O mundo da NFL gira muito rápido. Mesmo adentrando o Draft com dúvidas acerca de seu real potencial, J. J. McCarthy foi a 10ª escolha geral do Draft 2024, com a missão de ser o novo quarterback do Minnesota Vikings – à época, a franquia encerrava um ciclo com Kirk Cousins.
Em poucos meses, porém, a esperança se transformou em uma lesão grave que o impediria de atuar na temporada. Logo depois, atuações mágicas de Sam Darnold levantaram questionamentos ousados: “não seria melhor trocar McCarthy e deixar Darnold comandando a equipe?” Ao fim do ano, o nível do titular despencou – e nem sequer está mais no time -, Minnesota foi eliminado previamente nos playoffs e o plano inicial foi retomado.
Há poucas semanas da temporada, McCarthy volta a ser a grande esperança da temporada dos Vikings. Com um ano de aprendizado longe dos gramados, até mesmo os fãs podem ter perdido a referência de quem ele é qual seu teto como titular na NFL. Vamos, então, reapresentá-lo ao mundo.
Um entorno perfeito
O avanço do nível esportivo, não só no futebol americano, torna o esporte cada vez mais complexo. A parte tática se torna cada vez mais complexa, o nível físico se elevou e o “talento base” cresceu. Com isso, aqueles jogadores de “talento natural” não mais decidem jogos sozinhos com a facilidade de outrora. É mais difícil para um wide receiver conseguir separação, por mais qualificado que seja. Um quarterback não mais consegue mascarar uma linha ofensiva porosa, pois os pass rushers o atingem antes que o processamento mínimo aconteça.
Dessa forma, possuir um bom elenco e um sistema condizente com suas forças, principalmente para um quarterback, é fundamental. Hoje, os Vikings oferecem isso. Kevin O’Connell está se provando como um dos melhores arquitetos ofensivos, além de excelente construtor de elenco. Minnesota construiu um grupo ainda melhor do que em 2024, dos dois lados da bola.
É claro que todo trabalho feito ao longo da intertemporada dependerá, essencialmente, do desempenho de McCarthy. Por conta disso que quarterback e seu entorno tem de estar perfeitamente alinhados. Se o passador é talentoso, mas há brechas claras dentro e fora de campo, o resultado é insatisfatório. Se o grupo e técnico são de excelência, mas o signal caller é incompetente, as muralhas serão demasiadamente altas.
Uma avaliação, ainda, incerta – mas com boas tendências
Mesmo com o título universitário e a projeção de quarterback de primeira rodada, McCarthy deixou Michigan como um prospecto de difícil avaliação. Parecia que seu “currículo” estava incompleto; ao mesmo tempo que se demonstrava como um jovem com teto de ser um passador de qualidade, havia os questionamentos sobre um início repleto de oscilações.
São mais forças do que fraquezas, é verdade. McCarthy tem um bom braço, ótimo atleticismo, se estabelece bem no pocket e tem boa precisão. Ao mesmo tempo, falta-lhe destreza no ball placement (colocar um melhor arco na bola para encobrir linebackers, por exemplo) e identificação correta de progressões de leituras quando as rotas iniciais não estão abertas; ademais, nas primeiras semanas devemos vê-lo sofrer com a mobilidade, pela falta de confiança no joelho operado.
Se somarmos as características de McCarthy às fortalezas de seu entorno, devemos ver seus pontos fortes serem ampliados, principalmente nas semanas iniciais, quando há menos material para servir de preparo às defesas adversárias. O esquema de O’Connell precisa de quarterbacks que naveguem bem o pocket e que possam usar de seu atleticismo, além de exigir boa precisão em rotas intermediárias, pois os alvos estarão, naturalmente livres. Ao mesmo, a grande melhora realizada na linha ofensiva na intertemporada evitará possíveis problemas de progressão de leitura, os quais também devem ter sido tratados no período de ausência do ano primário.
Há um terreno fértil para que o início de J. J. na liga seja muito positivo. O entorno realça suas forças e há motivos para visualizar a mitigação de suas principais fraquezas. O’Connell fez um ótimo trabalho de preparação e agora se prepara para forjá-lo onde realmente importa: dentro de campo.
Peso nos ombros
Pular o ano inicial retirou a possibilidade de McCarthy viver o ano de adaptação dos calouros. Apesar de ainda não ter estreado no nível profissional, não haverá a mesma benevolência que existe com iniciantes, pois os Vikings não têm tempo a perder e efetuaram agressivo trabalho de fortalecimento da equipe para colherem frutos imediatos.
McCarthy é, ao fim, a régua principal de Minnesota neste ano. Tudo dependerá de seu nível de atuação e progressão ao longo da temporada. Se for capaz de se manter como um quarterback móvel, preciso e que evolua em suas leituras, realizará um ano de “início” excelente, levando seu time a sonhar com feitos maiores.
Se O’Connell foi capaz de fazer até Darnold render por quase uma temporada, poderá repetir isso com McCarthy. Estamos falando de um jovem que pode não possuir um teto estratosférico, mas que tem capacidade de ser um passador de boa qualidade na liga – e isso não é tão fácil de se encontrar quanto pode parecer. McCarthy está em ótimas condições de fazer um belo início de jornada em sua trajetória na NFL. Se a esperança dos Vikings reside nele, ela não será em vão.
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