Não é sempre que a campanha reflete o resultado de uma equipe. O Denver Broncos faz sua melhor temporada desde 2015, ano do título, e pode até mesmo atingir a excelente marca de 14 vitórias, conquistada pela última vez pela franquia em 1998 – quando também levantou o Vince Lombardi.
É uma temporada de excelência; ninguém tem dúvida disso. Denver lidera sua divisão e, mais ainda, a Conferência Americana. A defesa permanece como uma das três melhores da NFL, Sean Payton é um treinador vitorioso e o ataque cresce nos momentos decisivos das partidas. Ainda assim, não há sentimento de unanimidade no Colorado, mesmo em uma AFC enfraquecida sem suas antigas potências.
A campanha de Denver, afinal, é sorte ou mérito?
Capitalizando oportunidades
Um dos principais motivos que pode levantar desconfianças sobre a campanha de Denver é a falta de triunfos impressionantes. Olhando em retrospectiva, a franquia teve, até então, a segunda tabela mais fácil da temporada, quando ponderadas as campanhas de seus adversários, conforme podemos ver na imagem abaixo.
Who’s Had the Easiest Schedule So Far?
1. NE
2. DEN
3. DAL
4. CHI
5. LAC pic.twitter.com/XNO2SL0A61— SFdata9ers (@sfdata9ers) December 9, 2025
Uma coisa, porém, é ter a tabela fácil; outra é capitalizar essa oportunidade. Em meio a uma temporada recheada de surpresas, vimos inúmeras zebras e presenciamos, com nossos próprios olhos, que não há jogo fácil na NFL. Na mesma imagem, vemos que o Dallas Cowboys está logo abaixo dos Broncos no quesito força de tabela, mas com metade do número de vitórias.
Times que aspiram ao Super Bowl precisam sacramentar os triunfos nos embates mais serenos. O problema é que Denver venceu tais jogos sem um pingo de tranquilidade – pelo contrário, foi preciso retirar coelhos da cartola para superar mesmo os adversários enfraquecidos. Contra o New York Giants, foi precisa miraculosa virada no último período; contra o Las Vegas Raiders, na semana 10, suou frio em uma das partidas mais feias da temporada; contra o Washington Commanders, foi necessário levar o jogo para a prorrogação.
Denver conseguiu converter os triunfos no final, o que é o mais importante; ainda assim, é inegável que o caminho das vitórias levanta dúvidas importantes sobre a real confiabilidade da equipe.
Defesa de elite
Se há algo que mantém a chama da esperança viva em Denver mesmo em meio às adversidades, é a qualidade defensiva. A unidade é uma das três melhoras da NFL na temporada e é extremamente bem comandada por Vance Joseph. Os Broncos possuem uma defesa extremamente agressiva e ancorada em uma linha defensiva de alta pressão, o que também coopera com neutralização quase completa do jogo terrestre adversário.
Denver é a equipe que menos cede jardas por tentativa terrestre (3,7) e a que menos cede jardas “líquidas” (em inglês, net yards) por tentativa aérea, não devido ao número de turnovers, mas ao alto índice de sacks. A franquia lidera a NFL em sacks (55) com larga margem para o segundo colocado (Cleveland Browns, 44). Apesar do alto uso de blitzes (26,7%, 10ª maior marca da liga), o grande artifício se dá pelos atletas envolvidos na equação.
Nik Bonitto tem um motor incansável e está a todo momento colado no quarterback adversário, Jonathon Cooper é um excelente complemento na outra extremidade e, para completar, há duas paredes no miolo da linha defensiva que anulam running backs e ainda apressam o passe: John Franklin-Myers e Zach Allen.
No segundo nível, há jogadores de inteligência e igual intensidade. Alex Singleton é muito físico e o retorno de Dre Greenlaw fez muito bem a equipe. Talanoa Hufanga caiu como uma luva nessa equipe e se mostra peça vital. Na secundária, Patrick Surtain II está renovado fisicamente e retoma a conhecida segurança que passa como um dos melhores cornerbacks da NFL.
Listei apenas alguns dos mais importantes jogadores, mas a lista poderia se aprofundar. A defesa de Denver é de elite de cabo a rabo e possui poucos pontos a serem explorados pelos seus adversários. Enquanto ela assim o for, será um obstáculo muito difícil para qualquer oponente na pós-temporada.
Bo Nix: Mais do que milagreiro
A falta de um salto de produção do quarterback segundanista desaminou alguns dos fãs de Denver. No entanto, Nix continua sendo um passador de confiança e acima da média na NFL. Pode não ser o nome que vai carregar seu ataque todos os dias, contudo, com esse elenco, é plenamente capaz de colocar sua franquia em posição de levantar o troféu – principalmente com sua tendência de crescimento nos momentos mais importantes.
Nas últimas semanas, todavia, as nuances ofensivas tornaram-se mais estáveis. Nix não vem fazendo partidas espetaculares, porém, ao menos, foi mais preciso e evitou maior número de turnovers nas últimas semanas. Isso conversa muito com o crescimento de RJ Harvey, pois, para que o sistema ofensivo de Sean Payton seja elevado, um jogo corrido eficiente é fundamental. Contra Chiefs e Commanders, o running back foi mal utilizado, mas vimos um caminho melhor contra os Raiders, justamente após a semana de folga.
Com uma defesa talentosa e um bom comando técnico fora de campo, o ataque precisa ser capaz de mover as correntes e evitar os turnovers. Isso, porém, precisa ser feito com consistência, sem depender de milagres no último quarto. Na pós-temporada, os adversários entram muito mais bem preparados e contar com o clutch time é dar muita sopa para o azar.
Mérito – muito mérito
A campanha dos Broncos passa longe de ser mera sorte – mesmo com as inúmeras vitórias por uma posse e no estouro do cronômetro. A comissão é excelente, a defesa é espetacular e o ataque, mesmo com os problemas, capitaliza nos momentos mais importantes. É o momento, todavia, de se analisar os problemas para corrigi-los na sequência mais importante do ano.
Em uma AFC turbulenta, Denver possui uma chance clara de chegar a Super Bowl. Resta saber se a equipe intensificará a solução de suas pequenas oscilações para chegar em janeiro como um obstáculo complexo para seus oponentes.
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