A jornada dos Chiefs até o Super Bowl LV

Grande favorito desde o início da temporada, Kansas City dominou ao longo de todo o ano e chega ao Super Bowl com a árdua missão de superar o maior vencedor da história para repetir o título

Patrick Mahomes e Andy Reid adentraram a temporada de 2020 com uma única missão: se tornar o primeiro time a vencer o Super Bowl de forma consecutiva desde 2004. O único obstáculo restante reside justamente no último a conseguir esse feito há 16 anos: Tom Brady. Mahomes e Reid conquistaram o primeiro título recuperando desvantagens de 10 pontos em todas as partidas dos playoffs e não existiam dúvidas que o Kansas City Chiefs era a melhor equipe da NFL naquele momento.

O time manteve a mesma fórmula – em time que está ganhando não se mexe. Os principais pilares do sucesso permaneciam no ataque: Mahomes, Travis Kelce e Tyreek Hill na defesa, Tyrann Mathieu e Frank Clark na defesa. Com tanto talento e tanta competência, não foi nada surpreendente ver o domínio dos Chiefs ao longo da temporada, de modo que, em alguns momentos, o time parecia vencer os adversários sem estar jogando na última marcha.

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Os Chiefs chegaram ao segundo Super Bowl de uma era vitoriosa que não parece estar nem perto do seu fim. Uma campanha com muitos altos, poucos baixos, e a certeza de que o time era o maior favorito. A missão final, contra o maior vencedor de todos, é um verdadeiro confronto mágico.

Watson, Herbert, Lamar: nenhum foi páreo

Os três primeiros jogos do ano deixaram claro quem era a força a ser batida na AFC. Primeiro, os Texans de Deshaun Watson, o mesmo time que abriu 24 a 0 na Semifinal de Conferência contra os Chiefs em 2019. Houston não foi nem páreo e o placar de 34 a 20 não representa a real dominância de Kansas City na partida. O mesmo placar e a mesma dominância se repetiram na semana 3 frente ao Baltimore Ravens do atual MVP da liga, Lamar Jackson.

Talvez o mais notável nas 4 primeiras vitórias seja o fato de que a defesa não cedeu mais de 20 pontos em nenhuma delas. Nunca houve dúvidas sobre a qualidade do ataque de Kansas City, mas uma defesa forte tornava esse time ainda mais ameaçador. A escolha de L’Jarius Sneed na quarta rodada do Draft deu resultados desde o início, fortificando uma secundária que naquele momento não tinha Bashaud Breeland, suspenso. Além das vitórias contra Texans e Ravens, os Chiefs abriram o ano triunfando sobre o Los Angeles Chargers de Justin Herbert e o New England Patriots que, afetado pela COVID-19, não teve Cam Newton disponível para a partida.

A surpresa veio com o colapso defensivo na semana 5 ao receber o Las Vegas Raiders, que anotou 40 pontos e saiu de Kansas City com a vitória, adicionando um pouco de pimenta na AFC West, o que não duraria tanto tempo. Mahomes teve uma das piores atuações da carreira, completando pouco mais da metade dos passes e lançando sua primeira interceptação da temporada. Seria o único deslize de uma equipe que dominaria quem viesse pela frente no restante da temporada regular.

Nem tabela difícil foi problema

A partir dali, foram várias as partidas que Kansas City enfrentou adversários de alto calibre e em todas elas o time saiu vitorioso. Na semana seguinte, por exemplo, os Chiefs viajaram até Buffalo e venceram os Bills com relativa facilidade; depois da folga na semana 10, a revanche contra os Raiders terminou em vitória apertada dos visitantes.

A impressão que ficava era que, como os Chiefs estariam nos playoffs de qualquer jeito, não havia sentido que se esforçassem ao máximo e revelassem seu playbook ao longo da temporada regular. Pode ser uma justificativa falha, no entanto, alguns jogos contra Panthers, Broncos, Dolphins e até os próprios Raiders corroboram essa opinião. A hora de jogar com força máxima é em janeiro e não em novembro; quando você sabe que vai estar nos playoffs, pode se dar alguns luxos.

Com exceção da última semana, quando Mahomes, Hill, Sammy Watkins e outros foram poupados e o time perdeu um jogo irrelevante para o Los Angeles Chargers – a primeira colocação da Conferência Americana já estava assegurada -, não houve mais nenhuma derrota. Até mesmo quando viajaram para enfrentar o New Orleans Saints a equipe saiu com a vitória. Os Chiefs, de fato, pareciam um time imbatível naquele momento da temporada.

Susto e alívio nos playoffs

A folga na primeira semana dos playoffs virou um ativo ainda mais valorizado em 2020, já que agora apenas o primeiro colocado de cada conferência tem esse luxo. Por outro lado, isso significou que, quando os Chiefs descansaram seus titulares na semana 17, eles estariam 21 dias fora de campo, o que poderia tirar um pouco do ritmo de jogo deles. Não foi um problema contra o Cleveland Browns na Semifinal de Conferência, já que o time liderava por 19-3 no intervalo e tinha o controle da partida.

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Até que veio o grande susto. Na metade do terceiro quarto, o time perdeu Patrick Mahomes, que entrou no protocolo de concussão, e os Browns encostaram no placar. Com coragem de Chad Henne para se arriscar correndo com a bola e Andy Reid sem medo de tentar uma quarta descida com seu quarterback reserva, Chad Henne, Kansas City sobreviveu e Mahomes, recuperado, esteve disponível para a Final de Conferência, novamente contra o Buffalo Bills e novamente uma vitória tranquila, provando que, quando importa, nem mesmo o mais forte dos adversários da AFC tinha chance contra os Chiefs.

Kansas City confirmou o status de favorito que pairou sobre a equipe ao longo de toda a temporada, porém, os Buccaneers que chegaram ao Super Bowl são um time completamente diferente – e muito superior – ao que os Chiefs enfrentaram na semana 12. Além de tudo, existe a desvantagem de jogar “fora” de casa, já que o Super Bowl é sediado em Tampa, cidade dos Buccaneers, que se tornarão o primeiro time a disputar o Super Bowl em sua própria casa. No primeiro ano de Tom Brady longe de New England, a motivação do veterano para vencer mais um título em outra equipe estará no teto. Repetir o título no próximo não será nada fácil.

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