Os motions, como são chamadas essas mudanças de localização de algum jogador pré snap, estão cada vez mais em altas no ataques da NFL e são parte fundamental para efetividade de times como os Chiefs, Rams, Patriots, Saints entre outros.
Vamos mostrar os motivos que fazem os times utilizarem tanto esse subterfúgio e como eles impactam diretamente em cada situação de jogo.
O exemplo de Kansas City: Jet Motion
Um motion muito utilizado pelos Chiefs, é o jet motion. Nele, o wide receiver vem em velocidade alta e pega a bola da mão do quarterback, executando uma jogada chamada jet sweep.
O time de Kansas City utiliza demais com Tyreek Hill como ball carrier e sua principal função é gerar um mismatch entre Hill e algum jogador de linha defensiva, que dificilmente terá velocidade para o conter na linha de scrimmage. Fora isso sua capacidade de quebrar tackles em campo aberto sempre cria a chance de uma big play. Também é utilizado para diminuir a agressividade do edge defensivo, o fazendo ficar hesitante.
Contra os Chargers na semana 1, eles fazem exatamente isso; deixam Melvin Ingram titubeando na linha de scrimmage e o obrigam a uma leitura. Quando ele identifica Hill com a bola, já foi contornado. Além disso, os Chiefs geram uma vantagem numérica, com o combo entre o left tackle e o tight end deixando Ingram passar e indo direto ao segundo nível. O resultado é um excelente ganho de 21 jardas
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
Pelo ângulo de trás, para visualizar a movimentação da OL e como Ingram sofre com a leitura.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
Com o tempo e utilizando com os jogadores corretos, o jet motion acaba também servindo de isca.
O exemplo dos Rams com Gurley & Amigos
Os Rams fizeram isso logo no começo do jogo contra os Broncos, usando Brandin Cooks. O segundo que sua movimentação faz Von Miller travar é fundamental para que o tight end cruze a linha e consiga o bloquear, num movimento chamado de trap. Além disso, o right tackle fica livre para avançar contra o inside linebacker dos Broncos (54), ajudando no ganho de 22 jardas na corrida de Todd Gurley.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
New England e o Cross Motion
Outro motion muito popular é o near ou cross motion, em que um jogador cruza atrás da linha de scrimmage para o outro lado, seja para auxiliar nos bloqueios ou para uma jogada de passe.
No jogo corrido funciona muito bem contra equipes que estejam defendendo em zona e somente façam ajustes, não movendo mais um jogador para área. Os Patriots fizeram isso muito bem contra os Dolphins.
Movendo o tight end Dwayne Allen (83) da direita para esquerda, eles criaram uma vantagem na lateral. Allen executa um excelente reach block no defensive end, selando a lateral. O wide receiver Cordarrelle Patterson (84) faz o mesmo no linebacker, deixando que o left tackle Trent Brown (77) possa liderar a corrida executando um bloqueio no último nível da defesa e pavimentando caminho para o touchdown de Sony Michel.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
Sean Payton: usando movimentações há anos
No jogo aéreo esse motion é muito utilizado para que o quarterback identifique a cobertura defensiva. Drew Brees faz esse reconhecimento com muita rapidez.
Ao mover Michael Thomas da direita para esquerda e notar que o cornerback alinhado não o acompanhou, Brees automaticamente associa que os Buccaneers estão numa cobertura de zona. Essa é uma das grandes vantagens da movimentação antes do snap: ela pode revelar qual a cobertura defensiva. Se acompanhar o recebedor em movimento, alta chance de ser homem-a-homem. Se não, a tendência é ser zona.
Quando há o ajuste no lado esquerdo e o cornerback mais aberto recua para deep zone tendo apenas um safety no meio do campo, fica clara a cover 3; sem titubear, ele lança em Thomas numa rota out para first down.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
Um dos segredos dos Chargers e o potente ataque de 2018
A situação é utilizada de maneira inversa no touchdown dos Chargers contra os Chiefs na semana 1. Quando o cornerback Orlando Scandrick acompanha a movimentação de Keenan Allen da esquerda para direita, está evidente a cover 1, com o safety no meio e marcação individual. Rivers então se aproveita que Allen bate o defensor dos Chiefs logo na scrimmage e tem um fácil touchdown.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
A orbit motion – por trás do backfield
Outro motion que vem sendo bastante utilizado na NFL é orbit motion. Muito usado no college football, consiste em um jogador (geralmente um wide receiver) vindo em velocidade e passando por trás do backfield.
É bastante utilizado em jogadas de end around, onde o quarterback finge entregar para o running back, mas na verdade dá a bola para o jogador em movimento. O touchdown de Emmanuel Sanders contra os Ravens é prova disso.
É simples notar como a defesa toda se move em direção ao running back Royce Freeman e quando percebe que a bola está com Sanders, já é tarde. Com campo livre, ele apenas segue os bloqueios e consegue um touchdown tranquilo.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
O uso desse tipo de jogada com o orbit motion, abre espaço para outra não tão comum: o wide receiver pass.
Como os Broncos já haviam utilizado Sanders correndo na jogada acima e mais uma vez contra os Chiefs, a defesa dos Cardinals não pensou duas vezes antes em avançar logo ao notar a bola na sua mão. O problema é que a jogada era um passe de Sanders para Courtland Sutton, que virou touchdown. Notem como safety e cornerback deixam Sutton passar limpo, sem um toque, totalmente focados em Sanders.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
Por criar uma situação de stress defensivo, o orbit motion é muito utilizado para conter edges muito agressivos (que passam a ter que se preocupar com sua lateral) como também para aproximar defensores indisciplinados taticamente para perto do box, os punindo seja com uma trick play ou com o play action pass.
Conclusão: ataques que usam movimentação têm vantagem antes do snap
Com o jogo de passe sendo cada vez mais a tônica na NFL, surge uma nova geração de running backs capazes de produzirem recebendo passes e com isso também tendo participação aumentada nos motions, coisa antes não tão rotineira.
Uma das maiores vantagens do motion do running back para posição de wide receiver é a criação de mismatches: duelos nos quais a defesa tende a perder.
Caso a defesa esteja alinhada em cobertura man é normal vermos um linebacker se deslocando para cobrir na scrimmage. São poucos que conseguem ter velocidade e qualidade nessa cobertura, gerando normalmente vantagem para o ataque. Os Falcons tem sido mestres nisso nas últimas temporadas.
No exemplo a seguir, Devonta Freeman se move do backfield para o slot e é acompanhado pelo linebacker LJ Fort. Sem dificuldade, ele o bate numa rota slant para um ganho de nove jardas. James White, Saquon Barkley, Alvim Kamara e Christian McCaffrey são alguns nomes que executam a função com excelência.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) 25 de outubro de 2018
Existem ainda uma infinidade de motions não tão utilizados na NFL, mas que em alguns momentos aparecem como o return, rocket e swing motion.
A verdade é que hoje os motions são partes fundamentais de qualquer ataque na liga, criando situações de constante dúvida e stress defensivo, falhas de comunicação e ajustes (os famosos mismatches) e limitando a agressividade defensiva. Com a nova geração de mentes ofensivas que vem despontando na NFL sua utilização terá cada vez mais importância e você verá com mais frequência variedades de movimentações antes do snap, complicando ainda mais a vida dos coordenadores defensivos.
Gostou da análise tática? Toda semana nossos assinantes têm uma exclusiva.
🔒 Análise Tática – O simples e criativo ataque do New England Patriots
🔒 Análise tática: A histórica rodada dos quarterbacks novatos
🔒 Análise tática: Josh Allen de volta a realidade contra os Packers
🔒 Análise tática: A versatilidade de Saquon Barkley foi fundamental para a vitória dos Giants
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Comentários? Feedback? Siga-me no Twitter em @deivischiodini, ou nosso site em @profootballbr e curta-nos no Facebook.









