O que explica as melhoras de Anthony Richardson e Bryce Young?

Os números e as derrotas podem não ser tão bons, mas ambos estão mostrando evolução: cada um da sua maneira. Se no começo da temporada eles foram para o banco, agora os dois quarterbacks dão pequenas esperanças às suas equipes.

Se você me disesse há um mês atrás que Anthony Richardson e Bryce Young estariam jogando em níveis aceitáveis neste momento, certamente eu faria a minha melhor interpretação de Regina Rouca e gritaria “mentira!” até não poder mais. Os dois foram para o banco no começo do ano por estarem jogando (muito) mal e, naquela altura, pareciam que não iriam voltar tão cedo. Eis que chegamos na reta final da temporada regular e as narrativas mudaram: tanto Richardson, quanto Young mostram uma curva de evolução desde as últimas semanas.

Isso quer dizer que dá para se empolgar além da conta? Ainda não. Porém, quando ninguém dava mais nada por eles, os dois quarterbacks mostraram motivos para suas torcidas sonharem um pouco com dias melhores.

Ressurgindo das cinzas?

O mundo da NFL é recheado de comparações, seja para o lado bom, ou para o lado ruim. Nas análises pré-draft, é comum compararmos prospectos com outros jogadores que estão ou já passaram pela liga: isso é importante até para começar a prever acerca do que ele pode vir a ser em nível profissional. Mas várias vezes, essas comparações atrapalham mais do que ajudam e, em muitos casos, colocam um rótulo indesejado mais rápido do que se pede.

Anthony Richardson e Bryce Young não apenas compartilham o mesmo draft de 2023, mas também o peso do rótulo “não sou tão bom quanto ele”: leia-se C.J. Stroud aqui. Embora o próprio Stroud esteja jogando abaixo das expectativas neste ano, vamos combinar: ele é um quarterback (muito) mais consolidado hoje do que Richardson e Young. Enquanto Richardson se machucou e perdeu boa parte do ano de calouro, o 2023 de Bryce Young foi um especial de Halloween dos Simpsons: junte todos os filmes de terror da face da terra e você terá um roteiro pronto da Casa da Árvore do Horror.

Para piorar, o começo deste ano foi ruim para ambos. Richardson foi para o banco de maneira controversa e Young perdeu posição para Andy Dalton, ambos porque estavam tendo performances muito abaixo. No entanto, seus substitutos também fizeram pouco ou simplesmente pioraram a situação, como no caso de Joe Flacco. Com as turbulências e no caso de Dalton, literalmente um acidente de trânsito, vieram as decisões de voltar com os segundanistas – e, de quebra, as melhorias.

Nas últimas três semanas, o quarterback dos Colts tem 553 jardas passadas, três touchdowns e duas interceptações. Não é de encher os olhos, mas para alguém que oscilava mais do que montanha-russa do Beto Carrero World nas primeiras semanas da temporada, diminuir os turnovers já é um triunfo. As oscilações ainda estão lá, já que as duas INTs citadas acima foram no domingo passado, contra os Patriots. Contudo, Richardson vem mostrando por que merece mais paciência: a campanha final da virada e vitória é o maior exemplo disso. Ele vai oscilar, é claro, mas a cada semana, demonstra mais segurança dentro de campo – e isso, na verdade, é o mais importante.

Porém, se tem alguém que passou por uma ressurreição de fênix, é o quarterback dos Panthers. Muita gente (incluindo eu) já não tinha mais fé em Bryce Young, tanto que, quando voltou a ser titular, já dava como derrota cantada. Pois bem, vejamos as estatísticas dos últimos quatro jogos: 858 jardas passadas, 4 TDs, uma interceptação e o ataque com média de 23.2 pontos por jogo. Apesar da campanha 3-9, as duas últimas derrotas para Chiefs e Buccaneers foram apertadas, com a última indo para a prorrogação. Mas tal como Richardson, os números contam apenas uma parte da história. Hoje, Bryce Young é um quarterback mais confiante dentro e fora do pocket: algo que, até o começo do ano, estava bem longe de ser.

Dá um pulo, vai pra frente (de beijinho, vai pra trás)

No meio desse ilari, ilari, ilariê, é preciso dar uma acalmada nos ânimos: a curva de evolução está lá, mas tem muita terra nesta estrada ainda. Colts e Panthers estão longe de serem times estabilizados hoje, em especial com o segundo. Falta praticamente tudo em Carolina, porém diferente de anos anteriores, a fagulha de esperança parece estar mais viva e o time, como todo, parece abraçar a causa também – o que é um indicativo de que Dave Canales e sua comissão técnica estão acertando neste ponto.

Embora Indianapolis esteja na briga para uma vaga de wild card, não é como se fosse um time de playoff de fato: a secundária é uma bomba e o ataque é uma gangorra. É claro que este último é reflexo das oscilações do próprio Anthony Richardson, mas também dos arredores. Jonathan Taylor não está mal, porém o grupo de wide receivers é que sofre mais: vale lembrar que Michael Pittman Jr. e Josh Downs já perderam jogos por lesão neste ano – e quando um deles não está, a vida do ataque fica mais difícil.

Em tempos onde a pressa é cada vez mais soberana, a paciência aparece de vez em quando para colocar nossos pés no chão. Pode ser que essas evoluções de Anthony Richardson e Bryce Young não passe de meras ilusões no futuro? Talvez. Enquanto ele não vem, a esperança fica mais um pouquinho nos corações dos torcedores.

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