Existem situações que são tão inexplicáveis que não basta entender, só resta sentir. Momentos em que a história se repete tantas vezes que você se pergunta “é sério que isso está acontecendo DE NOVO??”. O Cincinnati Bengals é uma delas.
Para a surpresa de ninguém, 2025 começou do mesmo jeito do que o ano anterior. Defesa horrível, Joe Burrow lesionado e com risco de perder a temporada, ataque operando sob aparelhos com Jake Browning titular e Zac Taylor sendo… Zac Taylor. Nada de novo sobre o front até aqui.
O que ninguém imaginava era que este ano não só repetiria o roteiro, como também elevaria ele a novos patamares. O ataque virou pirotecnia pura com Joe Flacco, sem contar a sua sintonia com Ja’Maar Chase e Tee Higgins. Por outro lado, a defesa mudou o seu próprio conceito de horrível e agora está historicamente horrível. Detalhe: tão horrível que faz a defesa de 2018 (sim, aquela peneira em forma de unidade) parecer funcional.
Os Bengals cometem os mesmos erros de sempre e, para a tristeza do torcedor, a tendência é que tudo se repita em 2026. Seja lá qual for o Joe que estiver atrás do center.
O imortal Joe Flacco
Antes de falar sobre Joe Flacco, é importante lembrar que: uma vez elite, sempre ELITE. Dado o aviso, foi só sair do calvário ofensivo dos Browns (embora ele tenha parcela de culpa também) que o mais imortal dos quarterbacks começou a brilhar. E se não fosse a defesa tenebrosa – falaremos dela em breve -, os seus feitos seriam muito mais valorizados do que são no momento.
Desde que ele chegou em Cincinnati, na semana 5, o ataque lidera a liga em EPA/jogadas. Com uma defesa mequetrefe, o jeito é partir para a pirotecnia ofensiva – e aqui é onde Flacco vem sendo inacreditável.
112 passes para 1254 jardas, 11 touchdowns e duas interceptações. Todos esses números em quatro semanas. E quando lembramos que Joe Flacco tem 40 anos, o feito se torna quase heroico. O último jogo contra os Bears é a epítome disso. Flacco teve seus erros, óbvio: para além das interceptações, ele sofreu um fumble. Porém, o quarterback fez de tudo principalmente nos dois minutos finais do jogo, onde passou para dois TDs e deixou os Bengals na frente do placar.
Bem, se não fosse pela defesa, é claro.
Isso não é normal, isso não é certo…
Assistir qualquer microssegundo da defesa dos Bengals deixa qualquer um igual ao Gominho chorando na dispensa. A mudança de Lou Anarumo (que anda bem nos Colts, obrigada) para Al Golden deveria, no papel, trazer novos ares para uma das piores defesas de 2024. Além disso, a permanência de Trey Hendrickson e a chegada de calouros promissores, como Shemar Stewart e Demetrius Knight, podia trazer um gás de esperança a mais. Até aqui tudo bem, certo?
Errado.
Chegamos na semana 10 e esta é a pior defesa da NFL em absolutamente tudo que você pode imaginar. Touchdowns cedidos, pior rating em terceiras descidas, pior time defendendo primeiras descidas, top-5 piores times defendendo na redzone… Somente os números das últimas três semanas já causa profunda tristeza. A unidade cedeu 119 pontos, 1472 jardas aéreas, 682 jardas terrestres e uma média de 7,4 jardas por corrida. A defesa dos Bengals é quase um Avatar do mal: é ruim por terra, pelo ar e se pudesse, seria ruim na água e no fogo também.
Como se não bastasse tudo isso, os Bengals cederam no mínimo 27 pontos nos últimos oito jogos e estão a um jogo de bater o recorde da liga. O lado positivo é que a equipe está de folga nesta rodada. O lado negativo é que eles voltam na semana 11 totalmente (des)preparados para atingir esta marca terrível.
Repetindo o que disse na introdução, essa defesa é tão terrível que faz parecer a de 2018, uma das piores defesas da história da NFL, parecer funcional. Queria eu que o cenário mudasse a partir de agora, caro torcedor dos Bengals. Mas provavelmente não irá e, mais uma vez, vocês terão uma das piores defesas em 105 anos de liga. Ou simplesmente a pior de todos os tempos.
Parabéns pelo trabalho, nota zero
Herói é aquele que tenta achar lógica nesta franquia, esperança mais ainda. Não à toa que Joe Burrow, talvez o herói mais famoso, esteja literalmente virando o Coringa. Ou quando aparece na sideline, é como se estivesse escutando diariamente a discografia toda do My Chemical Romance em um porão escuro. O Cincinnati Bengals é uma tristeza ambulante e vejam só: 2026 tem 99,9% de chances de ser assim também.
De fato, a troca de Logan Wilson já era quase uma carta marcada. Porém, ela abriu outro questionamento: por que diabos Trey Hendrickson não foi trocado?? Essa desgraça franquia já não compete por nada mais mesmo neste ano!
Parece o lógico, mas não é. Primeiro, trocar Hendrickson seria como um aluguel de meia temporada sem retorno financeiro. Vale lembrar que, mesmo que se o trocasse, os Bengals teriam $6,5 milhões de void years relacionados ao jogador. Segundo: se a defesa já é historicamente ruim com ele (que não está 100%, aliás), sem ele seria “historicamente ruim e uma lástima”. É claro que isso implica a discussão sobre a sua permanência em 2026, mas ninguém ficaria surpreso se a diretoria empurrasse com a barriga essa história (de novo).
Empurrar com a barriga e deixar a corda esticar até o limite: é o lema da franquia mais mão-de-vaca da NFL. Uma filosofia que se estende há décadas, passada de geração a geração. Por esse motivo, chega a ser estranho lembrar que mais de 30% da folha salarial para o próximo ano se concentre em três jogadores. É claro que esse três são Burrow, Chase e Higgins – e merecem ser pagos como estrelas. O problema é que fica difícil construir um entorno bom quando o restante da equipe é uma bomba atômica. E pior: quem está no comando claramente não acha mais soluções.
Parabéns, Cincinnati Bengals. Nota zero.
Para saber mais:
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