Ah, offseason. Você é legal mas ao mesmo tempo é tão parada às vezes. De toda forma, há algumas histórias interessantes para ficarmos de olho nos próximos seis ou sete meses. Se compararmos a próxima intertemporada com outras, talvez esta tenha mais impacto. Talvez esta possa mudar alguns terrenos do futebol americano profissional. Possivelmente teremos tantas notícias interessantes quanto em 2012, quando Peyton Manning saiu do Indianapolis Colts.
Até porque Tony Romo (se saudável) é o melhor quarterback e potencialmente trocar de time em março desde Peyton. Ademais, temos uma penca de quarterbacks que podem mudar de time também. Kirk Cousins pode não ser renovado por Washington (por menor que seja a chance, seja 1%, ela existe). Jimmy Garoppolo vai para onde?
E isso só no que diz respeito a quarterbacks. Há muito mais além disso. O New England Patriots tem vários jogadores cujos contratos acabarão agora. Com quais Belichick renova? Mais: quais estrelas serão cortadas antes do dia 9 de março, quando as equipes tem que se adequar ao teto salarial? Há vários cortes ou potenciais trocas que podem repercutir. Quer um exemplo? Adrian Peterson em Minnesota. Jay Cutler, quarterback com melhores números da história do Chicago Bears (o que conta bastante sobre os outros desde 1920) está na iminência do corte.
Agora que já fiz este preâmbulo, vamos a falar um pouco mais sobre cada uma destas histórias. Lembrando, claro, que aqui fiz um pequeno dicionário de termos da intertemporada. E aqui você confere quais são as 30 principais datas da intertemporada 2017. Não deixe de ler também.
1- Romo jogará aonde?
Além de Jimmy Garoppolo, temos mais uma história para ficar de olho. O salário atual de Tony Romo faz com que ele seja um dos mais bem pagos quarterbacks da NFL. E você não faz isso com um cara que será reserva – se você é fã dele, lamento, mas o time é de Dak Prescott agora. Com efeito – até para liberar espaço na folha salarial de Dallas, que não é aquela maravilha em termos de quanto dinheiro ainda dá para gastar – os Cowboys devem tentar trocar Romo e, posteriormente, se não conseguirem, cortarão o quarterback.
A tendência é que, ao contrário de Garoppolo, Tony vá para um elenco mais “pronto”. O motivo é simples; Romo tem 37 anos, ele não tem 5 anos para esperar que outras peças venham para fortalecer um time rumo aos playoffs. Ele precisa de um time que seja um quebra-cabeça cuja peça que falta chame-se quarterback. Há vários exemplos por aí. Denver, Houston e até mesmo Kansas City.
PS: A ironia é que os dois nomes mais quentes do mercado de quarterback – Romo e Garoppolo – tenham jogado na mesma universidade (Eastern Illinois). E ela não é uma potência do College Football, dado que joga na FCS (2ª divisão). Ironia do destino.
2- Jimmy Garoppolo e seu futuro destino
Já amplamente falei sobre este assunto neste texto – inclusive cogitando possibilidades de destino para Jimmy G. Os favoritos seriam Chicago Bears e Cleveland Browns – mas, claro, ele pode acabar ficando em New England caso Bill Belichick não esteja muito afim de despachar o príncipe herdeiro de Tom Brady.
O problema é que Garoppolo é uma espécie de Príncipe Charles do negócio. Brady é a Rainha Elizabeth, a mais longeva monarca da história do Império Reino Unido. E Charles Garoppolo fica lá, esperando, esperando e nunca herda o trono. Assim, ele pode muito bem ficar de saco cheio – seja agora, demandando uma troca, ou depois dado que seu contrato com New England tem só mais um ano (2017). Resta saber se os Patriots sentem que não iriam conseguir renovar com Jimmy no futuro – e, aí, compensaria muito mais conseguir uma troca agora para ter algo com a saída do quarterback.
3- Fallout (Cinza Nuclear) em Atlanta
Quando você detona uma bomba nuclear, ela tem dois efeitos colaterais que ninguém fala muito porque, bem, a bomba destrói tudo. O primeiro é o pulso eletromagnético. E o segundo, não tão em curto prazo, é a cinza nuclear (fallout, em inglês). A bomba explodiu no segundo tempo do Super Bowl LI – a maior virada da história do Super Bowl, vale lembrar. Kyle Shanahan se foi. Times que perdem o Super Bowl já costumam ter problemas no ano seguinte. Coordenadores Defensivos adversários estudarão a fundo o MVP da temporada passada, Matt Ryan.
Junte tudo isso e voilá, temos potencial para um fallout e tanto na Georgia. Claro: o time é talentoso e praticamente não deve perder ninguém importante na free agency. De toda forma, psicologicamente, o vestiário de Atlanta pode estar em cacos. E isso é algo para ficarmos de olho nos próximos meses.

4- Where in the World is Carmen Sandiego Chargers
Ok, o trocadilho com o nome da franquia não foi aquela maravilha – mas Carmen Sandiego era um excelente jogo de MS Dos nos anos 90, você era detetive e tals, viajava pelo mundo, bem bacana. Ah, quem viajou também foi a franquia outrora nomeada San Diego Chargers – a qual agora está em LA e cujo nome extraoficial para mim é Los Angeles Chargers of San Diego.
Enfim, besteiras à parte, os Chargers se mudaram e jogarão no menor estádio – de longe – da NFL na próxima temporada (o Stubhub Center, estádio do Los Angeles Galaxy da MLS e que tem 30 mil lugares). Como será a adaptação da franquia? Será que a cidade – que, para os padrões angelanos, até que recebeu bem os Rams – abraçará o time?
5- Carrossel da Free Agency
Bom, há alguns nomes bem relevantes que podem chegar ao mercado. Alguns, claro, podem acabar recebendo a franchise tag antes – notoriamente Le’Veon Bell, Kirk Cousins, Eric Berry e outros que listei aqui.
Mesmo assim, há nomes de peso que, a exemplo de Josh Norman com Carolina no ano passado, não permaneçam com a mesma equipe. Alshon Jeffery nos Bears, Kenny Stills em Miami, Eddie Lacy (aí é de peso mesmo) em Green Bay, Martellus Bennett em New England, Chandler Jones no Arizona, A.J Bouye em Houston… Só para citar alguns.
6- Isso sem contar os nomes famosos que podem ser cortados e que estarão em novas casas para 2017
Como disse lá em cima, eis outra história para ficar de olho. Adrian Peterson já passou da casa dos 30 anos e Minnesota pode querer reformular a fórmula “corra com AP” para voltar ao topo da NFC North. Já foi amplamente noticiado que os Vikings podem cortar Adrian a menos que ele tope em reestruturar seu contrato.
Ainda quanto aos running backs – poucas posições são tão vítimas quanto eles nesta época – temos Doug Martin em Tampa Bay e Jamaal Charles em Kansas City.
Ah, e tem a história que vem se desenvolvendo desde semana passada: Darrelle Revis enchendo dois caras de porrada após eles gravarem um vídeo lhe provocando na rua. Revis, a exemplo de Charles Woodson mudando de posição ao final de sua carreira, poderia ser uma boa adição em um time que precise de safety. Sim, safety. Revis já não tem a velocidade de outrora – mas a inteligência e a consciência em campo ainda estão ali. Daí a mudança de posição – e de ares – que pode lhe ser benéfica.
7- A classe de Quarterbacks do Draft de 2017
Não vou mentir. A olhos nus, esta classe não empolga. DeShone Kizer teve (junto de Notre Dame como um todo) um ano aquém do esperado e tem problemas de mecânica/etc. DeShaun Watson precisa ser lapidado e cortar o imenso número de interceptações. Mitch Trubisky foi titular por apenas um ano em North Carolina e obviamente a experiência de jogo é algo a ser questionado.
Por tudo isso, a chance do Cleveland Browns escolher um quarterback com a primeira escolha geral do Draft de 2017 é baixa. Ainda mais quando um prospecto defensivo talentoso como Myles Garrett está disponível no Draft. Ainda, não descarto que os Browns façam trade down com essa primeira escolha para um time mais apaixonado pelos quarterbacks.
8- A free agency do New England Patriots
Poucas equipes têm tantos nomes de peso com contrato acabando quanto os atuais campeões, New England Patriots.
Bill Belichick tem 62 milhões de dólares de espaço no teto salarial e é a única franquia dos Playoffs 2017 que está entre as 10 com mais espaço na folha. Será bastante interessante saber como Belichick e cia negociarão esses contratos. Dentre os jogadores que terão que negociar contrato com New England – além de Bennett e Blount – temos nomes como Sebastian Vollmer, Barkevious Mingo, Chris Long, Alan Branch, Dont’a Hightower, Logan Ryan, Michael Floyd e Jabaal Sheard.

9- Será que vai ter novela com Kirk Cousins?
A tendência é que Kirk Cousins novamente receba a franchise tag nesta temporada. Assim, ele teria mais um ano de contrato com Washington pela bagatela de 24 milhões de dólares. Somando este futuro contrato ao do ano passado (também tag), Cousins teria faturado mais de 40 milhões de dólares em dois anos. Nada mal.
Mas, ao mesmo tempo, ele estaria a uma lesão séria – coisa que, vide Carr/Mariota/Tannehill, não é tão impossível de acontecer – de não ter mais futuro na liga e não ter um contrato longo lhe amarrando a um time. Daí uma potencial novela caso a franquia não coloque a tag exclusiva (leia aqui as modalidades de tag). Vai que San Francisco queira arriscar e dar duas escolhas de primeira rodada (a compensação pela tag não exclusiva) por Cousins? Não é algo tão fora de cogitação, vide que há reports de que o novo regime dos 49ers tenha inclinação a se apaixonar pela competitividade de Kirk.
10- Viva Las Vegas
É irônico como as coisas acontecem em ciclos. A NFL não viu nenhuma franquia mudar de cidade nos anos 70 – houve certa estabilidade após a fusão NFL-AFL em 1970. Os Raiders, encabeçados por um Al Davis louco pelo mercado de Los Angeles e os potenciais lucros com pay per view, se mudaram para LA no início dos anos 80. Não foi uma mudança simples: houve processo na justiça comum, ajuizado por Davis contra a NFL.
A mudança dos Raiders foi o ponto de partida para uma série de realocações da liga que só parou no final dos anos 90. Os Colts saíram de Baltimore para Indianapolis, os Cardinals de St. Louis para Phoenix, os Browns de Cleveland para Baltimore (onde virariam Ravens) e os Oilers de Houston para Tennessee (onde virariam Titans). A potencial realocação dos Raiders em 2017 pode ser, ao contrário da primeira de um ciclo, a última. Os Rams e os Chargers já foram para Los Angeles. Só falta Mark Davis, filho da Al, decidir o que faz da vida com sua franquia.
A tendência, como você deve saber a esta altura do campeonato, é que o Las Vegas Raiders surja num futuro próximo. O problema é que o principal investidor do futuro estádio, bem, deu para trás e agora Davis precisa arranjar 500 milhões de dólares em outra fonte. De qualquer forma, a realocação pode ser votada pelos donos de franquias da NFL ainda nesta intertemporada (entre março e maio). A mudança – a menos que Mark queira incorporar seu pai e processar a liga – precisa de 24 votos afirmativos (de 32) para passar.
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Bônus:
- Jay Cutler e seu futuro. Bears conseguirão trocá-lo? Ele será cortado? Ele vai aposentar?
- Ben Roethlisberger volta para a temporada 2017? Não coloquei esta aqui porque, bem, pareceu mais uma declaração a là Messi pós-derrota na Copa América. Mas vai saber.
- Potenciais mudanças de regras em maio – especialmente no que diz respeito a corte do número de intervalos comerciais.
- O que o Rambo do Draft, o Cleveland Browns, fará com a penca de escolhas que tem nas quatro primeiras rodadas
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