Kellen Moore e a busca dos Saints pela dignidade

A campanha 1-6 diz muito mais sobre o nível de talento na equipe e não pela entrega em campo. Os Saints são um time ruim, porém aguerrido - e isso passa pelas mãos de seu treinador.

Antes da temporada começar, o New Orleans Saints era projetado como um dos piores times da liga – ou o pior, para muita gente. Motivos não faltavam: elenco envelhecido e fraco, os mesmos problemas de sempre com o teto salarial e um head coach de primeira viagem. O cenário não mudou muito desde então. Todos esses fatores estão presentes e o resultado não poderia ser diferente: 1-6 de campanha.

No entanto, quem assiste os jogos dos Saints vê que não é um time ruim sem alma. Pelo contrário: é uma equipe aguerrida e que, muitas vezes, vende caro a derrota. O primeiro ano de Kellen Moore na franquia não deve terminar com campanha positiva. Contudo, pode trazer algo diferente dos últimos anos: a perspectiva de um futuro melhor.

Perder, mas caindo em pé (e perdendo ainda assim)

Kellen Moore chegou à Nova Orleans com uma das missões mais impossíveis: dar rumo a uma franquia que não tem isso desde a aposentadoria de Drew Brees. Que 2025 seria difícil, isso não era nenhuma novidade. Elenco fraco, salary cap sempre estourando e uma comissão técnica de primeira viagem só piorariam as coisas. Pois bem: de fato piorou. Ao mesmo tempo, não é como se fosse o apocalipse total.

Os Saints estão 1-6, mas tirando a derrota para os Seahawks – que foi um vareio do início ao fim -, boa parte dos revezes entrou mais na conta da falta de talento do que outra coisa. Contra os Bills, o time chegou a ser competitivo no primeiro tempo: até depois sucumbir de vez, claro. Porém, as derrotas para Arizona e Chicago mostraram uma equipe mais aguerrida do que se esperava. E assim como nos outros jogos, o que pesou no final foi o talento, principalmente na hora de fechar os jogos.

Só que isso custa caro – e muito caro. New Orleans tem uma das piores defesas terrestres da liga nesta temporada: é a 26° no ranking, cedendo cerca de 4,2 jardas por carregada e 9 touchdowns até aqui. Pelo ar, as coisas não são tão diferentes: é a 10° defesa com a maior média de jardas por tentativa de passe – 7,5 jardas – e a 5° que mais cedeu TDs aéreos, com 14 até agora. Novamente: a falta de talento atrapalha muito a situação. No entanto, não é como se o esquema de Brandon Staley (sim, aquele Brandon Staley) estivesse funcionando às mil maravilhas também.

Do outro lado, o ataque também tem as suas limitações. Alvin Kamara tem seus flashes, mas ele já tem 30 anos e está longe do seu auge. Prova disso são os números do jogo terrestre dos Saints: 701 jardas, três touchdowns e cinco fumbles. No jogo aéreo, a situação se estabilizou quando Spencer Rattler virou titular de fato. Nos primeiros seis jogos, ele teve apenas uma interceptação. Contudo, a defesa dos Bears o pressionou à rodo e Rattler espalhou a farofa: foram três interceptações e um fumble sofrido que custaram (literalmente) a vitória.

Os Saints são um time ruim? São, tanto que a campanha é reflexo disso. Mesmo assim, é visível que Kellen Moore tenta tirar leite de pedra com esse elenco. Até onde vai a esperança, ninguém sabe. Mas dentre os times muito ruins da liga hoje, New Orleans – assim como Cleveland – talvez seja um dos que dê um pouco mais de trabalho aos adversários justamente por ter uma comissão técnica minimamente competente. Coisa que falta em muito time por aí

O que será dos Saints daqui para frente?

Não é preciso ser nenhum vidente para adivinhar a resposta da pergunta acima, pois será o mesmo roteiro dos outros anos: campanha negativa e posição alta no Draft do ano seguinte. Embora o começo deste texto tenha um tom animador, é impossível não enxergar a falta de talento crônica nos Saints. Existem buracos em quase todas as posições e as que possuem alguns talentos, geralmente estão em dois grupos: ou são veteranos demais, ou tem problemas de lesão demais.

O melhor exemplo do primeiro cenário é o pass rush, com os imortais Cameron Jordan e Demario Davis. Já no segundo caso, os dois principais recebedores do time espelham bem isso: tanto Rashid Shaheed, quanto Chris Olave (grande muso do CTE, junto com Cam Skattebo) possuem históricos de lesões bem extensos.

Além disso, tem o problema na posição principal: quarterback. Spencer Rattler vem se mostrando um jogador sólido para ser um reserva na liga e nada mais além disso. O último jogo contra Chicago escancarou como ele tem problemas sob pressão – e em como ele espalha a farofa nessas situações também. Ainda assim, ele ainda é o quarterback mais “confiável” do roster até agora. Isso porque os Saints ainda draftaram Tyler Shough neste ano: outra prova de como os problemas em New Orleans têm raízes profundas difíceis de se resolver.

O prazo final de trocas termina no dia 4 de novembro. Os Saints certamente estão na posição de vendedores, além de precisarem para ontem de capital de draft. Os rumores mais recentes envolvem o nome de Rashid Shaheed, contudo Chris Olave pode entrar nesta conversa também. Diferente de Shaheed, ele ainda está sob contrato de calouro e pode render alguma escolha de terceira/quarta rodada.

Após tantos anos lutando contra, está mais do que na hora de Mickey Loomis (general manager da franquia) começar uma reconstrução mais profunda. À princípio, parece que é a realidade na Louisiana no momento. Resta ver lá na frente se isso vai se concretizar de fato – e com Kellen Moore ainda na franquia.

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