Verdades que doem: a temporada regular da NFL pode ser bastante cruel. São 17 jogos, onde tudo pode acontecer e a sorte pode se virar contra você. Às vezes, o seu time fica dizimado por lesões (basicamente o enredo anual do San Francisco 49ers). Outras vezes, é o quarterback da sua franquia que fica fora da temporada (olá, Joe Burrow) e o time afunda. Até mesmo uma crise interna sem fim ou simplesmente um elenco mais fraco pode dissipar sonhos de um ano inteiro em um piscar de olhos.
Porém, o que há de mais legal na liga é justamente as oportunidades de uma volta por cima. Equipes que começaram mal o ano podem arrancar uma sequência de vitórias e se salvar. Ou até mesmo, dependendo da divisão, beliscar uma vaga de playoff. Pensando nisso, separamos três times atualmente com campanha negativa que são melhores do que os números indicam.
Isso significa que eles vão terminar com campanha positiva? Nem sempre. Às vezes o ano pode terminar ruim também. O importante aqui é entender quais são os cenários para uma possível retomada, além de analisar por quais caminhos esses times podem conseguir isso.
Antes da lista, duas menções honrosas: Cincinnati Bengals e Dallas Cowboys. Ambos poderiam entrar nesta lista, porém os dois possuem defesas medonhas demais para serem levados à sério. No caso dos Cowboys, já tem texto aqui no ProFootball sobre eles. E sobre Cincinnati, ainda estou incrédula com o fato de Zac Taylor conseguir salvar seu emprego por mais um ano – e pelas mãos de Joe Flacco desta vez.
Enfim, chega de enrolação e vamos ao nosso top 3.
3 – Minnesota Vikings (3-4)
No início da temporada, eles eram candidatos a surpreender dentro da NFC. Corta para agora: novembro bate na nossa porta e os Vikings são uma bela decepção. O início oscilante com J.J. McCarthy se contrapôs com as boas atuações da defesa até então. Eis que McCarthy se machuca e, em seu lugar, entra Carson Wentz – que teve um início ok, até a coisa degringolar e ele se machucar.
O que quase ninguém esperava era que a defesa também fosse ladeira abaixo. E, de quebra, o time todo.
Existem algumas explicações. Na defesa, a fórmula “blitz para sempre” de Brian Flores não vem encontrando soluções quando enfrenta pacotes ofensivos mais pesados. O jogo contra os Chargers é um ótimo exemplo. Na maioria dos snaps, eles utilizaram o personnel 22 (com dois fullbacks e dois tight ends) especialmente para abrir espaços para o jogo terrestre. Spoiler: deu certo, pois Kimani Vidal teve mais de 100 jardas terrestres naquele dia. E isso não é um momento isolado, pois Browns, Eagles e Steelers usaram pacotes pesados e tiveram sucesso. Brian Flores até agora não encontrou soluções para melhorar a proteção contra os running backs e quanto mais tempo demorar, mais essa defesa vai sofrer pelo chão.
Já no ataque, os maiores problemas são três: a inconsistência dos quarterbacks, a linha ofensiva e o jogo terrestre. O primeiro chega a ser óbvio, mas os outros dois impactam diretamente ele. Tirando Christian Darrisaw (que não está bem também), a OL dos Vikings é muito fraca e, para piorar, está dizimada por lesões. Isso influencia no jogo terrestre também: quando a OL não consegue abrir espaços, correr com a bola fica mais difícil. E quando o seu backfield não é lá aquilo tudo, a dificuldade aumenta 200%. Junte isso com quarterbacks ineficientes – o oposto do que Kevin O’Connell gosta no seu sistema – que a receita da tragédia está pronta.
Existe salvação? Mais ou menos. E digo mais: a seta está mais para baixo do que para cima.
Minnesota tem uma sequência intragável nas próximas semanas: Lions, Ravens, Bears, Packers e Seahawks. Embora Green Bay seja um time esquisito de se assistir, Jordan Love voltou a jogar bem e a defesa é Micah Parsons F.C. E com exceção dos Bears (que são piores do que a campanha indica), todos eles podem ser considerados favoritos contra os Vikings. A não ser que J.J. McCarthy reencarne o Tom Brady de 2001, é difícil ver uma remontada de Minnesota nesse momento.
2 – Houston Texans (3-4)
O Houston Texans de meu amigo Betinho Guraib (e razão de alguns colapsos dele) começou o ano da pior maneira possível. Depois de um início 0-3, o time venceu alguns jogos, mas até agora não convence. O motivo é simples: o ataque.
Disparado um dos piores no começo da temporada, esse ataque tem mais incógnitas do que certezas. A linha ofensiva é péssima, Nico Collins vem lidando com lesões, o jogo terrestre é fraco, os outros recebedores inconstantes e… Bem, C.J. Stroud também teve um começo de ano péssimo. A última partida contra o San Francisco 49ers foi disparado a melhor atuação do quarterback neste ano: 30/39 passes para 318 jardas, dois touchdowns e uma interceptação. Stroud jogou com inteligência, lendo bem os checkdowns e mantendo a bola em campo, mesmo que o ganho de jardas fosse pequeno em algumas situações. Nas outras semanas, o que se via era um Stroud errático e tentando salvar o dia a qualquer custo – e isso abriu espaço para os turnovers.
Contudo, a tábua da salvação da equipe está do outro lado da bola. Houston tem literalmente a melhor defesa da NFL em 2025. É a que menos cede pontos ao adversário e a melhor contra o passe, com média de -0,13 EPA por dropback. Mas nem é preciso se ater muito aos números; basta ver algum lance dessa unidade ou prestar atenção em algum ou mais jogadores dela.
Will Anderson está jogando o fino da bola, tanto que é assustador ver o nome dele com menos hype para o prêmio de Defensor do Ano. Para além dele, Danielle Hunter, Henry To’oTo’o e eterno chave de cadeia Azeez Al-Shaair também contribuem para tornar esse pass rush um pesadelo. Por fim, a secundária é um capítulo à parte. Derek Stingley Jr, Jalen Pitre, Calen Bullock e Kamari Lassiter são um quarteto dificílimo de se enfrentar – e maravilhoso para quem ama defesas (como eu).
Existe salvação? Existe via wild card e olho gordo. A essa altura do campeonato, fica difícil imaginar os Colts perdendo a liderança da AFC South. Isso porque o primeiro confronto entre Texans e Colts é só na semana 13. Além disso, os Jaguars estão em segundo lugar na divisão ainda. Embora o ataque – leia-se aqui Trevor Lawrence – seja nada confiável, a defesa de Jacksonville vem mantendo o time vivo na briga por um wild card.
Assim como os Vikings, Houston tem algumas pedreiras na metade final de temporada. Broncos, Jaguars, Titans (aqui é vitória certa), Bills e os Colts na semana 13. Serão desafios grandes para o ataque se provar e convencer a todos que pode jogar em alto nível. Se vai conseguir, é outra história.
1 – Baltimore Ravens (4-5)
De todos os times da lista, este talvez seja o que tenha chances melhores de se recuperar. A vitória esmagadora de ontem pode ser um ponto de virada para os Ravens. Ok, é o Miami Dolphins, uma tragédia ambulante, mas vitória é vitória. Ainda mais quando você começou tão mal a temporada.
Uma penca de lesões, uma defesa descaracterizada, um ataque previsível (com e sem Lamar Jackson) e uma comissão técnica questionada a cada semana. Esse era o panorama dos Ravens até as últimas duas semanas. Entretanto, a retomada começou na semana 8. Ainda sem Lamar, o time enfrentou o Chicago Bears e venceu bem nos dois lados da bola. A defesa – que ainda é uma das que mais cede jardas e TDs na liga – freou Caleb Williams e forçou turnovers. Derrick Henry, que vinha de partidas esquecíveis, anotou dois TDs.
O Thursday Night de ontem só aumentou as esperanças. King Henry passou das 100 jardas terrestres. Lamar Jackson, no seu primeiro jogo pós-semana 4, passou para 4 TDs. Outros jogadores que andavam apagados finalmente apareceram: Marlon Humphrey, Roquan Smith, Zay Flowers, dentre outros. Foi uma vitória essencial para os Ravens – e que os coloca na briga de novo.
Existe salvação? Quando você tem Lamar Jackson saudável e uma defesa finalmente funcional, tudo é possível.
Porém, a maior esperança por uma volta por cima de Baltimore passa pela sua divisão. A AFC North de 2025 é um tiroteio de bandido cego: ninguém parece querer ganhar ela e ninguém convence. Browns são fracos demais ofensivamente, os Bengals ainda estão vivos na briga apesar de Zac Taylor e os Steelers ganharam uma sobrevida com Aaron Rodgers, mas a sua defesa não bota medo nem em bebê recém-nascido. Com a instabilidade reinando, dá para imaginar os Ravens engatando uma sequência boa e levando a divisão.
O calendário também ajuda. O time pega na próxima rodada o Minnesota Vikings, que vem muito mal contra o jogo terrestre. Com Derrick Henry ganhando confiança de novo, além de Lamar, esse confronto fica amigável para os Ravens. Além disso, a sequência tem Browns, Jets, Bengals e Steelers. Com exceção dos Browns, os outros três times têm defesas medonhas e ataques cujo Roquan Smith e amigos conseguem frear (se estiverem jogando bem).
O palco está montado. Basta apenas arrumar o figurino e começar o show, Ravens.
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