Sim, podem acontecer trocas na NFL. Não é tanta gente que sabe disso por um motivo simples: elas são raras. Na NBA e na MLB, embora obviamente haja orientações táticas, é muito mais fácil que um jogador saia de um time no meio da temporada e vá para outro. O Draft nelas é mais curto (NBA) ou inexato (MLB), então por vezes a troca ou a free agency acabam sendo mais importantes ao montar o elenco. Um bom exemplo de troca que ajudou um time a ir longe no beisebol é de Aroldis Chapman, dos Yankees para os Cubs no meio desta última temporada. Os Cubs não tinham arremessadores de alívio acima da méd… Bom, me prolonguei, você entendeu o espírito.
Já na NFL – vide os times constantemente no topo, o Draft é rei. E as trocas são cada vez mais escassas. Duas foram notórias, mas antes da temporada: Martellus Bennett dos Bears para os Patriots e Chandler Jones dos Patriots para os Cardinals. Durante a temporada, porém, são mais difíceis de ocorrer. Fazer com que um quarterback despenque no meio de um time e que ele comece jogando na semana seguinte é missão ingrata.
Exemplo? Sam Bradford foi trocado às vésperas da temporada regular. Mas não jogou na Semana 1, dado que precisava aprender os nuances do livro de jogadas (playbook) dos Vikings. De toda sorte, mesmo as trocas sendo menos constantes, elas acontecem também durante a temporada. Ano passado tivemos Jared Allen (um end de 4-3 que estava perdido no 3-4 dos Bears) indo para o Carolina Panthers. E neste ano? Quais veteranos podem ser o Chapman de um bullpen necessitado? Vamos à lista.
LT Joe Thomas, Cleveland Browns
Por maior simpatia que eu tenha para com o Cleveland Browns, é preciso encarar o fato que o time vive o maior rebuild da NFL nos últimos anos. A equipe acumulou uma penca de escolhas no Draft e tem buracos em todos os setores do time. Não dá para prever que essa reconstrução fique pronta antes do término da Linha 4 Amarela do Metrô de São Paulo, então alguns jogadores ali poderiam ter uma chance em outra franquia da NFL.
Indiscutivelmente, Joe Thomas. Embora seja difícil avaliar o trabalho de linhas ofensivas da NFL, o de Thomas não é tão difícil assim. Raramente você o vê cometendo uma falta ou cedendo um sack e há anos ele é um dos melhores da posição. Como ele já passou da casa dos 30 anos, nada mais justo para ele que uma chance final de PELO MENOS CHEGAR NOS PLAYOFFS lhe seja dada. Segundo o ProFootball Talk, os Browns querem uma escolha de segunda rodada por ele.
Onde Faria Sentido? Vikings, Seahawks, Panthers – todos times precisando de OT
Bônus: Outro jogador dos Browns que pode ser colocado no mercado é o CB Joe Haden. Outrora um dos jogadores que mais chamava atenção nesse elenco, Haden tem um contrato pesado e ele teria que ser arrumado numa eventual troca. Duvido muito que algum time queira herdar esse contrato (e suas lesões constantes), então é uma possibilidade pequena. Mas dado que os Browns têm 0,3% de chance de playoff e querem se reconstruir de qualquer forma, pode ser uma grata surpresa. Qualquer time da NFC South lhe aceitaria de bom grado caso o contrato seja reestruturado.
LT Joe Staley, San Francisco 49ers
Sim, você já percebeu uma tendência aqui. Times com chances minúsculas de playoff e com jogadores do outro lado da casa dos 30 anos são sempre alvos no que tange a especulações de trocas.
Mais um left tackle na lista e mais um de um time já sem muitas esperanças nesta temporada. O boato que corre é que os 49ers querem uma escolha de primeira rodada por ele – mas o fato do valor de Thomas (que é um jogador superior) ser segunda rodada faz com que o valor de Staley, por tabela, caia junto.
Além dos alvos óbvios de Thomas (Panthers, Seahawks, Vikings), listo aqui o Denver Broncos pelo fato de ser uma equipe de outra conferência. Quando você troca um pilar de seu time é meio que desejável que não esteja reforçando uma equipe contra a qual disputa vaga nos playoffs, né?
Dito isso, um potencial alvo na AFC seria o Denver Broncos. Russell Okung não está jogando mal, que fique claro: mas eventualmente ele poderia ser mudado para RT e Staley chega para LT. Na posição de right tackle as coisas não estão bem em Denver: Donald Stephenson e Ty Sambrailo não ajudam no jogo terrestre e tampouco na proteção do passe.
Onde Faria Sentido? Broncos e depois Vikings, Seahawks, Panthers – todos times precisando de OT
WR Torrey Smith, San Francisco 49ers
Adam Schefter, o insider com informações mais quentes que o Nelson Rubens (é até uma ofensa a comparação, espero que ele nunca leia – tá, ele nunca vai ler), reporta que os 49ers estão no mercado procurando parceiros para uma troca envolvendo Torrey Smith.
Aqui, o principal alvo é cristalino: O Philadelphia Eagles, equipe que parece ser a mais “quente” a morder essa possibilidade de troca. Faria sentido. Por mais (e melhor) surpreendente que Carson Wentz esteja jogando nesta temporada, o corpo de recebedores dos Eagles deixa a desejar. Vai, rapidão: me fala o nome de dois recebedores dos Eagles. Não consegue né?
Nelson Agholor, Josh Huff e Dorial Green-Beckham (que veio via troca, aliás) têm em conjunto um problema crônico de drops. Um alvo que estique o campo (Smith) e faça com que a defesa fique mais honesta – e por tabela, com janelas de passe menos estreitas – seria uma boa pedida.
Onde Faria Sentido? Philadelphia Eagles
Outras trocas que fariam sentido mas que não tem embasamento em rumor ou qualquer insider, só estou colocando porque estou de bom humor hoje e vou aguentar de boa torcedor me enchendo porque divaguei que o ídolo dele vai ser trocado (o subtítulo ficou grande. desculpe s2)
Ah, como é gostoso divagar neste momento. Tomo um suco de uva e penso: que trocas ainda podem acontecer sem que o Schefter e nem ninguém tenham reportado nada? É um tiro completo no escuro, mas seguindo no binômio “veteranos em times com chance pequena de playoff” (não em todas as questões abaixo, mas em algumas), podemos pensar em mais possibilidades. Vamos a elas.
DE Sheldon Richardson, New York Jets
Qual o pass rush mais inepto da NFL no momento? Bom, tem alguns aí. Mas um me chama atenção em um time que não investiu na posição no topo do Draft. O Indianapolis Colts precisava urgentemente de proteção para Andrew Luck, então foi de center (o bom Ryan Kelly) na primeira rodada. Igualmente, porém, precisa pressionar o quarterback adversário. Uma eventual pedida seria Sheldon. Como os Jets deram uma tonelada de dinheiro para Mo Wilkerson e recém-draftaram Leonard Williams no Draft, ele poderia ser o segurador-de-vela sobrando que pode ser trocado. Faz sentido? Bom, até faz.
DE Cameron Wake, Miami Dolphins
Se eu falei dos Colts quando mencionei o termo pass rush inepto, tenho que falar de Atlanta também. Por mais que a equipe esteja brilhando com um ataque acima da média, é preciso lembrar que isso não se sustenta sozinho nos playoffs. Se você der o azar de jogar contra um grande quarterback na pós-temporada e ele estiver no two-minute drill e 4 pontos atrás, a coisa complica se não houver pass rush.
E, salvo a partida contra Denver, os Falcons não têm pass rush. A adição de Cameron Wake na reta final do campeonato pode ser o gás que a equipe precisa para ser mais sólida nos playoffs. O salário dele é caro para Miami (8,5 M em 2016, 7 M em 2017) e a equipe dificilmente deve chegar a pós-temporada. Vale a pena pensar sobre.
DT Kawann Short/DT Star Lotulelei, Carolina Panthers
Aqui eu vou na tendência que David Gettleman, general manager dos Panthers, apresentou na intertemporada ao quebrar a tag de Josh Norman: nenhum veterano é insubstituível.
Considerando que a essa altura do campeonato a temporada de Carolina já foi pro espaço e tanto Short quanto Lotulelei têm contratos vencendo neste ano, pode ser que os Panthers não consigam renovar com os dois – dado que a franchise tag em Short acaba sendo uma possibilidade alta.
Novamente: a chance aqui é baixa e eu estou divagando em função da agressividade que Gettleman demonstrou na intertemporada. Um eventual parceiro para essa troca seria o Oakland Raiders. Sim, eu sei que tem Khalil Mack lá, mas ele não está jogando tão bem assim e é EDGE. Uma ajuda pelo meio seria bem-vinda numa defesa que tem problemas sem 2016. A argumentação de Atlanta cabe aqui também.
E sim, eu sei que poucos times iriam querer trocar pelos dois sabendo que de qualquer forma seus contratos vencem ao final do ano. Mas se uma equipe (Raiders, Falcons) têm apenas uma peça faltando no quebra-cabeça para brilhar nos playoffs, por que não?
Tony Romo/Jay Cutler para os Broncos
Esta é divagação lv 121229 e a chance é bem baixa. Não é como se conversas sobre trocas para Denver sejam tão inesperadas como rumor – lembremos que a equipe esteve em conversas com o San Francisco 49ers acerca de Colin Kaepernick.
Enfim, Tony Romo pode ter sido drewbledsoed em Dallas após o desempenho de Dak Prescott na primeira metade da temporada. O que, você não sabe quem é Drew Bledsoe? Não lhe culpo, Tom Brady praticamente apagou ele dos livros de história.
Bledsoe era o titular/franchise quarterback do New England Patriots em 2001, outrora campeão da AFC em 1996 e primeira escolha geral do Draft. Bledsoe resolveu sair do pocket para correr (eu falo que isso não dá certo e vocês acham que é palhaçada minha) e tomou uma pancada de Mo Lewis, linebacker dos Jets naquela Semana 2 de 2001. Teve até hemorragia interna e ficou fora de toda a temporada regular. Brady entrou no lugar e é titular dos Patriots até hoje – Bledsoe teria sido trocado para os Bills no ano seguinte.
O curioso dessa história é que Tony Romo substituiu Drew Bledsoe nos Cowboys em 2006. Então quem com ferro fere, com ferro será ferido. Ou ao menos em tese, porque caso essa troca maluca aconteça, Romo estaria despencando na melhor defesa da NFL e atual campeão do Super Bowl.
PS: Coloquei Cutler no título só de brincadeira. Ninguém quer uma sanguessuga emocional em vestiário algum. Perguntado sobre sua volta à titularidade em Chicago, ele disse que John Fox “não tinha opção”. Bacana.
PPS: A chance de Romo ser trocado, SE FOR, é mais na intertemporada. Vamos ler quem vai ler o texto todo antes de causar nos comentários. ahahahah
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