Dirty Birds: Final da Conferência Nacional de 1998, quando Atlanta chegou ao 1º Super Bowl

O Atlanta Falcons – assim como a cidade de Atlanta, de uma maneira geral – não é particularmente famoso por ser uma máquina de títulos. Por exemplo, desde que foi fundada em 1966, a franquia chegou à apenas quatro Finais de Conferência, perdendo duas (2004 e 2012) e vencendo duas (1998 e 2016). Após selecionar o quarterback Matt Ryan no Draft de 2008, Atlanta passou a ser um frequentador regular dos playoffs, mas ainda assim faltava dar o último passo, ou seja, conquistar uma vaga no Super Bowl, feito apenas atingido na atual temporada.

Antes de 2016, os Falcons só haviam participado de um Super Bowl em seus 50 anos de história. Como você já deve ter notado baseado no que dissemos acima, foi na temporada de 1998, data do seu primeiro título da Conferência Nacional.

E que título, diga-se de passagem. Naquela ocasião, Atlanta derrotou os Vikings, fora de casa, por 30 a 27 na prorrogação. A partida foi sem dúvida alguma uma das mais emocionantes de toda a história dos playoffs, com direito à uma bela virada dos Falcons e um final traumático para Minnesota, que, na época, possuía o ataque mais prolífico de todos os tempos.

Hoje, para continuar a esquentar os motores para o Super Bowl LI, vamos relembrar os detalhes desse jogo, já que ele possivelmente foi o maior momento da história dos Falcons até o time massacrar os Packers por 44 a 21 há duas semanas.

Contexto das equipes e caminho até o NFC Championship Game

Em 1998, Vikings e Falcons foram os dois melhores times da NFC, então não é coincidência que tenham terminado com os dois melhores seeds da conferência.

Minnesota venceu 15 partidas e perdeu apenas uma. A única derrota aconteceu diante de Tampa Bay, fora de casa, na semana 9. A chave para o sucesso da equipe era o ataque. Com o treinador Dennis Green vivendo seu auge e o wide receiver calouro Randy Moss destroçando as defesas adversárias, os Vikings quebraram o recorde histórico de mais pontos anotados em uma mesma temporada da NFL (556), superando a marca estabelecida pelos Redskins em 1983 (541). Se você quiser saber mais sobre a máquina de pontos de Minnesota, falamos com mais profundidade sobre o assunto em outro texto.

Após passearem na temporada regular e folgarem no Wild Card, os Vikings atropelaram Arizona por 41 a 21 no Divisional Round, voltando a disputar uma Final de Conferência depois de 11 anos.

Atlanta, por sua vez, não quebrou recordes, mas primou pelo equilíbrio e eficiência. A equipe foi a quarta melhor nos quesitos mais pontos anotados (27,6) e menos pontos permitidos (18,1) por partida, indicando um bom balanço entre ataque e defesa. Individualmente falando, o principal destaque foi Jamal Anderson. O running back correu 410 vezes para 1846 jardas (recorde da franquia) e 14 touchdowns.

Os Falcons venceram 14 jogos na temporada regular e foram derrotados só duas vezes, conquistando o título da NFC West. No Divisional Round, bateram os 49ers por 20 a 18, que contavam com Steve Young, Jerry Rice e Terrell Owens, encerrando um jejum de sete anos sem uma vitória em pós-temporada.

Como foi o jogo

Com a presença de duas equipes tão boas, o palco estava montado para um grande duelo. Atuando no Hubert H. Humphrey Metrodome, Minnesota era apontado como o favorito. A partida, no geral, foi bastante equilibrada, com predomínio dos ataques sobre as defesas. Os times combinaram para 57 pontos, 783 jardas e 51 first downs.

Atlanta começou com tudo, já abrindo o marcador na primeira campanha da partida, após uma conexão de cinco jardas entre quarterback Chris Chandler e Jamal Anderson. Minnesota, contudo, respondeu logo no drive seguinte. Os donos da casa andaram 80 jardas em menos de três minutos, empatando o placar com um passe de 31 jardas de Randall Cunningham para Randy Moss.

Os Vikings, na verdade, pontuaram nas suas quatro primeiras posses de bola. Foram dois field goals e dois touchdowns – além de Moss, o próprio Cunningham entrou na end zone com uma corrida de uma jarda. O detalhe é que 10 destes pontos vieram de turnovers cometidos por Atlanta. Harold Green e O.J. Santiago sofreram fumbles em campanhas consecutivas.

Perdendo por 20 a 7, os Falcons só voltaram a respirar no final do segundo quarto, quando Chuck Smith forçou um fumble de Cunningham. A equipe recuperou a bola já red zone e precisou de apenas uma jogada para Chandler encontrar Terance Mathis, descontando a diferença para 20 a 14.

Antes de continuarmos, cabe fazermos um pequeno parênteses. Além de reunir dois ótimos times, o confronto também colocou frente à frente dois dos maiores kickers da história da NFL. Do lado de Atlanta, estava o lendário Morten Andersen, recordista da NFL em partidas disputadas (382), pontos marcados (2,544), field goals tentados (709) e field goals convertidos (565). Já Minnesota contava com Gary Anderson, o segundo melhor da NFL em todos os quesitos citados acima.

Voltando do intervalo, os Falcons se aproximaram ainda mais no placar com um disparo de 27 jardas de Andersen, porém, no início do último quarto, os Vikings anotaram outro touchdown, dessa vez com Matthew Hatchette. Ganhando por 27 a 17 e com cerca de 14 minutos para o fim, a vitória parecia bem encaminhada.

Os visitantes, em seguida, cortaram a diferença para uma posse de bola com um novo chute de Andersen. Depois disso, os times tiveram quatro campanhas infrutíferas, até que Minnesota teve em sua mãos, ou melhor, em seus pés, a chance de matar definitivamente o jogo. Após gastarem quatro minutos de relógio com um drive sólido, os Vikings posicionaram a bola para uma tentativa de 38 jardas de Gary Anderson. Se o chute fosse certeiro, o triunfo seria quase irreversível, pois restavam pouco mais de dois minutos ainda por jogar.

Anderson, entretanto, errou. Logo ele que estava perfeito na temporada até aquele momento (contando os playoffs, 39 field goals certos em 39 tentados e 67 extra points convertidos). Logo ele que havia quebrado o recorde de pontos por um kicker em um mesmo ano (164) e, além disso, havia se tornado o primeiro da história a encerrar uma regular season com 100% de aproveitamento. O erro de Anderson acabou entrando para a posteridade como um dos lances mais famosos e infames da história de Minnesota.

Atlanta recuperou a bola, marchou 71 jardas em 1:18 minuto e empatou o duelo, graças à outra recepção para touchdown de Terance Mathis. A partida foi para a prorrogação. No tempo extra, os times trocaram alguns punts, até que os Falcons encaixaram uma boa campanha. A jogada derradeira do confronto, ironicamente, foi um field goal de 38 jardas. Morten Andersen acertou o disparo e deu a vitória por 30 a 27 para Atlanta. Com o resultado, a franquia garantiu vaga no Super Bowl XXXIII.

A partida completa foi disponibilizada no Youtube pela própria NFL.

Pós-jogo e o futuro dos times

A equipe da Geórgia foi ao Super Bowl e perdeu para os Broncos por 34 a 19, naquela que seria a última partida da carreira de John Elway. Depois, amargou três temporadas consecutivas com records negativos e demorou alguns anos até novamente ter sucesso na pós-temporada, só voltando ao NFC Championship Game em 2004.

Os Vikings, por outro lado, mantiveram o embalo por mais tempo e em 2000 retornaram à Final da NFC. Dessa vez, eles não perderam por causa de um erro de field goal, mas em compensação foram amassados pelos Giants por 41 a 0. A franquia segue vivendo de altos e baixos até hoje.

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