Previsões 2016: Luck está de volta, mas a AFC South está bem mais forte em 2016

Talvez a divisão mais fraca da NFL no ano passado, a AFC South como um todo tentou se reinventar na última intertemporada. A começar pelo inesperado campeão, o Houston Texans, que foi atrás de um dos quarterbacks do campeão do Super Bowl. Quase ninguém poderia apontar que Houston acabaria ficando com a coroa do sul da Conferência Americana. Afinal de contas, na NFL “aérea” de hoje em dia, um bom quarterback é meio caminho andado para o título divisional – pergunte aos Patriots na AFC East.


Ocorre que aquele que seria o melhor quarterback da divisão, Andrew Luck, saiu machucado no meio da temporada passada após vitória sofrida contra os Broncos. Luck não voltaria mais a campo e os Texans se aproveitaram disso. A equipe do Texas terminou no topo da divisão com nove vitórias – uma semana depois, foi amassada pelo Kansas City Chiefs em casa no Wild Card Round.

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Embora tenhamos começado falando de Colts e Texans, é difícil dizer que eles são os únicos competidores pelo título da AFC South. Blake Bortles está em seu terceiro ano como quarterback na NFL – e geralmente boas coisas são esperadas para terceiranistas. Marcus Mariota agora tem consigo no backfield o que pode ser uma das melhores duplas de running backs da NFL em DeMarco Murray e Derrick Henry. Dá para dizer que a divisão está aberta?

Dá. Todos os times têm pontos positivos ao mesmo tempo que levantam questionamentos. Brock Osweiler é o franchise quarterback que os Texans precisam ou aquele que deu pra arrumar? A defesa dos Colts segurará alguma coisa? A linha ofensiva dos Jaguars conseguirá manter Bortles saudável mesmo sendo uma das mais questionáveis da NFL?

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Em realidade, tudo pode acontecer nessa divisão. Afinal de contas, o paradigma do ano passado bem demonstra tal tendência. Se Bortles machucar em Jacksonville depois de estar 6-3 na temporada, os Texans podem abocanhar o título. E vice-versa. Ao mesmo tempo, o backfield de Tennessee pode dominar as partidas divisionais controlando o relógio e cansando as defesa adversárias. E, de repente, poderíamos ter os Titans vencendo a divisão. É difícil: mas na AFC South literalmente qualquer coisa pode acontecer, tal qual em 2015.

O novo time de Brock


A ida de Brock Osweiler para a AFC South surpreendeu muitos, dado que ele por anos foi considerado “Príncipe Herdeiro” de Peyton Manning no Denver Broncos. Após assumir o trono e antes do início dos playoffs voltar para o banco (por demérito próprio, vale destacar, ele não estava jogando bem), Osweiler ficou de saco cheio e aceitou a proposta milionária dos Texans.

Ao que tudo indica, a mais jovem franquia da NFL finalmente encontrou um quarterback para chamar de seu titular após o circo da temporada passada. Osweiler não é a única novidade no sul do Texas. Após a queda de produção de Arian Foster, este foi dispensado e para seu lugar veio Lamar Miller, um running back um tanto quanto subutilizado pelo playcalling do Miami Dolphins. As novidades continuam no que tange aos recebedores. DeAndre Hopkins é um dos jogadores mais subestimados da NFL – ele produziu absurdos tendo Brian Hoyer, Ryan Mallett, T.J Yates e Brandon Weeden lhe passando a bola. Agora, além de ter um quarterback possivelmente melhor do que todos esses somados, Hopkins conta com mais talento ao seu redor no grupo de recebedores.

Isso é bom? É ótimo. As defesas terão que se focar nos outros wide receivers (os calouros Will Fuller e Braxton Miller, os quais parecem ter agradado, dado que o veterano Cecil Shorts foi cortado na semana passada) e DeAndre não sofrerá com marcação dupla a todo instante. No geral, Houston parece ter o time que no papel é o menos problemático da divisão. Isso, claro, não quer dizer que não existam problemas. J.J Watt, o perene jogador defensivo do ano e descendente de Hércules no planeta Terra, está se recuperando de lesão e ainda não é certo que ele jogará contra os Bears na abertura da temporada. O left tackle Duane Brown – um dos melhores da liga na posição – ainda se recupera, também, de lesão (quadríceps) e deve voltar em algum momento da primeira metade da temporada. Mas sua ausência pode ser bastante sentida.

Confira o índice de Previsões do ProFootball para 2016

Se a ausência de ambos vai comprometer ou não, tudo depende do ataque como um todo e de Brock Osweiler. Ele chegou para ser o quarterback que o técnico Bill O’Brien sempre sonhou em ter. Talento ao redor, há. Basta saber se ele irá conseguir carregar o time nas costas.

Sempre temos um time jovem que surpreende, será a hora dos Jaguars?

Você pode ter se esquecido, mas no ano passado os Jaguars chegaram a ter chance matemática de se classificar na segunda metade da temporada. Acabou não dando certo, mas para a sorte do torcedor a equipe agora está mais forte do que a do ano passado. Consideravelmente, por assim dizer.

Seu dono, Shad Khan, gastou dinheiro como se não houvesse amanhã para reforçar a equipe no lado defensivo da bola – discutivelmente um dos piores da NFL até ano passado. Pela free agency, veio o defensive tackle Malik Jackson (ex-Broncos), o cornerback Prince Amukamara (ex-Giants) e o safety Tashaun Gipson (ex-Browns). Não são jogadores geniais, mas eram titulares em suas respectivas equipes até ano passado e já são melhoras se comparado ao que havia no norte da Flórida. Ademais, na prática, o Jacksonville Jaguars teve três escolhas de primeira rodada no Draft de 2016.

Dante Fowler Jr, defensive end, foi escolha de primeira rodada no ano passado mas não jogou por se machucar antes mesmo da pré-temporada. O cornerback Jalen Ramsey era um dos melhores (para mim, o melhor) prospecto do Draft 2016 e foi escolha de primeira rodada neste ano. E o inside linebacker Myles Jack foi escolha de segunda rodada, mas só porque havia preocupações quanto à saúde de seu joelho – preocupações que até agora se mostraram infundadas.

Confira o índice de Previsões por Divisão no ProFootball em 2016

O problema ainda é a linha ofensiva, como dito antes. Bortles foi sackado 51 vezes ano passado – número que impossibilita qualquer sonho mais alto. Claro: ele ficou com a bola tempo demais em muitos desses sacks, mas mesmo assim, é algo que precisa ser endereçado. Os Jaguars trouxeram o left tackle Kelvin Beachum para ao menos tentar resolver esse problema. Ao mesmo tempo, a solução tem que passar por Bortles. Na mesma medida que ele foi o quarterback com mais passes para mais de 25 jardas, também liderou a NFL em interceptações.

O amadurecimento do elenco dos Jaguars é essencial para que o time deixe de ser o “time do futuro” para ser o do presente. Dados os reforços, a tendência é que isso aconteça no ano que vem. Mas a aposta para este ano é válida.

A idade pode ser problema em Indianapolis


Sim, Andrew Luck está de volta e, sim, ele é o jogador mais bem pago da NFL após renovar o contrato nesta intertemporada. Só que, por mais que a NFL seja uma liga de quarterbacks e que esta seja a posição mais importante do esporte – e talvez a que mais demande mentalmente em todos os esportes americanos – não dá para dizer mais que os Colts levam a divisão por ter Luck. Os outros times se reforçaram e a vida não será tão fácil como há dois anos atrás. O ano passado pode ter sido um prelúdio disso.

Falando em Luck, ele tem que jogar melhor. Após chegar na final da Conferência Americana em 2014, havia muitas expectativas ao seu respeito. Eu mesmo acreditava na época que Luck era forte candidato ao Super Bowl e ao prêmio de MVP da liga. Não foi bem assim. Aparte de suas corridas para fora do pocket, que faziam o torcedor prender a respiração, Luck teve problemas em interceptações. Para muitos, isso se deve ao fato dele lançar machucado – o que, de fato, faz com que os passes sejam menos precisos. Os números, de toda sorte, assustam negativamente, dado que ele teve quase a mesma quantidade de touchdowns (15) do que de interceptações (12). Para proteger Luck, os Colts pensaram em emular algo que foi feito no passado.

Peyton Manning tinha em Jeff Saturday seu fiel escudeiro na linha ofensiva. Agora, a esperança é que Luck tenha um igual em Ryan Kelly, o melhor prospecto entre os centers no Draft de 2016 e a primeira escolha geral de Indianapolis no recrutamento. Os Colts usaram, também, a escolha de terceira rodada num jogador de linha. Le’Reven Clark, offensive tackle de Texas Tech.

Nem tudo são flores, de toda forma. As lesões vem sendo o pesadelo da diretoria do time e a defesa ainda é um gigantesco ponto de interrogação. O left guard Jack Mewhort deve ficar fora de um mês por lesão no joelho e o corpo de cornerbacks, que já não era aquela maravilha, virou um episódio de Plantão Médico – a ponto de Antonio Cromartie, no alto dos seus 32 anos, ser contratado para ajudar. Como dito no subtítulo, a idade é o que preocupa. Robert Mathis tem 35 anos e é um dos principais pass rushers da equipe. E o que, em tese, é o running back titular, Frank Gore, tem 33.

Os Titans estão correndo por fora, literalmente

Marcus Mariota foi uma montanha russa na temporada passada. Ele teve ótimas partidas, como a abertura da temporada contra o anacrônico Tampa 2 de Lovie Smith e dos Buccaneers –  mas também foi protagonista de exibições bem abaixo do que se espera de um quarterback profissional. Ademais, Mariota perdeu 4 jogos por lesão – uma hora ia acabar acontecendo, até porque sua linha foi a que mais cedeu sacks na NFL (54).

Pensando em todo esse contexto, os Titans vieram para 2016 com uma estratégia ousada: um clássico “De Volta para o Futuro”. Enquanto o resto da liga está pensando em um jogo aéreo cada vez mais eficiente, os Titans pensaram em montar um time com um viés completamente terrestre. Primeiro de tudo, tiraram o center Ben Jones do rival Texans. Depois, draftaram Jack Conklin para ser seu limpa-trilho-right tackle. Não obstante, trouxeram DeMarco Murray via troca com Philadelphia e na segunda rodada do Draft trouxeram o running back vencedor do Heisman, Derrick Henry.

Mesmo parecendo uma ótima ideia, é algo arriscado e fora da caixa. Haverá oportunidades nas quais os Titans estarão atrás no último quarto e precisarão do jogo aéreo. E aí? Como fica essa ideia? Dá para ganhar 6 jogos com o jogo terrestre sendo o mais produtivo da NFL, mas vencer a divisão é tarefa mais complicada.

Previsão da ordem de classificação da AFC South em 2016:

  1. Houston Texans
  2. Jacksonville Jaguars
  3. Indianapolis Colts
  4. Tennessee Titans

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