Previsões 2016: Mesmo sem Brady em setembro, a tendência é mais um título dos Patriots na AFC East

Bill Belichick está na AFC East como Head Coach do New England Patriots desde 2000. Naquele ano, a divisão ainda apresentava uma “ressaca” dos anos 1990: Jim Kelly havia aposentado na metade daquela década, Dan Marino em 1999, os Jets buscaram Chad Pennington no Draft de 2000 e os Patriots, na sexta rodada, um tal de Tom Brady.


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A tendência é que o treinador, em sua segunda chance como head coach na NFL depois de passagem como treinador dos Browns, tivesse no quarterback Drew Bledsoe seu líder pelos anos seguintes. O primeiro ano foi aquém do desejado: os Dolphins venceram a divisão com 11-5 e os Patriots amargaram campanha de 5-11. Eis que na Semana 2 da temporada posterior, em 2001, Drew Bledsoe saiu do pocket e foi atingido pelo linebacker Mo Lewis, do New York Jets. Machucou. Saiu de campo. Corria risco de ficar fora da temporada.

Em seu lugar, entrou o então desconhecido Tom Brady. Desde então, ele praticamente não saiu mais fora quando se machucou ou neste ano quando foi suspenso; os Patriots foram campeões de divisão em todos os anos menos 2002 (na ressaca do título de 2001) e em 2008, quando Brady foi atingido pelo safety do Kansas City Chiefs, Bernard Pollard, e perdeu o resto da temporada. Na ocasião, o Miami Dolphins voltou a vencer a divisão com sua wildcat formation.

O domínio de New England é impressionante. Desde a formação da dupla Brady-Belichick, com aquele saudável, são títulos de divisão em mais de 10 oportunidades. A ida aos playoffs na AFC East dependeu inúmeras vezes pelo wild card. O New York Jets na Era Rex Ryan até conseguiu – derrubando os Patriots em casa nos playoffs, inclusive. Mas na enorme maioria dos casos, New England passou um trator em cima de uma divisão que ainda não encontrou substitutos para Pennington (tanto nos Jets quanto nos Dolphins em 2008), Kelly e Marino.

Ironicamente, quem precisa de substituto em 2016 é o New England Patriots. Por causa de suposto envolvimento no DeflateGate (as bolas com menos ar do que o regulado pelas normativas da NFL, conforme verificado na final da Conferência Americana entre Patriots e Colts em 2014), Tom Brady está suspenso pelos quatro primeiros jogos da temporada. Seu substituto é Jimmy Garoppolo, terceiranista sem muita experiência que jogou em Eastern Illinois, mesma universidade de Sean Payton, técnico dos Saints, e de Tony Romo. A ausência de Brady pelos quatro primeiros jogos da temporada não chega a abrir uma porta na divisão – mas abre ao menos uma pequena janela. Duas das quatro partidas nas quais Garoppolo entra em campo são contra equipes da própria AFC East – Dolphins e Bills, ambas em casa, no Gillette Stadium.

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“Você tem que vencer seus jogos divisionais, com Brady suspenso por quatro jogos, acredito que a divisão esteja a alcance”, disse Eric Decker, wide receiver do New York Jets. Não chega a tanto, mas a suspensão de Brady ao menos deixa as coisas potencialmente mais competitivas no leste da Conferência Americana. Com 12 dos 13 últimos títulos, mesmo sem Brady, o New England Patriots continua favorito. Mas precisa ganhar pelo menos dois dos quatro jogos sem seu líder para fazer com que não haja riscos em 2016.

A Gangue sem Brady continua favorita


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Serão os primeiros jogos de temporada regular sem Brady nos Patriots desde 2008, como dito acima. Na ocasião, o New England Patriots perdeu a divisão no critério de desempate. Comandados pelo reserva Matt Cassel, New England conseguiu bater 11 vitórias na temporada. Não foi o suficiente, mas é um paradigma que anima o torcedor para as quatro partidas sem o camisa 12. O sistema criado por Bill Belichick é vencedor. Afinal, como explicar que Barkevious Mingo nada produzia em Cleveland e no primeiro jogo de pré-temporada em New England tem uma das melhores partidas de sua carreira?

O ataque dos Patriots deve depender dos tight ends ao início desta temporada bradyless. Com certeza foi algo de caso pensado para a hipótese sem Brady. Bill Belichick, como estudioso do jogo, sabe bem que o tight end é o melhor amigo do quarterback inexperiente – até porque ele torna as coisas mais fáceis na red zone em duelos com linebackers (e também porque servem como válvulas de escape em passes curtos quando a pressão chega). Jimmy Garoppolo terá à disposição o que deve ser a melhor dupla de tigth ends da NFL. Rob Gronkowski, com as lesões de Jimmy Graham, se tornou o rei na posição. E Martellus Bennett foi constantemente um dos mais sólidos tight ends recebendo passes, outrora titular em Chicago.

Enquanto a posição de tight end anima, ainda restam dúvidas quanto ao jogo corrido. O potencial titular na posição de running back, Dion Lewis, vem buscando se recuperar de lesão e posterior cirurgia no joelho. Com efeito, Belichick deve fazer um “rodízio” entre os outros dois running backs do elenco, James White e LeGarrette Blount. Justamente pela lesão, talvez esse “comitê” possa contar com Bishop Sankey, recém-chegado após ser cortado por Tennessee. Ainda não é o interessante, então pode haver preocupação nesse sentido se Garoppolo não conseguir precisão em passes curtos tal qual Brady faz para substituir eventual deficiência no jogo terrestre. Ainda, preocupa a linha ofensiva (que já foi problema no ano passado). David Andrews deve ser o novo center e talvez o único ponto sólido seja o left tackle Nate Solder. Sempre que há mudança de center, considerado o cérebro da unidade, há preocupação.

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A defesa perdeu um de seus pass rushers em Chandler Jones, trocado para Arizona na última intertemporada. Mas a unidade é justamente a esperança para o torcedor nesses quatro jogos sem Brady. Herói do Super Bowl XLIX, Malcolm Butler volta após positiva temporada de 2015 – marcou bem Odell Beckham Jr, por exemplo – e conta com reforços ao seu lado, notoriamente Cyrus Jones (cornerback calouro de Alabama) e Eric Rowe, vindo de troca com Philadelphia e que acaba compondo o elenco. Atrás deles todos, Devin McCourty é discutivelmente um dos melhores safeties da liga. E mesmo sem Jones, os linebackers ainda são uma unidade acima da média se comparada com o resto da NFL – Collins e Hightower são digno de nota.

De toda forma, Tom Brady volta na Semana 5… Contra o Cleveland Browns, forte candidato a pior campanha da NFL nesta temporada. Não seria nenhuma surpresa se o Tom Brady’s Angry Revenge Tour – Part Deux começasse com uma sacolada em Cleveland. Se Garoppolo conseguir ao menos uma campanha de 2-2, o favoritismo de New England deve estar preservado. Se conseguir 3-1, imaginando que a hipotética derrota seja para Arizona na Semana 1, aí a tendência deve seguir como nos outros anos.

Fitzpatick volta, será o suficiente em Nova York?

Ryan Fitzpatrick assinou contrato de um ano com os Jets aos 45′ do segundo tempo, antes da abertura dos training camps. Será que agora é o suficiente? Ano passado ele oscilou com algumas interceptações tolas – notoriamente na decisiva Semana 17 contra Buffalo, fora de casa. A impressão, no todo, ainda é positiva. Afinal, ele jogou como poucos quarterbacks nos últimos tempos no lado verde de Nova York. Foram 31 touchdowns passados, recorde na história da franquia.

As gratas surpresas no jogo aéreo dos Jets estão de volta neste ano com Brandon Marshall e Eric Decker. Eles voaram sob o radar por boa parte da temporada e tiveram uma incrível produtividade na red zone. Marshall foi outro que quebrou recordes, com 109 recepções e mais de 1500 jardas na temporada. Já Decker, vindo dos Broncos em 2014, também foi ótimo flanker: 80 recepções e também mais de 1000 jardas recebidas. Para ajudar ambos, os Jets trouxeram em Matt Forté, via free agency, um dos mais versáteis running backs da liga.

No lado defensivo, tal qual para o torcedor de New England, há expectativas positivas. A unidade tem um mentor agressivo no treinador Todd Bowles e boa parte dos titulares do ano passado está de volta. Darrelle Revis, embora não produtivo como em outros anos, volta na secundária. Mas a parte mais especial dessa defesa é o pass rush com Mo Wilkerson (de contrato recém-renovado) e Leonard Williams. A primeira escolha geral do Draft dos Jets neste ano, o linebacker Darron Lee, deve ajudar no front seven também.

O ano passado para muitos foi “fora da curva” pelo fato do calendário dos Jets ter sido mais fraco que o normal. Neste ano Fitzpatrick terá que levar seu jogo a um outro patamar. E a defesa, agressiva com blitzes ou não, também terá que se afirmar. A primeira parte do calendário assusta: além de ser o único time da divisão a jogar duas partidas contra Tom Brady em 2016, os Jets têm seis jogos fora de casa nas primeiras nove semanas. Ademais, cinco dos seis primeiros oponentes deste ano foram aos playoffs na temporada passada. Não será fácil repetir o desempenho de 2015.

Adam Gase continuará em Miami com o rótulo de guru de quarterbacks?

Se por um lado o novo técnico do Miami Dolphins, Adam Gase, é o técnico mais novo da NFL – ele tem “apenas” 38 anos – por outro é um cara experiente com resultados positivos na carreira. Gase vem para um elenco que contava com um dos mais apáticos treinadores em Joe Philbin. Este foi demitido no meio da temporada passada e agora os Dolphins querem um novo rumo, especialmente para seu ataque.

Mesmo sendo jovem, Gase tem um senhor currículo. Conseguiu operar um milagre em 2011 como técnico de quarterbacks de Tim Tebow, foi o coordenador do ataque com mais pontos da história em Denver, ainda em 2013, e no ano passado reviveu a carreira de Jay Cutler no Chicago Bears, também como coordenador ofensivo. Depois dessas marcas, tornou-se, como era previsto, uma das mais cobiçadas mentes ofensivas da liga. Agora chega no sul da Flórida para injetar novo ânimo na carreira de Ryan Tannehill, tal qual fez ano passado com Cutler.

Tannehill tem um dos braços mais fortes do futebol americano profissional e lançou para mais de 4000 jardas nos dois últimos anos. Entretanto, ainda não teve campanha com mais vitórias do que derrotas em sua carreira. A melhor marca foi um 8-8; Tirar essa inconsistência é justamente o objetivo de Gase em seu primeiro ano – embora não seja missão fácil. A linha ofensiva precisa melhorar – e não foi por acaso que os Dolphins resolveram arriscar com Laremy Tunsil no Draft – e a defesa precisa fazer jus a toda badalação que ganhou quando Ndamukong Suh chegou na temporada passada.

A meta, de toda sorte, é elevar o nível de jogo de Ryan Tannehill. E envolver um pouco mais o jogo terrestre, tão negligenciado no playcalling de Philbin. Lamar Miller se foi na free agency e para seu lugar veio Arian Foster – o qual foi declarado titular nesta semana. Resta saber qual Foster irá aparecer. Aquele que fora brilhante nos Texans ao início da década ou o que vivia machucado nos últimos dois anos.

Em Buffalo, a adaptação do 4-3 para o 3-4 ainda continua


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Como uma defesa que foi a líder em sacks da NFL em 2014 conseguiu ser uma das piores no quesito apenas um ano depois? A mudança de sistema defensivo explica muita coisa. A (falta de) química no vestiário, idem. Mario Williams, defensive end laureado e outrora primeira escolha geral no Draft de 2006, simplesmente não conseguiria se adaptar do 4-3 para 0 3-4. Parece pouca coisa, mas não é.

Assim, por mais que muitos tenham ficado assustados com a queda de produtividade da unidade defensiva de Rex Ryan, é algo que naturalmente ocorreria pelas dores de adaptação de um sistema defensivo para o outro. No ataque, porém, a boa notícia é que o time encontrou uma gema perdida chamada Tyrod Taylor. Móvel e com braço forte, Taylor foi uma das gratas surpresas da NFL no ano passado e é perfeito para o esquema do coordenador ofensivo da equipe, Greg Roman (conhecido por ter trabalhado com Colin Kaepernick no auge do quarterback dos 49ers).

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Na adaptação para o 3-4, Williams se foi (agora está no rival, Miami Dolphins) e novas peças chegaram. O problema é que chegaram, mas não entrarão em campo tão cedo. Shaq Lawson, outside linebacker, foi primeira escolha geral no Draft de 2016 e deve ficar fora dos campos ao menos por um mês depois de cirurgia em maio. A escolha de segunda rodada, Reggie Ragland, está fora da temporada com lesão no joelho. Marcell Dareus, o defensive tackle de 3-tech responsável pela pressão pelo interior da linha, também fica fora do primeiro mês de temporada após ser suspenso por violar a política de substâncias químicas controladas – ele é reincidente, daí os quatro jogos de suspensão.

A incógnita paira em Buffalo e, justamente por esses problemas na defesa – setor que deveria ser a principal virtude de um time comandado por Rex Ryan – a equipe deve correr por fora na divisão.

Previsão de Classificação da AFC East em 2016:

  1. New England Patriots
  2. New York Jets
  3. Miami Dolphins
  4. Buffalo Bills

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