Primeira Leitura: Eu não gosto da Classe de Quarterbacks do Draft 2016

A classe de quarterbacks para o Draft de 2016 não é tão preparada como você imagina. Não tem nenhum Andrew Luck, não tem nenhum Jameis Winston: os três melhores prospectos têm problemas e podem ter dores de crescimento. Além disso, falamos sobre notas ruins da intertemporada da NFL: a morte do defensive end, Will Smith, e mais uma vez Josh Gordon foi pego no anti-doping. Primeira Leitura é sua fonte semanal de informação sobre os mais diversos temas da NFL, confira.

Mas, antes, uma observação. O que é esta coluna? Bom, é a boa e velha AC/DC, que criei em 2012 na intertemporada para falar coisas offtopic. Depois, ela evoluiu para “Concussão” e era o carro-chefe do The Concussion. Como estava muito grande – quase 3000 palavras – fizemos um enxugamento e transformamos aquela coluna em “Quarterback de Papel”. Ao final do The Concussion e criação de ProFootball, a coluna não veio junto – mas como sentimos uma demanda, colocamos ela como a primeira meta do nosso programa de Assinantes/Clube de Benefícios para nossos leitores.

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Jared Goff é um prospecto super bem preparado. Talvez você tenha ouvido isso nos últimos meses, sobretudo a partir da reta final da temporada. Pergunto-me onde estava Jared Goff em 2014: poucos falavam sobre ele. O produto de California subiu como um meteoro na medida que a temporada dos Bears foi avançando na Pac12. Você se lembra quem era o principal quarterback para o Draft de 2016 naquela época?

Christian Hackenberg era uma unanimidade antes do escrutínio da imprensa. De repente, Goff subiu – muito devido sua produtividade estatística e, em parte, por conta de lançamentos feitos em janelas precisas – aqueles para mais de 15 jardas. Jared é perfeito? Bom… Tem problemas. A princípio, Goff cresceu num sistema com alguns princípios de West Coast com maior parte dos passes sendo realizados em rotas rápidas – curl/slant/screen. Sabe como se prova isso? Pela quantidade de passes que ele deu. Foram 529 tentativas de passe no ano passado. É muita coisa. A título de comparação, Hackenberg deu 359. Goff também tem um outro problema que me faz coçar a cabeça: todas as chamadas e ajustes no ataque eram feitas pelos técnicos. Isso, somado ao Air Raid que ele executava em Berkeley, me preocupam quando falam que ele está pronto. Não está.

Carson Wentz é outro jogador que apareceu do nada – sobretudo depois do Senior Bowl de 2016 (jogo dos ultimanistas, no qual os olheiros analisam os prospectos com calma na semana de treinamento). Wentz subiu muito por conta de seu porte, tamanho da mão e blabla. Pessoalmente, tenho um gigantesco pé-atrás com quarterbacks da segunda divisão do College – muito por conta do nível de competitividade. Wentz jogou uma partida, de toda forma, contra adversário da primeira divisão – a FBS: contra Iowa State. E foi mal: 18 passes completos de 28 tentados, para 204 jardas.

O terceiro elemento do triunvirato da primeira rodada é Paxton Lynch. Tão cru quanto Wentz e que também pode ter uma adaptação dolorosa para a NFL – sobretudo porque jogou contra adversários fracos em sua conferência. Lynch tem que melhorar seu “relógio” dentro do pocket, ele tomou sacks que não devia no ano passado muito por conta disso. A exemplo de Goff, viu todas as chamadas de ajustes de seu ataque vindos da lateral.

Os três são crus. É por isso que não gosto deles como salvadores de franquia – coisa que geralmente se espera de um quarterback draftado nas dez primeiras escolhas. Caso qualquer um deles acabe caindo em Dallas – esquentando o banco de Tony Romo e sendo lapidados – temos uma boa escolha. Qualquer um deles em San Francisco, começando a temporada de 2016 como titular… Pode ser uma carreira natimorta.

Veja: não são ruins. São jogadores com talento. Mas todos eles podem acabar passando por dores latentes de crescimento quando da adaptação do College para a NFL – sobretudo pelo nível de competitividade que enfrentaram por lá. Por termos, como sempre, uma demanda que não muda em função do valor do que está sendo vendido: é uma demanda inelástica, falando em termos microeconômicos – ou seja, seja o produto que vier do College, sempre vai ter algum escolhido em primeira rodada porque é a posição mais importante do esporte.

Caso eu fosse o general manager de qualquer uma dessas equipes no topo do Draft, escolheria um jogador defensivo – a classe é bastante rica. E sabe Deus quando teremos outra classe assim em posições como inside linebacker. Comparações de Myles Jack, ILB de UCLA, são com Ray Lewis para você ter uma ideia. Na escassez atual de linebackers que não sejam edge/pass rushers, quando um time terá outra oportunidade como essa? Mais: são inúmeros jogadores excelentes para linha defensiva. É realmente interessante pensar sobre o assunto. É preciso, também, que haja noção de planejamento. Não adianta escolher quarterback pra salvar a vida se não tem talento no resto do time.

Já como quarterback, a classe do ano tem DeShaun Watson – o qual muitos comparam com Russell Wilson. Parece uma estratégia interessante, escolher um diamante defensivo neste ano e ano que vem ter a possibilidade de Watson nas cinco primeiras rodadas.

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O que me leva à história em 1984 – não, não é o livro de George Orwell

A classe de running backs vem melhorando a cada ano – isso, aparentemente. Ano passado tivemos pelo menos um prospecto com talento puro para ser top 15 – depois de dois anos, 2013 e 2014, nos quais nenhum corredor foi escolhido na primeira rodada. Todd Gurley foi escolhido na décima pick no ano passado e causou impacto imediato nos Rams. Neste ano, Ezekiel Elliott também deve ser escolhido até a décima. Ano que vem temos uma das mais classes de corredores mais talentosas no recrutamento.

ACOMPANHE AQUI A NOSSA COBERTURA DO DRAFT DE 2016.

Interessante notar isso. Como as coisas são cíclicas de maneira tão, por muitas vezes, poética. A classe deste ano é forte em jogadores de linha defensiva – Joey Bosa, por exemplo, é melhor contendo a corrida do que o passe. A do ano que vem, em corredores. O Draft tem que ser pensado em planejamento de médio prazo, não para “hoje”. Quem faz maluquice no Draft sem pensar no amanhã, na verdade só está hipotecando esse amanhã – e vai pagar juros.

Falando em 1984 e classes, sabe quando foi o último ano no qual não tivemos um quarterback escolhido na primeira rodada? 1984, há mais de 30 anos. Obviamente isso se deu por uma força externa. Steve Young seria naturalmente escolhido na primeira rodada – mas já havia assinado com a USFL. Assim, o melhor prospecto disponível na posição saiu apenas na segunda rodada – Boomer Esiason com Cincinnati, para substituir Ken Anderson.

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Josh Gordon, de novo

Nessa altura do campeonato não deve ser notícia nova para você e nem para ninguém. Josh Gordon tem um problema nítido com drogas. Muitos dizem que a maconha não vicia ou que não é uma droga que vai muito além do uso recreativo. Bom, longe fazer qualquer juízo de valor sobre a vida de pessoas comuns que fazem uso recreativo da droga, mas quando seu trabalho, seu ganha-pão, depende do não uso dela e mesmo assim você continua… É um sinal de que sim, estamos diante de um vício.

Não vou fazer maiores juízos de valores sobre Josh Gordon, wide receiver do (?) Cleveland Browns. A gente estava estranhando como estava demorando pacas para que a NFL falasse algo sobre eventual readmissão de Gordon após a última suspensão, que lhe tirou da temporada 2015. Agora entendemos porque demorou. Ele foi pego no anti-doping de novo: uma amostra coletada ao início de março foi verificada como positiva para maconha – tanto a prova, quanto a contra-prova.

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Gordon foi o líder em recepções da liga em 2013. Agora, fica difícil que qualquer franquia confie num jogador que a qualquer momento pode ser suspenso novamente – mesmo que ele eventualmente seja reestabelecido à NFL. Infelizmente, é um talento jogado fora. Como já falei sobre Johnny Manziel, o caso aqui é de saúde, não de analisar desempenho atlético.

O melhor da semana

Não tem a ver com a semana em si, mas com a estrutura do Draft. A princípio, vale dizer que gostei que o Draft seja novamente em Chicago. Não porque eu goste da cidade ou porque torço para os Bears, mas porque a liga é nacional e quantos mais mercados receberem o Draft, melhor. A tendência é que quando o estádio dos Rams em Los Angeles esteja pronto, que a liga dê uma passadinha por lá em abril.

Falando em abril, outra coisa que gostei foi a volta do recrutamento para o final do mês de abril. Ano passado a liga testou o Draft em maio, uma semana depois do que costumeiramente acontece. Por um lado é bom para nós aqui – uma semana a menos de intertemporada sem nada para pensar ou fazer. Por outro, é ruim porque é mais uma semana de trabalho intenso. Se é assim para a gente que cobre o esporte, imagine para os técnicos e general managers: é uma semana mais longe de suas famílias. A liga acertou em fazer o Draft voltar ao final de abril. Sem dúvidas.

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O pior da semana

Muito, muito difícil não mencionar aqui que o pior que tivemos na semana foi saber da morte de Will Smith, defensive end que fora campeão do Super Bowl XLIV com o New Orleans Saints.

Veterano de nove anos, escolha de primeira rodada… Smith teve uma carreira laureada do início ao fim. A morte veio com tiros após uma briga de trânsito e chocou a comunidade da NFL nesta semana. Ele tinha 34 anos.

Não vou comentar mais sobre o assunto, porque não gosto de fazer sensacionalismo com notícias policiais – detesto esse tipo de jornalismo, na verdade. Nossos pensamentos com os amigos e família do defensive end. :/

Duas perguntas e uma afirmação

Continuamos na cobertura sobre a sucessão do trono de Dallas. Ser quarterback do Dallas Cowboys é facilmente um dos trabalhos mais difíceis do mundo. Tony Romo deve continuar com esse trabalho pelos próximos dois anos, pelo menos. Pensando nisso, e considerando que esse time dificilmente deve voltar ao topo do Draft por conta do talento que tem – julgo que ano passado foi exceção – será que Dallas vai escolher Carson Wentz ou qualquer outro quarterback para preparar a sucessão a Romo?

E os Browns também: fontes indicam que Cleveland está indo em direção de Jared Goff mais do que Carson Wentz. O Moneyball de Tony DePodesta será aplicado e teremos alguma maluquice na primeira rodada? Wentz nem Goff, um defensor?

O Tennessee Titans não deve trocar a primeira escolha geral do Draft de 2016. É o que meu coração diz, pelo menos. Sei que os boatos são cada vez maiores, mas se você for parar para pensar, estamos diante de uma situação semelhante àquela do ano passado. Quarterback era uma necessidade para os Titans e Mariota “não dava para passar”. O mesmo pode ser dito de Jalen Ramsey, considerando que defensive back também é uma necessidade “que não pode passar” com um talento como Ramsey. Ou mesmo com o offensive tackle Laremy Tunsil: quando você escolhe um franchise quarterback, é bom ter alguém para protegê-lo.

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Primeira Resposta: seu feedback!

Seu feedback é sempre importante para nós. Toda terça-feira a noite publicaremos perguntas dos leitores com nossas respostas. No passado essa parte da coluna não deu tão certo muito porquê não colocava os tweets que vocês me mandavam nela – queria que fosse exclusivo por email. Agora vamos colocar também!
Participe, então, da seguinte forma:

a) Comentando com o DISQUS lá embaixo

b) Mandando perguntas para meu twitter, @CurtiAntony

c) Mandando e-mail para curti@profootball.com.br – mas só uma pergunta ta? ahahaha antigamente mandavam 200 no mesmo email, ai complica. 

PS: Lembrando que ao mandar perguntas você autoriza a publicação delas aqui no ProFootball, ok?

Hello, Goodbye!

Finalmente fui ver Batman vs Superman. Sou do tipo de pessoa que não entende críticos de cinema e na maioria das vezes quero “ver por mim mesmo” se o filme é ruim como as pessoas estão falando ou não.

Bom, eu não gostei. O filme parece dois diferentes: um do Batman e um do Super-Homem. Aí juntaram os dois. Mas o que mais me incomoda – na verdade é algo que me incomoda pacas em filmes assim hoje em dia – é que temos mais cenas com efeitos especiais do que diálogos. Eu gosto de diálogos.

O filme não tem “arcos” desenvolvidos em seu roteiro também. Isso é ruim. Minha expectativa – até pelo trailer – é que Esquadrão Suicida seja melhor. Você gostou? Diz ai.

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