As décadas de 80 e 90 foram extremamente prolíficas no esporte mundial. Seja qual for o esporte, grandes lendas do esporte surgiram nesta época recheada de amor a camisa, muita vontade e saudosismo. No futebol americano não foi diferente – diversas lendas estiveram em seu ápice como Joe Montana, Jerry Rice e muitos outros.
Além de grandes esportistas, essas décadas também são lembradas pelas intensas rivalidades. E uma das maiores de todas, no futebol americano, acontecia dentro da NFC East. Com uma qualidade absurda, a briga pela divisão era muito intensa e o campeão sempre despontava como um favorito ao Super Bowl. Vale lembrar que de 1986 a 1995 foram sete Super Bowls distribuídos dentro da divisão – apenas o San Francisco 49ers conseguiu quebrar a hegemonia em 88, 89 e 94 (nos Super Bowls disputados em 89, 90 e 95), na época de Montana e posteriormente Steve Young.
Como deu para perceber, fortes divisões fazem surgir o melhor de cada franquia. Afinal, são seis jogos divisionais por ano. Na época, mais – dado que o St. Louis/Phoenix/Arizona Cardinals ainda fazia parte da NFC East. Com uma disputa absurdamente intensa, os times da NFC Leste daquela época se preparavam melhor e enfrentavam duelos do nível dos que encontravam em janeiro. Na realidade, esta é uma tendência interessante na liga. Apesar do New England Patriots sempre passear em sua divisão e ser uma exceção, boa parte das franquias inseridas em fortes divisões acabam se dando bem nos Playoffs. Foi assim com Baltimore Ravens e Green Bay Packers, por exemplo, em seus recentes títulos. Claro que não é via de regra que campeões de divisões fortes tornem-se campeões, mas é algo que se chama a atenção.
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Indo mais para frente na história, isto explica um pouco o domínio que a NFC Oeste vem tendo na conferência nos últimos anos. Após o clássico período de “NFC Weak” (fazendo um trocadilho), Seattle Seahawks, San Francisco 49ers, Arizona Cardinals e St. Louis (agora Los Angeles) Rams deram uma guinada incrível e transformaram a divisão na mais forte da liga. Enquanto os três primeiros tiveram a sorte de encontrar seu signal caller das mais diversas maneiras (San Francisco ficou no topo dois anos devido ao trabalho de Jim Harbaugh e agora é a pior equipe da divisão, sendo que nem mesmo possui um franchise quarterback), os Rams subiram de produção graças a troca feita em 2012 com Washington – e os acertos no Draft. Dentro desta divisão forte, dois anos atrás começou a surgir um duelo que tem tudo para ser o principal na NFC em 2016: a disputa entre Arizona Cardinals e Seattle Seahawks.
Qual o motivo da intensa disputa?
Não é necessário ser especialista em futebol americano para saber o porquê dos Seahawks terem se tornado uma potência na Conferência Nacional. Quarterback jovem e muito inteligente, jogo terrestre dominante e uma defesa extremamente física (e bem treinada) os elevaram rapidamente à condição de favoritos. Dentro da divisão Seattle teve, nos últimos anos, sempre um desempenho muito bom contra os 49ers – que eram os adversários diretos pelo título. Já contra os Cardinals a história é diferente.
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Apesar das duas vitórias acachapantes em 2014 (muito por conta das inúmeras lesões de Arizona, incluindo na posição de quarterback), desde 2013 era possível notar que a franquia do deserto tinha vantagem no matchup contra Seattle. A vitória que quebrou a sequência dentro de casa dos Seahawks em 2013 foi construída com um jogo terrestre constante e, principalmente, uma pressão em cima de Russell Wilson que visava o manter desconfortável no pocket – era uma amostra do quão difícil seria esta rivalidade no futuro.
No ano passado Arizona conseguiu reunir as peças que faltavam para pular de bom para elite. A defesa pressionando o adversário, Carson Palmer em ótima forma e, um aspecto muito pouco lembrado, um jogo terrestre físico e produtivo – seja com Chris Johnson, Andre Ellington ou, mais ao final do ano, com David Johnson. Aplicando a mesma estratégia de 2013, com um adendo de ter um ataque aéreo mais preparado, os Cardinals dominaram a divisão, ganharam o jogo que importava e conquistaram um título merecido no ano passado – e quase chegaram ao Super Bowl.
A rivalidade tem tudo para esquentar em 2016
Cardinals e Seahawks devem manter a rivalidade em 2016 e a disputa na NFC West vai ser apertada. Entre os dois, Seattle era o que mais precisava de reforços pontuais para poder reequilibrar a disputa. Mesmo com a aposentadoria de Marshawn Lynch, que não foi tão bem no ano passado contra Arizona, a franquia teve um reforço importante no jogo terrestre com a reformulação no miolo da linha ofensiva. Justin Britt, que jogou de left guard em 2015, deve ir para a posição de center e abrir espaço para a disputa de posição entre o veteraníssimo Jahri Evans e Mark Glowinski – até mesmo Rees Odhiambo poderia participar da disputa. Do outro lado, a escolha de primeira rodada Germain Ifedi deve ser o right guard em 2016, o que vai reforçar o jogo terrestre para Thomas Rawls.
Claro que a defesa, outrora dominante, ainda possui diversos pontos de interrogação, como com Brandon Browner (o rei das faltas no ano passado pelos Saints) e um miolo de linha defensiva muito jovem e quase uma incógnita. O maior símbolo desta incógnita é Jordan Hill, que deve ter a primeira oportunidade de ser um titular em tempo integral nesta linha. Apesar de ainda ter grandes dúvidas na posição de offensive tackle, Seattle parece ter um pouco mais de qualidade em 2016 do que em 2015.
Enquanto os Seahawks tentaram cobrir todos os pontos, poucas pessoas prestaram atenção no trabalho formidável realizado pelos Cardinals nesta intertemporada. A secundária ainda possui incógnitas demais, é bem verdade, porém o reforço, principalmente, no pass rush e na profundidade de rotação da linha ofensiva (até mesmo trazendo o campeão Evan Mathis, que não tem mais a mesma forma da época dos Eagles mas ainda é um titular mediano). Além disso, o trio de running backs saudáveis deve dar uma nova dimensionalidade a este ataque que foi um dos melhores da liga no ano passado. Sem muita mídia, Arizona conseguiu subir um degrau acima e montar um elenco extremamente qualificado.
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Com um elenco ainda melhor, os Cardinals começam a temporada mais a frente de Seattle, porém esta disputa deve ser a melhor do ano na NFC. Os dois elencos possuem qualidades e vão disputar o título da conferência até o final. A vantagem das duas franquias, sobre o resto da conferência, é estarem inseridas nesta divisão extremamente forte e que vai ser a melhor da NFL. Sem sombras de dúvidas deve preparar ainda melhor as duas franquias para os possíveis desafios em janeiro. Livre de lesões, Cardinals e Seahawks devem fazer as disputas mais acirradas de 2016 e os dois jogos (em 23 de outubro e 24 de dezembro, um presente para o fã de futebol americano) serão imperdíveis.
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