Os Bengals ainda podem ser considerados ameaça na AFC?

Depois de apenas três semanas de ação, já podemos dizer que a temporada 2016 da NFL está sendo bastante surpreendente em vários aspectos – sejam eles bons ou ruins. O grande nível apresentado pelos quarterbacks titulares estreantes, a liderança dos Rams na NFC West e as invencibilidades de Eagles e Ravens são as principais surpresas agradáveis. Por outro lado, os records negativos de equipes como Cardinals, Panthers e Bengals – todas elas bem elogiadas antes da temporada começar – está deixando muita gente espantada.

Vamos nos ater ao último ponto. Por que times considerados tão fortes iniciaram o ano patinando? Bem, não existe uma resposta geral e precisamos analisar caso a caso. De modo geral, toda via, a gente sabe que a NFL é extremamente competitiva e que a longa intertemporada faz com que as coisas mudem de um ano para outro.

De modo especial, neste texto vamos discutir especificamente a situação de Cincinnati. Em 2015, a franquia demorou 11 semanas para perder sua segunda partida. Hoje, em apenas três, soma duas derrotas. Os Bengals estão sofrendo defensivamente mais do que o esperado e a linha ofensiva também vem deixando a desejar. Andy Dalton, entretanto, não aparenta estar sentindo tanta falta do ex-coordenador ofensivo Hue Jackson.

Confira uma análise sobre os problemas apresentados pela equipe até agora, os responsáveis pelo record 1-2, e veja se já chegou a hora dos torcedores de Cincinnati se desesperarem ou então se há expectativa de melhora.

Uma defesa que por enquanto está “envergando e quebrando”

Uma das características da defesa dos Bengals no ano passado era “envergar, mas não quebrar”. Vamos explicar. O time ficou apenas um pouco acima da média (11ª posição) no quesito jardas cedidas por partida (340,8), contudo terminou como o segundo que menos cedeu pontos na temporada (279 totais ou 17,4 por jogo). Isso significa que na hora do aperto a defesa aparecia e evitava as pontuações adversárias, o que na final das contas é o mais importante.

Já em 2016 as coisas mudaram. Cincinnati é a 15ª melhor equipe em jardas permitidas por jogo (356,3) e a 20ª em pontos concedidos (75 totais ou 25 por partida), ou seja, a defesa por ora está envergando e quebrando. Ademais, a franquia está se complicando em duelos específicos. Na vitória da semana 1 sobre os Jets, permitiu 152 jardas terrestres totais (96 para Matt Forte). Na derrota diante dos Steelers, 94 jardas pelo chão para DeAngelo Williams. Contra Denver, a defesa terrestre apareceu, só que aí foi a vez da secundária falhar: 117 jardas aéreas para Emmanuel Sanders, 100 para Demaryius Thomas e várias big plays cedidas.

Tais números são surpreendentes, pois os Bengals mantiveram boa parte do elenco titular de 2015. As principais ausências são as saídas do safety Reggie Nelson e do cornerback Leon Hall, além do suspenso linebacker Vontaze Burfict, que poderá voltar a ser escalado na semana 4. A queda de desempenho talvez seja uma coisa momentânea – o espaço amostral de três confrontos é muito pequeno para maiores conclusões -, entretanto certamente é uma das causas para o insucesso atual do time.

Problemas na linha ofensiva

Além da defesa, Cincinnati está sofrendo agora com outro setor que foi muito consistente há um ano: a linha ofensiva. Andy Dalton vem sendo frequentemente pressionado e já foi sackado 12 vezes em 2016 – maior marca da liga, empatada com os Panthers. Foram inacreditáveis sete sacks contra os Jets. Na temporada passada inteira, o quarterback foi tackleado atrás da linha de scrimmage em 32 ocasiões. Para piorar, a linha ofensiva está falhando também em abrir espaço para corridas. O ataque terrestre foi bastante discreto diante de New York e Pittsburgh, só explodindo mesmo no duelo com os Broncos (143 jardas), sobretudo graças à uma corrida de 50 jardas de Jeremy Hill. A unidade chegou inclusive a receber uma nota negativa na semana 2 no quesito bloqueios para corridas pelo site de análises Pro Football Focus. Talvez possamos atribuir um pouco desta queda de rendimento à saída do competente coordenador ofensivo Hue Jackson, afinal os atuais membros da linha ofensiva são os mesmos de 2015.

A boa notícia é que Dalton está, na medida do possível, conseguindo se virar sem a ajuda necessária da linha ofensiva e do jogo terrestre. Suas estatísticas podem não ser brilhantes (938 jardas, dois touchdowns, duas interceptações e um rating de 89.0), porém suas performances estão sendo sólidas, ainda mais quando lembramos o alto nível dos adversários enfrentados até aqui. Havia muitas dúvidas sobre o que aconteceria com o quarterback em 2016, pois ele perdeu Hue Jackson, dois wide receivers de confiança (Marvin Jones e Mohamed Sanu) e o tight end Tyler Eifert – este último momentaneamente por lesão. Dalton vem conseguindo espalhar a bola pelo ataque, acionando bem os wide receivers A.J. Green, Brandon LaFell e Tyler Boyd e o running back Giovani Bernard com seus passes.

Ainda não é hora de desespero

Apesar das coisas ruins que destacamos acima, ainda é muito cedo para tirar os Bengals da briga pela divisão ou mesmo pela conferência. Já dissemos algumas vezes aqui no Pro Football que Cincinnati conta com um dos elencos mais talentosos e completos da NFL. Não mudamos de opinião a este respeito após duas derrotas. Os jogadores possuem qualidade técnica e Marvin Lewis é um treinador competente, capaz de fazer os ajustes necessários para o time melhorar. Além do mais, Tyler Eifert está próximo de retornar da sua contusão no tornozelo. O tight end é uma arma fatal na red zone e deixará o ataque muito mais perigoso.

Obviamente começar 1-2 é um problema. Desde 1990, apenas 24,9% das equipes que iniciaram o ano com este record foram aos Playoffs. Contudo, não podemos perder de vista que a franquia abriu a temporada com uma sequência duríssima: Jets (fora), Steelers (fora) e Broncos (casa). Nestas circunstâncias perder dois jogos não é exatamente algo fora do comum, embora os Bengals precisem vencer duelos importantes se quiserem sonhar com algo maior. Seja como for, a estrada até o mata-mata é longa e ainda há muita lenha para queimar. Kansas City começou 2015 com uma campanha 1-5 e terminou jogando em janeiro nos Playoffs de Divisão. Reviravoltas deste tipo acontecem.

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