Contudo, a unidade derreteu tão feio na segunda etapa que deixou pouquíssimo para Joe Burrow e amigos recuperarem o prejuízo. Só no segundo tempo, a defesa de Cincinnati cedeu 397 jardas (!!) e 27 pontos. Acrescente nesta conta o fato de que Jalen Hurts não sofreu nenhum sack na partida e teve três TDs correndo, além de Saquon Barkley ter mais de 100 jardas por terra. As estatísticas são apenas a cereja do bolo: hoje, os Bengals possuem o terceiro pior rating em jogadas defensivas bem-sucedidas (54%) e o sexto pior EPA por jogo (-7.4).

Se a defesa dá tanto prejuízo, fica difícil do ataque segurar as pontas, especialmente quando as coisas também não funcionam desse lado. Sem Tee Higgins, o jogo aéreo ficou mais sobrecarregado ainda porque o jogo terrestre não entrou. Cincinnati teve 20 tentativas para apenas 58 jardas corridas: ou seja, quase inexistente. Não que isso seja novidade por lá: em todos os anos da era Zac Taylor, o backfield sempre foi um problema. Com isso, resta a Joe Burrow a passar mais a bola e, claro, ser o herói: ele já fez isso várias vezes, porém nem sempre o roteiro será o mesmo.

Quando o cenários e os arredores são tão ruins, não há super-herói que salve o dia. Cincinnati vem se complicando a cada derrota, o que torna as semanas seguintes sempre uma situação de “vida ou morte”. Porém, vai chegar a hora de que não existirá mais solução: ou vai sobreviver, ou vai morrer de vez e pensar logo em 2025.

Mais um passo e vira camiseta de saudades eternas

Pode ser exagero meu, porém mais um passo – ou derrota – em falso e o Cincinnati Bengals vira camiseta de saudades eternas de verdade. Talvez nem seja tanto: segundo as métricas de projeção do The Athletic para os playoffs, as chances da equipe caíram para menos de 50%. Mais situação de barril que essa, não existe.

Vencer os Raiders nessa próxima semana virou obrigação, porque os dois próximos adversários são fora de casa: Baltimore Ravens e Los Angeles Chargers. Óbvio que o corpo de recebedores dos Chargers empolga tanto quanto um fricassê de jiló, porém a defesa joga bem e a equipe, principalmente em um dia bom, pode dar uma bela dor de cabeça nos adversários. E claro, tem Baltimore: depois do jogo da feijoada revés contra Cleveland, o time virá com sangue nos olhos para manter a vantagem dentro da divisão.

A hora de acordar é agora. A grande questão aqui, porém, é saber se o time terá fôlego para dar a volta por cima.

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