Romo está de volta, mas ele precisa se adaptar?

A temporada de treinamentos da NFL está começando e, junto com ela, o aumento astronômico de expectativas devido aos desempenhos nos treinos – principalmente agora em que não há contato entre os jogadores.

No esporte da bola redonda existe a máxima “treino é treino, jogo é jogo” ou, caso prefira, Romário indo tomar apenas um café com os companheiros em um dos turnos. O treinamento é bem menos qualificado do que no futebol americano, logo existem os jogadores que se dão muito bem mesmo sem treinar. No futebol americano é totalmente diferente: sem treinamento não se vai a lugar nenhum.

Só que isso não quer dizer que o cara treinando bem vai ser excepcional durante a temporada, ainda mais na posição de quarterbackcomo JaMarcus Russell já mostrou. A razão é clara: nenhum atleta vai querer, sob hipótese alguma, machucar o cara do time durante treinamentos em maio, junho e julho. Pode até ser que aquele queira machucar este fora de campo, mas dentro de campo é impossível. Por causa disso, signal callers usam um colete (ou uma jersey) vermelho (até mesmo em treinos com contato) que avisam os defensores para não dar um sack e acabar com a temporada da própria equipe – e, bem, os sacks acabam ficando muito mais leves.

O efeito disso? Mais presença de pocket, mais confiança nos lançamentos e muito menos erros. A mecânica de passe sai melhor, a leitura das coberturas é mais qualificada e os passes são mais precisos e com maior zip. Sem ter a preocupação de ser destruído pelo blind side (que pode acabar com a sua carreira), o quarterback consegue focar no mais importante: entregar a bola na mão dos seus recebedores.

Já deu para ver o erro no hype de treino? Duas coisas importantes em um quarterback, e muito esquecida na avaliação por alguns, são a coragem e a presença de pocket. As duas são altamente correlacionadas, é bem verdade, porém são distintas: ele precisa ter a presença de pocket para saber o lugar e a situação e, além disso, ter coragem de lançar a bola, com a mecânica ideal, mesmo sabendo que vai tomar uma porrada forte – e tem alguns que até mesmo dão parabéns ao adversário. Nos treinos, tudo isso é diminuído ou tirado: você pode ser sackado, mas sabe que não vai tomar um hit desconcertante que vai lhe render uma concussão e te deixar mal o resto do período. Quarterbacks sem presença de pocket viram reis em treinos, mas falham na temporada regular – obviamente. Outro grupo que também sofre com este disparate de situações reais de jogo e de treino? Quarterbacks com problemas de lesões – vide Michael Vick sendo perfeito no training camp e se machucando sempre porque não sabia (e não deve saber até hoje) dar um slide.

Tony Romo está de volta; relembre a sua lesão

Hoje o Dallas Morning News traz a melhor notícia para os torcedores do Dallas Cowboys e também para os fãs de NFL: Tony Romo está treinando normalmente, sem nenhum tipo de efeito colateral. Para quem não lembra, Romo quebrou a clavícula esquerda após um sack de Jordan Hicks em que ele caiu de mau jeito contra o Philadelphia Eagles. Ele ainda conseguiu voltar na metade da temporada, porém agravou a sua lesão no ombro contra o Carolina Panthers e não jogou mais.

Mesmo com a temporada encerrada, o Dallas Cowboys não sabia se operava a sua clavícula ou não. A indecisão acabou em março, quando ele foi para a mesa de cirurgia e entrou em processo de recuperação. Apenas dois meses depois, Romo já está de volta aos gramados e não sofre com a sua mecânica. A força do passe ou a precisão não iriam se alterar de maneira alguma, visto que a lesão foi no ombro esquerdo. Só que dizer que Romo não terá nenhum efeito colateral é meio cedo, principalmente com a sua idade.

A volta aos gramados só reacende a preocupação com a sua lesão

Não se esqueça que a estrela dos Cowboys já possui 36 anos. Além disso, ele teve sérios problemas de hérnia que também acendem o sinal amarelo para lesões no futuro. O seu desempenho nos treinamentos a partir daqui deve ser impecável, como sempre, mas isto não significa que a preocupação sob a sua forma física deva diminuir – mas sim aumentar.

São 10 anos já como titular e muita pancada tomada. Romo é um daqueles quarterbacks que entram no Hall de jogadores com presença de pocket e coragem destacáveis. Esta é uma característica inerente de seu jogo e ele não a deve perder até o fim da sua carreira – e isto é um grande problema. Acostumado a estender jogadas de maneira magistral, o quarterback deve ter o seu corpo enfraquecido e pode sofrer contusões mais facilmente ao longo do ano. Vai ser preciso uma reinvenção, improvável, de ele não tentar fazer tantas mágicas assim ou os Cowboys vão apenas torcer que ele não se machuque. Não importa a qualidade da linha, ele vai tomar hits severos.

Sejamos sinceros. Com Tony Romo de titular, o Dallas Cowboys é o favorito para levar a NFC East e um dos bons times na NFC. O jogo terrestre deve ser dominante, o controle do relógio vai voltar e 2016 pode muito bem relembrar 2014. Só que sem Tony Romo as chances de Playoffs são baixas.

Romo aparenta estar 100% saudável, mas é preciso muita cautela com a sua condição física. Será preciso minimizar os hits que Romo toma ao longo dos jogos, caso os Cowboys queiram se manter competitivos até o final da temporada. No treino, tudo bem e perfeito. No jogo é muito diferente, visto a idade avançada e os problemas já existentes. Para minimizá-los será preciso fazer com que o signal caller também colabore, desistindo de algumas jogadas mais cedo do que está acostumado – meio difícil alguém se adaptar tanto assim no final da carreira. O torcedor (e todo amante do esporte) espera que esta tranquilidade nos treinos se converta para os jogos, afinal Romo é um daqueles quarterbacks que são o símbolo da NFL.

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