
Uma das perguntas que surgiram após o último Super Bowl é sobre Patrick Mahomes: ele piorou com o passar dos anos? Afinal, não vemos com tanta frequência aqueles passes longos e precisos que colocaram o quarterback do Kansas City Chiefs entre os melhores da história da NFL.
Contudo, é preciso analisar o contexto atual de Mahomes. O que mudou nos Chiefs nos últimos anos? Para além das estatísticas frias, o que os jogos realmente mostram sobre a queda nas jogadas explosivas do camisa 15?
Mahomes e os números: houve queda de produção?
Sim, há uma queda nos números absolutos de Mahomes nos últimos dois anos. Ainda assim, ele liderou o time a um título e um vice-campeonato no período — o que dificulta afirmar que há uma perda de eficiência, e não apenas de volume ofensivo.
Um dos pontos mais comentados é a queda nas tentativas de passes verticais, especialmente aqueles com mais de 20 jardas no ar. O gráfico abaixo mostra uma queda acentuada no percentual de tentativas e na taxa de acerto ajustada (desconsiderando drops e erros dos recebedores):

A saída de Tyreek Hill e o impacto no jogo profundo
Até a temporada 2021, Mahomes contava com Tyreek Hill, um dos jogadores mais velozes da história da NFL. Mesmo diante de coberturas profundas com safeties ou cornerbacks recuados, Hill conseguia vencer pela velocidade. Isso permitia a Mahomes lançamentos “over the top”: ele jogava no ponto futuro, confiando que o recebedor chegaria antes — o que quase sempre acontecia.
Veja aqui um exemplo clássico de jogada entre Mahomes e Hill
De 2020 para 2021, já se nota uma queda nas tentativas de passes longos, reflexo das defesas adotando formações com dois safeties para conter o jogo vertical. Mesmo assim, em 2022, Mahomes manteve uma taxa respeitável de acertos, com Marquez Valdes-Scantling como principal alvo nas jogadas explosivas.
Mudanças no comando ofensivo e foco em passes curtos
Em 2023, Matt Nagy assumiu o cargo de coordenador ofensivo no lugar de Eric Bieniemy. Uma mudança clara ocorreu: os Chiefs aumentaram o uso de screen passes (passes atrás da linha de scrimmage), que saltaram de 17% para quase 24%.
Esse ajuste não foi um problema. Pelo contrário: os Chiefs conquistaram mais de 5,7 jardas por tentativa nesse tipo de jogada (segunda melhor marca da NFL) e quase 800 jardas totais (líder na liga).
Construção de elenco e o impacto no ataque aéreo
O problema não é apenas técnico ou tático. A construção do elenco também explica a queda na produção vertical. Com o contrato de Mahomes em vigor, e renovações caras para Travis Kelce e Chris Jones, os Chiefs deixaram de investir pesado em recebedores.
Em 2023, MVS caiu de rendimento. Para 2024, a aposta foi trazer velocidade com Marquise Brown e Xavier Worthy. Mas essa estratégia revelou um erro: confiar só na velocidade não é o bastante.
Correr abaixo de 4,30 segundos nas 40 jardas não torna ninguém um novo Tyreek Hill. Jogadores como Brown (que se lesionou) e Worthy ainda enfrentam dificuldades em aspectos técnicos, como o release — a capacidade de se desvencilhar da marcação logo na linha.
Pressão, timing e o efeito cascata
Quando o recebedor é pressionado e não consegue sair rapidamente, o timing da jogada se perde. Isso gera um efeito cascata: dá tempo para o pass rush chegar, obriga o quarterback a abandonar a leitura inicial e aumenta as chances de erro.
Worthy, ainda calouro em 2024, e Brown demonstraram dificuldades ao enfrentar marcação física — algo que fica evidente nos vídeos de análise de desempenho.
Mahomes tem culpa na queda dos passes longos?
Sim, em parte. Mahomes é naturalmente agressivo e quer atacar o fundo do campo. Quando isso não acontece, ele demonstra impaciência — sua pior característica. Força passes, escolhe mal os momentos e, com isso, sua precisão despenca.
É uma soma de fatores que levou à queda em um dos pontos fortes de Mahomes em seus primeiros anos na liga.
Mahomes piorou? A verdade sobre a queda nos passes longos
Dizer que Mahomes piorou como passador profundo é uma leitura rasa. Seu braço continua sendo um dos mais fortes e precisos da NFL. Não há qualquer indício de que ele tenha perdido capacidade física para executar grandes jogadas.
Na própria offseason, Mahomes reconheceu a importância de retomar o ataque vertical:
“Nosso trabalho é testar as defesas no fundo do campo”, disse o quarterback. “Temos que voltar a fazer isso se quisermos abrir espaço para outros jogadores perto da scrimmage.”
Com defesas voltando a usar apenas um safety no fundo do campo — para conter o jogo terrestre, que se tornou dominante nos últimos anos —, as oportunidades para passes longos devem aumentar em 2025.
Chiefs 2025: há razões para otimismo?
Embora o grupo de recebedores não tenha recebido grandes reforços, os Chiefs apostam no desenvolvimento de Worthy. A chegada de jogadores como Jaylon Moore e Josh Simmons também pode melhorar a proteção, dando mais tempo para Mahomes lançar — mesmo que os rotas ainda não sejam executadas com perfeição.
De forma clara: Mahomes não desaprendeu a lançar bolas longas. Ele lida hoje com defesas mais preparadas, recebedores menos talentosos no jogo profundo e inconsistências na proteção ofensiva.
Veremos o Mahomes de antes?
Provavelmente não. Aquela combinação mágica de um quarterback jovem, um recebedor Hall of Fame, um tight end lendário em seu auge, e um técnico genial enfrentando defesas despreparadas talvez nunca se repita.
Mas não duvide: Mahomes ainda é capaz de explorar o fundo do campo. E dizer que ele piorou é mais uma narrativa superficial da offseason do que uma análise real.
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