Por vezes, o que falta é apenas um empurrão do destino. Quando os deuses do futebol americano colocaram Matthew Stafford e Sean McVay em rota para trabalharem juntos, eles nos deram alguns anos de genialidade sendo executada por quem é capaz de fazer tudo que uma das melhores mentes ofensivas é capaz de pensar na NFL.
Não entendam isso como algo dizendo que Jared Goff não presta: ele é um bom quarterback e foi durante todo seu tempo no Los Angeles Rams. Contudo, ele tem limitações que Stafford não tem. Tá tudo bem com isso, não dá para todo mundo ser espetacular, caso contrário, ninguém seria espetacular.
Contudo, toda vez que eu abro um ALL-22 para assistir os Rams, penso como McVay deve se sentir sem amarras ao chamar as jogadas. Stafford ficou por anos no Detroit Lions, que na época era uma franquia disfuncional, e talvez sua genialidade tenha sido subestimada pelas narrativas do insucesso coletivo. De 2021 para cá, quando recebeu os holofotes por estar num real competidor – que acabou vencendo o Super Bowl -, finalmente o camisa 9 vem sendo realmente prestigiado.
O melhor dos dois mundos
O que faz de Stafford um quarterback diferente, é capacidade de operar quase tudo. É óbvio que se ele for colocado num sistema de read option, não irá render, mas é basicamente o único elemento faltante em seu jogo. Passes curtos, dropbacks direto? Sim. Play-action, com rollouts? Executa bem e com tranquilidade. Sistema vertical? O quarterback dos Rams tem um dos braços mais fortes e precisos da liga.
Isso faz com que Sean McVay possa fazer ajustes semana a semana e até mesmo durante os jogos. Não foram poucas vezes nesses 5 anos, que vimos os Rams mudarem sua estratégia durante um jogo, executando planos diferentes do original.
E é aí que mora a verdadeira genialidade dessa parceria. McVay sempre foi um técnico obcecado por controle — ele prepara, planeja e dita o ritmo de praticamente tudo dentro de campo. Mas, ao lado de Stafford, ele encontrou alguém que entende o jogo na mesma velocidade que ele pensa. Alguém que pode mudar uma proteção na linha, identificar uma blitz antes do snap, ajustar rotas e, ainda assim, entregar a bola no ponto exato, mesmo sob pressão. Essa liberdade criativa entre treinador e quarterback é o que transforma um bom ataque em algo especial.
E se antes McVay precisava “guiar” Jared Goff em cada leitura, com Stafford ele pode simplesmente “confiar”. O resultado disso é um playbook mais imprevisível, com variações de ritmo, formações múltiplas e conceitos que exploram o campo inteiro — vertical e horizontalmente. Stafford é o tipo de quarterback que te permite ser agressivo sem ser irresponsável, ousado sem ser inconsequente.
O reflexo dessa simbiose aparece não apenas nas estatísticas, mas no feeling do ataque. Quando os Rams estão sincronizados, é um espetáculo tático. Cada rota parece abrir espaço para a próxima, cada movimento pré-snap tem um propósito. É a harmonia entre execução e intenção.
E quando Stafford entra em ritmo, a bola sai com uma naturalidade que poucos na NFL conseguem reproduzir.. Hoje, ele é um quarterback maduro, capaz de equilibrar risco e recompensa, que aprendeu a escolher suas batalhas. Ele continua com o mesmo braço privilegiado, mas agora tem a estrutura e o comando tático que sempre mereceu.
E o mais curioso é que, mesmo após o Super Bowl LVI, os Rams continuam reinventando esse casamento. A chegada de Puka Nacua e a consolidação de Kyren Williams trouxeram novas dimensões ao ataque. McVay consegue alternar entre o jogo terrestre físico e o aéreo explosivo sem perder identidade. A presença de Stafford é o fio condutor que faz tudo funcionar, porque ele entende o timing e a cadência que McVay deseja impor.
Confiança é base
Mais do que talento, o que existe entre eles é confiança mútua. McVay sabe que pode chamar jogadas complexas porque Stafford vai entender e executar. Stafford, por sua vez, sabe que seu treinador o colocará em posições de sucesso, maximizando o que ele tem de melhor. São dois obsessivos por detalhes, trabalhando em sintonia.
E talvez essa seja a grande lição dessa história: nem sempre é preciso um gênio solitário para vencer, mas sim dois cérebros alinhados na busca pelo mesmo objetivo. Stafford e McVay provaram que quando talento e mente se encontram, o resultado pode ser brilhante — mesmo num esporte em que tudo pode dar errado em questão de segundos.
Hoje, ao assistir os Rams, não vejo apenas um bom ataque. Vejo uma aula constante sobre adaptação, timing e criatividade. Vejo o que acontece quando um técnico deixa de ser um “controlador” e passa a ser um “colaborador” do seu quarterback. Vejo uma parceria que eleva o padrão do que é jogar e pensar futebol americano.
E talvez, lá no fundo, McVay e Stafford saibam que não terão tantas temporadas juntos assim. Mas enquanto tiverem, cada snap será uma nova chance de desafiar os limites do possível. Porque quando dois visionários compartilham o mesmo campo, o destino deixa de ser acaso — e vira inevitabilidade.
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