Crianças nascidas de janeiro de 2012 para cá não viram o New England Patriots deixar de chegar pelo menos a uma final de conferência. Em realidade, os Patriots tem pelo menos 12 vitórias em todos os anos desta década. 2016 não foi diferente, mesmo com Tom Brady suspenso por quatro jogos na temporada regular. Não obstante, Rob Gronkowski se machucou seriamente no meio da temporada e foi colocado na reserva dos machucados. Mesmo com essas adversidades, New England e Bill Belichick comandaram o time a 14 vitórias e duas derrotas – melhor campanha da NFL na temporada passada.
O início sem Brady
Tom Brady foi suspenso por conta do episódio conhecido como Deflategate – a acusação de que ele estaria envolvido na manipulação de bolas na final da Conferência Americana de 2015. Embora a autoria de Brady não tenha sido provada – seja por testemunhos ou provas documentais/vídeo – o comissário da NFL, Roger Goodell, lhe suspendeu por quatro jogos (as quatro primeiras partidas da temporada regular). Principalmente, vale destacar, pelo fato de que Brady não colaborou com a investigação da maneira que a NFL havia esperado.
No lugar de Brady entrou Jimmy Garoppolo, quarterback terceiranista de Eastern Illinois (mesma faculdade de Sean Payton e Tony Romo, da segunda divisão do College). A primeira partida da temporada foi no Sunday Night Football, contra o Arizona Cardinals fora de casa. Sem muitos problemas, os Patriots venceram. Na semana seguinte, Garoppolo se machucou no meio do jogo contra os Dolphins. New England venceu, mas ficou o ponto de interrogação: como o time iria para a terceira semana, com menos tempo para se preparar (Thursday Night) e com o terceiro quarterback, Jacoby Brissett (que ainda por cima é calouro)?
As perguntas logo foram respondidas com vitória esmagadora dos Patriots. Bill Belichick, mais uma vez, fez o que pode com os ingredientes que tinha à disposição: Brissett não passou para nenhum touchdown e mesmo assim a vitória ficou com o time de Foxboro. Na semana seguinte, também em casa, o primeiro dos dois revezes da temporada: o Super Bowl de Rex Ryan, também conhecido com partidas de Ryan contra os Patriots. Os Bills passaram o caminhão numa das raras derrotas dos Patriots no Gillette Stadium.
A volta de Brady e os números do ataque e da defesa do time
A outra derrota viria seis semanas depois, já com Brady num dos jogos mais aguardados da temporada: o Seattle Seahawks visitou o Gillette Stadium e venceu New England, numa vingança pra lá de saborosa do Super Bowl XLIX: a defesa de Seattle segurou os Patriots a uma jarda do paraíso.
Todos os outros jogos com Tom Brady em campo foram vitórias de New England, a começar pela partida da semana 5 contra os Browns. Brady terminou o ano com 112.2 de rating (melhor da AFC), 3554 jardas, 28 touchdowns e apenas duas interceptações. A razão de TD/INT de Brady foi a melhor da história da NFL (+14). Julian Edelman foi o principal recebedor da equipe em termos de jardas, com 1.106 e 98 recepções. Chris Hogan foi a grande surpresa nesse corpo de wide receivers. Praticamente desde que Randy Moss foi trocado pelos Patriots não havia uma ameaça real em profundidade para esticar o campo e abrir mais espaços nos passes curtos de Brady. Hogan se tornou esse cara, com 38 recepções para 680 jardas.
Falando em outras gratas surpresas patriotas, a troca dos Patriots com os Bears, por Martellus Bennett, se provou uma boa aposta. Foram sete touchdowns para o tight end (ninguém no time teve mais). Pelo chão, LeGarrette Blount continuou sendo o principal running back, tendo 1168 jardas. James White apareceu de modo consistente pelo ar – 60 recepções – e Dion Lewis, após voltar de lesão, teve 17 passes recebidos.
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A dupla Brady-Belichick é a melhor da história da NFL?
Mesmo trocando Collins, New England lidera a liga em menos pontos cedidos
Ninguém realmente esperava que os Patriots se livrassem de Jamie Collins no meio da temporada, embora houvesse indícios para tanto. É muita gente para renovar contrato naquela defesa e alguma carta ficaria fora do baralho. Indícios? Sim. Os Patriots recentemente buscaram dois linebackers ex-NFC North: Shea McClellin (mais um ex-Bears, outrora escolha de primeira rodada no Draft) e Kyle Van Noy (ex-Lions). Com esse cenário e Collins querendo um caminhão de dinheiro, Bill Belichick fez o mesmo que fizera com Chandler Jones na intertemporada passada: troca. Jones foi para os Cardinals e Collins, para os Browns (inclusive Cleveland já renovou seu contrato).
Mesmo sem o All-Pro, outros nomes apareceram. Trey Flowers liderou o time com 7 sacks, Jabaal Sheard teve mais cinco. Dont’a Hightower foi escolhido para o Pro Bowl e foi reserva na seleção de All-Pro. Malcolm Butler teve quatro interceptações, liderando o time. Devin McCourty, um dos melhores safeties da NFL, teve 83 tackles no ano (liderando o time) e mais uma vez foi escolhido para o Pro Bowl.
Foi um ano sem muitas dificuldades para os Patriots após a troca de Collins e a volta de Brady- o que, frise-se, mérito deles também. Nos playoffs, New England suou um pouco para bater o Houston Texans em casa – isto é, no primeiro tempo. No segundo, o cosplay de poste Brock Osweiler espalhou a farofa com algumas das piores interceptações que vimos nesta década. Contra os Steelers, Belichick e Matt Patricia, o coordenador defensivo do time, conseguiram anular Le’Veon Bell – e depois que ele machucou, o plano de jogo de Pittsburgh foi para o espaço.
New England chega ao seu nono Super Bowl, recorde na NFL – bem como seu sétimo nos últimos 16 anos na Era Brady-Belichick. Fato curioso é que New England volta ao estádio onde foi campeão na temporada 2003, o NRG Stadium. Na ocasião, o estádio sediava o seu primeiro Super Bowl (XXXVIII). Por fim, vale lembrar que Bill Belichick já é o técnico com mais Super Bowls jogados (7, antes empatado em 6 com Don Shula) e também é o membro de comissão técnica com mais Super Bowls (10, estava empatado com Dan Reeves com 9). Em caso de vitória dos Patriots, Belichick será o primeiro head coach com 5 títulos de Super Bowl e Tom Brady será o primeiro quarterback com 5 anéis.
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