Agora vai: os Seahawks são o espelho de Mike Macdonald

Depois de um 2024 repleto de pontos altos e baixos, agora sim o head coach pode dizer que o time tem a sua cara. Seattle não tem o melhor elenco da divisão, mas tem um ataque sólido e uma defesa pra lá de divertida.

Seahawks

O último Thursday Night Football não foi dos mais vistosos de se assistir, especialmente se você for torcedor do Seattle Seahawks. Ainda mais quando se olha o placar – 20×23 – e os últimos minutos da partida, com direito à reação do Arizona Cardinals (e Marvin Harrison Jr.) e o risco de uma prorrogação à vista. Para o alívio da torcida, Seattle teve a última posse e 28 segundos para colocar o kicker Jason Myers na posição de field goal. Detalhe: isso depois dele errar um FG de 53 jardas. O final não poderia ser mais emocionante: Myers acerta o chute de 52 jardas e os Seahawks vencem os rivais fora de casa.

Foi uma vitória com mais sorte do que juízo? Foi, principalmente pelo fato de Seattle ter dominado o jogo por três quartos. No entanto, um time precisa mostrar resiliência nos momentos difíceis e isso os Seahawks mostraram bem na quinta-feira. Depois de um primeiro ano cheio de altos e baixos, o segundo ano de Mike Macdonald no comando da franquia começa bastante positivo – e com campanha 3-1.

Esqueça os fantasmas de Scooby-Doo da era anterior: agora, o time tem a identidade de seu treinador. Os Seahawks não são uma mega potência nem na própria divisão, nem na Conferência Nacional. Contudo, eles têm três ingredientes interessantes: um ataque sólido, um bom head coach e uma defesa pra lá de divertida. Dentro de uma NFC extremamente imprevisível, não seria nada surpreendente ver os coringas de Mike Macdonald roubando uma vaga de wild card mais para frente.

Morro do Dendê Águia do Mar é ruim de invadir

Por motivos de puro bairrismo, eu tenho uma pequena tendência a fazer analogias com o funk carioca. E chamar Mike Macdonald de cosplay do Deivis, porém isso é história para outro dia. O que importa aqui é entender como a defesa dos Seahawks se torna, a cada semana, “a” cria de seu treinador. Mais do que isso: em como ela não apenas virou a força motriz da equipe, como também pode acabar com a festa de muitos por aí.

Desde o ano passado, um dos principais pontos estava em saber como a defesa iria se adaptar ao estilo de Mike Macdonald. Afinal, o sistema dele sempre foi bastante complexo, com diversos disfarces em um único snap. Seria um processo demorado, que talvez durasse um ou dois anos. Em 2024, houve alguns tropeços até entendíveis para um primeiro ano de trabalho. Já para 2025, a história teria que ser outra e a consistência precisava aparecer. E até aqui, semana 4, ela está aparecendo.

A estatística acima é um bom exemplo de um princípio dessa defesa: todo mundo tem que pressionar o quarterback. Uchenna Nwosu, Boye Mafe (com uma partidaça), Byron Murphy, Ernest Jones (que teve uma interceptação na sua conta), Leonard Williams e companhia levaram esse princípio ao pé da letra ontem. O front dos Seahawks infernizou a vida de Kyler Murray dentro e fora do pocket. Aliás, a defesa de Seattle é a 7° em rating de pressão para cima dos QBs adversários. Ao mesmo tempo, ela é a que manda menos blitz (10,3%).

Resumindo a ópera: para Mike Macdonald, você não precisa de um pass rusher de elite ou mandar 100 blitzes todo jogo quando você possui um grupo de bons jogadores que conseguem produzir de maneira uniforme e constante. É claro que tem pontos a melhorar, ainda mais na secundária. Ela ainda tem seus momentos de montanha-russa – alô, Riq Woolen -, porém nomes como Devon Witherspoon e Josh Jobe contribuem para manter o sarrafo lá em cima.

É uma defesa longe de atingir todo o seu potencial? Sem sombra de dúvida. Mas quando as coisas clicam e essa defesa joga bem… São poucos que conseguem segurá-la, hein?

O patinho feio não vai virar cisne, mas também não vira urubu

Caro torcedor de Seattle, eu sei que Sam Darnold não é a opção mais ideal do mundo. Ainda mais quando a última vitória nos playoffs foi em 2019 – e a última vez na final de conferência foi em 2014. Sim, no auge da Legion of Boom ainda. Porém, as chances de um apocalipse e, portanto, uma regressão à média por parte do quarterback parecem estar se dissipando. Por quê? O motivo é simples: Sam Darnold está jogando bem e com consistência!!

Ele teve um jogo esquecível contra os 49ers na semana 1, é verdade. Mas nas outras semanas, o quarterback de Seattle demonstrou consistência e o principal: que pode assumir mais responsabilidade quando precisar dele. O drive da vitória contra Arizona é um bom exemplo disso. Darnold não hesitou em soltar o braço e conectar com seu melhor recebedor. Foram dois passes certeiros para Jaxon Smith-Njigba: o último deles sendo essencial para o field goal da vitória.

É importante ressaltar também o catalisador dessa melhora: o próprio Jaxon Smith-Njigba. O wide receiver manteve a curva de crescimento de 2024 e vem sendo um dos jogadores mais eficientes da liga neste início de ano. Ele é o líder de jardas recebidas até agora (402), além de outros números excelentes: 76,5% de recepções completadas, médias de 15,5 jardas por recepção e 100,5 jardas recebidas por jogo. Esta segunda, aliás, o coloca atrás apenas de Puka Nacua – provando quão eficiente ele vem sendo.

Klint Kubiak, o coordenador ofensivo dos Seahawks, faz um bom trabalho até aqui em equilibrar os pratos. O jogo terrestre está mais eficiente, com Kenneth Walker e Zach Charbonnet dividindo melhor as carregadas. Cooper Kupp também vem aparecendo em momentos importantes e a linha ofensiva – santo Grey Zabel, Batman! – melhorou neste primeiro quarto de temporada.

Não é um ataque totalmente dominante, mas é bastante consistente. Se a defesa voar baixo e ele manter a eficiência, Seattle vira um oponente pra lá de perigoso. Não descarte totalmente o Seattle Seahawks do seu baralho ainda.

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