[dropcap size=big]O[/dropcap] que ficou marcado na mente de todos que assistiram o último Monday Night Football, sem sombra de dúvidas, foi a performance de Aaron Rodgers e do ataque dos Packers nos quatro derradeiros minutos da partida. Perdendo para o San Francisco 49ers por 30 a 23, Rodgers liderou o Green Bay Packers em duas campanhas ofensivas que levaram o time à virada. Com o field goal da redenção do kicker Mason Crosby (após um péssimo jogo na semana anterior), os Packers finalizaram a partida com o placar de 33 a 30.
O que este final de jogo esconde, mas que é claro para quem acompanha de perto o Green Bay Packers, é que a equipe chega à semana de folga com um rumo incerto. Tanto na defesa quanto no ataque (e até mesmo, eventualmente, na posição de quarterback – por mais surpreendente que isso possa parecer), o time apresenta oscilações estruturais e de performance que colocam em dúvida o real potencial do time em brigar pelo título da divisão ou mesmo pela vaga nos playoffs.
Jekyll e Hyde: as duas faces da defesa dos Packers
Desde o início do ano, a defesa comandada por Mike Pettine mostra uma performance muito irregular. A unidade alterna momentos excelentes, em que verdadeiramente paralisa os ataques adversários, com períodos de extrema porosidade, em que cede pontos em profusão. O jogo desta segunda exemplificou esta característica de forma clara: ao longo dos primeiros 50 minutos de jogo, o ataque dos 49ers, mesmo com o quarterback reserva C.J. Beathard, moveu a bola sem dificuldades, marcando 30 pontos.
Neste período, a linha defensiva de Green Bay foi dominada pela linha ofensiva dos 49ers, não conseguindo gerar pressão e cedendo muitas jardas para os running backs Matt Breida e Raheem Mostert. Além disso, o wide receiver Marquise Goodwin fez a festa diante da secundária dos Packers, particularmente em cima do safety Kentrell Brice, que vem apresentando dificuldades ao longo de toda a temporada.
Na parte final do jogo, entretanto, a unidade de Pettine mostrou seu outro lado. As últimas campanhas ofensivas de San Francisco foram marcadas por tackles precisos, pressão sobre Beathard e, principalmente, pela bela interceptação de Kevin King, cornerback mais veloz dos Packers que, corretamente, foi deslocado para marcar Goodwin.
Para os próximos jogos, a defesa dos Packers precisa de mais consistência, principalmente na pressão aos quarterbacks (os edge rushers seguem quase invisíveis – salvo pelas polêmicas faltas de Clay Matthews) e na posição de safety, em que Kentrell Brice segue como ponto fraco da escalação do time.
Mike McCarthy na encruzilhada: alguma carta nova na manga?
Já não é de hoje que o técnico dos Packers, Mike McCarthy, vem sendo criticado por seu sistema ofensivo. Repleto de rotas isoladas e combinações repetitivas (é o “rei” do slant/flat), seu sistema parece antiquado na NFL de hoje, particularmente quando comparado a ataques como os do Kansas City Chiefs, Chicago Bears, Los Angeles Rams, além do próprio San Francisco 49ers.
O começo de ano irregular dos Packers, com 2 vitórias, 2 derrotas e 1 empate, trouxe críticas externas e internas ao comando do ataque. O próprio Aaron Rodgers questionou o direcionamento ofensivo da equipe, gerando mal-estar dentro da organização. Ainda que a irregularidade tenha se mantido no jogo desta segunda-feira, começamos a ver alguns lampejos de criatividade no ataque de Green Bay. Entre jogadas com jet motion antes do snap, recebedores agrupados (até 4 juntos, em uma formação diamond, no touchdown de Ty Montgomery) e combinações de rotas variadas (conceitos como post/wheel e hi-lo), foi possível começar a ver alguma flexibilidade ofensiva.
Durante o jogo, a irregularidade se manteve. Além disso, segue a insistência em utilizar pouco o running back Aaron Jones, corredor mais produtivo da equipe. Ainda que Jamaal Williams seja melhor na proteção ao passe e Ty Montgomery tenha mais experiência no jogo aéreo, o potencial de Jones segue pouco explorado.
A Rodgers o que é de Rodgers
Além disso, é fundamental falar sobre Aaron Rodgers. O quarterback, que segue fazendo lances extraordinários, principalmente nos momentos decisivos, vem em uma temporada oscilante. Rodgers tem errado passes supostamente fáceis, que destoam de seu padrão habitual. O quarterback ainda “lidera” a liga em “bolas jogadas fora” (passes propositalmente incompletos). É provável que a contusão no joelho, sofrida na semana 1, esteja atrapalhando, em conjunto com as questões esquemáticas já mencionadas.
Ainda assim, não dá nem pra insinuar que Rodgers seja mais parte do problema do que da solução. É só olhar pro que ele fez nos últimos minutos do jogo contra San Francisco. Passes como o lançamento para o touchdown recebido por Davante Adams, que empatou o jogo, e como o “laser” recebido pelo calouro Equanimeous St. Brown próximo a linha lateral, já na campanha do field goal da vitória, mostram o que Aaron Rodgers pode fazer pelo seu time.
Aliás, ainda que números tenham sempre que ser encarados com parcimônia, cabe ressaltar que, mesmo em uma temporada até aqui “irregular”, Aaron Rodgers alcançou uma marca inédita em sua grande carreira. O jogo desta segunda ficou marcado como a primeira vez em que o quarterback teve dois jogos consecutivos com mais de 400 jardas aéreas. Contra os 49ers, Rodgers terminou o jogo com 425 jardas e 3 passes para touchdown, além de vários lances que beiraram o inacreditável.
Pra que lado os Packers vão?
Agora, depois da vitória sobre os 49ers, Green Bay chega à semana de folga com 3 vitórias, 2 derrotas e 1 empate, em segundo lugar na NFC North. Na semana 8, o time volta à ação contra o até aqui invicto Los Angeles Rams. A seguir, o adversário é o New England Patriots. Para encarar esses desafios, os Packers precisam definir seu rumo como time.
Com Aaron Rodgers e jovens talentosos, tanto no ataque quanto na defesa, a equipe pode se equilibrar e se mostrar um verdadeiro candidato ao título. Principalmente se os indícios de variação ofensiva que apareceram neste último jogo se mantiverem. Por outro lado, se, ao voltar da folga, o time seguir do mesmo jeito confuso e irregular, o futuro próximo não parece exatamente promissor.
Daqui a duas semanas começaremos a ter estas respostas.
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