Vamos ser honestos: o placar de 40-22 engana mais do que nota de 3 reais. O Philadelphia Eagles deu uma aula de futebol americano no último domingo e se consagrou campeão do Super Bowl LIX. O time dominou taticamente (e pessoalmente) o Kansas City Chiefs nos dois lados da bola, em especial na defesa.
Por isso, separamos cinco momentos que definiram a partida e, de quebra, o segundo troféu Vince Lombardi para a Filadélfia.
5 – Vitória se escreve com V de Vic Fangio
Se a NFL tivesse um Craque do Jogo igual o do Brasileirão (o MVP não tem o mesmo charme), a votação da galera certamente iria para um senhor muito simpático de 66 anos. Os jogadores da defesa merecem todos os louros pela execução perfeita, mas o plano do mestre foi magistral. Vic Fangio deu uma aula de como anular Patrick Mahomes, Andy Reid e companhia, que já está nos anais da liga. São tantas jogadas que fica impossível escolher uma só: ainda assim, tentaremos fazer isso.
— Good Clips (@MeshSitWheel) February 10, 2025
Início do 3° quarto, segunda para 11. Mahomes já tinha sofrido um sack na jogada anterior e a próxima era uma rota desenhada em profundidade para Xavier Worthy. Na teoria, tudo lindo. Na prática, deu tudo errado e por mérito total da defesa dos Eagles. Embora a jogada se desenhe da forma como os Chiefs querem, com Worthy aberto, a pressão chega e obriga Mahomes a escalar o pocket. O pulo do gato mora aqui: quando ele dá o primeiro passo para esticar a jogada, Josh Sweat está prontinho para dar o bote – ou melhor, o sack.
Dá para argumentar que a proteção do passe foi péssima do lado direito (parabéns aos envolvidos), porém a defesa deu uma aula de como pressionar o quarterback. Quem montou essa arapuca, mais ainda. Ladies and gentlemen, Vic Fangio.
4 – Produzir em campo vai muito além dos números
Se teve algo que a defesa dos Chiefs fez bem, foi conter Saquon Barkley: ele teve “apenas” 57 jardas terrestres. Por outro lado, ele teve seis recepções para 40 jardas. Isso sem contar com os bloqueios dele perto da linha ofensiva: seja para limpar o pocket para Jalen Hurts, seja abrindo espaços para corridas do quarterback. Barkley não teve uma atuação de encher os olhos, mas a presença dele foi a síntese do título acima.
Enquanto a defesa conseguia turnovers, o ataque soube valorizá-los e capitalizar em cima deles. Foi assim com o touchdown de A.J. Brown, com Dallas Goedart e Jahan Dotson aparecendo também e claro: a linha ofensiva dando um show à parte. Produzir em campo vai muito além dos números e, no final do dia, o coletivo vale mais do que o individual.
3 – Uma constelação de talentos
Uma das estatísticas que mais chocou foi, sem dúvidas, a que a defesa dos Eagles mandou nenhuma blitz para cima de Mahomes. A pressão foi toda com quatro, cinco, sete homens na cobertura do passe e assim vai. No entanto, não é tão simples fazer isso. Como bem disse J.J. Watt, você precisa ter bons jogadores tanto no interior da linha, quanto nas pontas. A combinação bons EDGEs + bons iDL quebra as rotas dos recebedores – e do jogo terrestre – e sufoca o pocket, atrapalhando o processamento do quarterback. Junte isso com uma secundária que não passa nem sinal de Wi-Fi e ótimos linebackers que você terá a defesa ideal. Adivinha quem fez isso no domingo? Os Eagles.
Praticamente todo mundo teve uma atuação de gala no último domingo. Josh Sweat com 2,5 sacks, Milton Williams forçando fumble, Zack Baun com interceptação e etc. Até quem apareceu em momentos “pontuais” (digo isso bem entre aspas) foi bem: Jordan Davis, Jalen Carter, Nolan Smith, Darius Slay, os calouros… Aliás, alguns merecem destaque aqui: Jalyx Hunt teve meio sack na sua conta e Quinyon Mitchell infernizou todos os wide receivers de Kansas City. E por falar em cornerback calouro…
2 – He’s just a corner who locked out your number one…
C.J. Gardner-Johnson e eu temos uma coisa em comum: estamos viciados na musiquinha do Cooper DeJean. Não é para menos, pois o segundo aniversariante do dia (o outro era Saquon Barkley) teve possivelmente A jogada da partida.
— Good Clips (@MeshSitWheel) February 10, 2025
É difícil resumir uma jogada tão bem desenhada em poucas palavras, mas eu tentarei. Philadelphia manda pressão com quatro homens na linha e três no meio: Oren Burks em uma ponta, Zack Baun no meio e DeJean na outra ponta. Quando a jogada (que é um rollout do Mahomes) começa, os dois primeiros se movem mais para a esquerda e o último recua. O objetivo é cortar uma rota cruzando o meio do campo – o que acontece, na forma de DeAndre Hopkins. O marcador mais próximo (Quinyon Mitchell) se aproxima e começa a fechar a janela de passe. Porém, é quando Mahomes solta a bola que a mágica acontece: DeJean corta a linha do passe e consegue a pick-6. Cinema.
1 – O touchdown longo de Jalen Hurts para DeVonta Smith
Por fim, falaremos do MVP – com méritos! – do Super Bowl LIX. Embora tenha a interceptação bem feia no começo, Hurts fez um jogo ótimo e dominou a defesa dos Chiefs. Leu bem as blitzes de Steve Spagnuolo, correu bem e passou melhor ainda a bola. Mais do que isso: ele conseguiu identificar os confrontos favoráveis (os alerts) sem perder sua identidade.
Semana passada, escrevi um texto falando como o quarterback era como um maestro, cujo pode ou não aparecer e virar o protagonista. Inúmeras vezes na temporada, ele teve um papel mais coadjuvante no ataque dos Eagles. Mas quando se precisou, ele foi lá e entregou o que se pediu. O maior exemplo disso foi no touchdown longo para DeVonta Smith. Hurts mapeou bem o fundo do campo e viu Smith vencendo Jaylen Watson no mano a mano. O resto é história.
Leia também:
Calendário da offseason de 2025: Free Agency, Draft, Franchise Tag e muito mais
Vingança completa: Eagles destronam Chiefs, vencem Super Bowl LIX e estragam histórico tricampeonato
Josh Allen vence o prêmio de Jogador Mais Valioso; confira vencedores de todas as categorias
Para onde vai Cooper Kupp?
