A temporada 2023 do Tennessee Titans terminou com um roteiro digno de novela mexicana: um elenco carente de talento em algumas posições e sofrendo com lesões; Derrick Henry dando adeus na semana 18; Mike Vrabel demitido – para surpresa de muita gente – e gerando uma tremenda torta de climão, que só terminou com o anúncio de Brian Callahan como o novo head coach da franquia.
Passado o Draft, chegamos no ponto onde o elenco começa a tomar forma e, com isso, aparecem as primeiras características da comissão técnica: suas virtudes, como enxerga o jogo, dentre outros. Enquanto setembro não chega, tudo o que resta é fazer pequenas conjecturas no escuro. Alguns com mais burburinhos ao seu redor do que outros – e são esses outros que merecem um pouco mais de holofotes. O Tennessee Titans é um deles: talvez não brigue por playoffs em 2024, mas tem o potencial para dar trabalho e estragar a festa de muita gente da AFC, principalmente.
A Grande Família Callahan
Se você for alguém que não consegue desligar o fio da internet, ou pior, for um membro da geração Z ou Alpha, certamente já ouviu falar no termo nepobaby: uma forma anglicana de comentar sobre o filho do fulano que é sobrinho de sicrano, afilhado de triclano e assim vai. Na NFL não é diferente: atire a primeira pedra quem nunca viu um gráfico com a comissão técnica de Washington de 2013. Certos sobrenomes têm peso, para o bem e para o mal – vide Mick Lombardi e suas esquecíveis passagens nos últimos anos. No caso dos Titans, o nome da vez é o Callahan: pai e filho, melhor dizendo.
Brian, o filho e head coach, trabalhou por cinco anos no Cincinnati Bengals como coordenador ofensivo. Nos últimos três anos, os Bengals estiveram entre os 10 melhores ataques em: passes por jogo (7°), pontos (6°), conversão de terceiras descidas (10°) e eficiência na red zone (7°). Por mais que Zac Taylor seja um treinador de mente ofensiva e, portanto, dê mais palpites no setor, é injusto diminuir a influência de Callahan no desenvolvimento de Joe Burrow e do ataque que chegou ao Super Bowl dois anos atrás.
No entanto, se falamos do filho, é preciso falar do pai. Considerado um dos melhores técnicos de linha ofensiva da NFL, Bill Callahan passou as últimas quatro temporadas treinando o setor no Cleveland Browns, que teve uma das melhores OLs da liga até o ano passado. Esse detalhe é importante, pois a unidade foi assolada por lesões e, mesmo assim (e aos tropeços também), foi sólida o bastante para ajudar na campanha de ida aos playoffs. Nomes como Joel Bitonio, Jack Conklin e Jedrick Wills se tornaram famosos em suas posições sob a tutela do Callahan mais velho.
As chegadas dos Callahan se tornam mais cruciais quando olhamos para a situação dos Titans: o time draftou Peter Skoronski em 2023 e JC Latham neste ano, mas a reconstrução da linha ofensiva ainda está longe do ideal. Sem contar com a base deixada pela comissão técnica anterior: Will Levis mostrou flashes, porém precisa de bastante lapidação e de ajuda. Os reforços na free agency podem não terem empolgado tanto (vide contrato absurdo do Calvin Ridley), mas foram um importante passo para não se manter no marasmo. Ainda mais diante de uma divisão cada vez mais acirrada – o que vamos falar mais abaixo.
No faroeste da AFC South, qualquer tiro no pé é mortal
Para quem viu a divisão navegar no marasmo alguns anos atrás, é muito legal ver o lado sul da AFC competitivo e com qualidade (diferente de você, NFC South!). Ano passado, Houston, Indianapolis e Jacksonville brigaram até o fim pela divisão, que terminou com o primeiro. Em 2024, a tendência é que a briga fique ainda mais acirrada: em briga de cachorro grande, quem errar menos vai sair na frente – e é aqui onde Tennessee pode aparecer de surpresa.
Os Texans são os favoritos atualmente nas casas de aposta para ganharem a AFC South e não é por acaso: eles se tornaram o primeiro time da história a vencerem sua divisão e irem aos playoffs com um quarterback e um treinador calouros. Para a próxima temporada, a expectativa é ainda maior com a lista de reforços: de Denico Autry a Stefon Diggs, a lista é gigante. Do outro lado, Shane Steichen fez um excelente trabalho no seu primeiro ano no comando dos Colts e, com Anthony Richardson ficando saudável, as chances deles brigarem na divisão aumentam também. Por fim, tem os Jaguars: a derretida no final da temporada foi horrenda, mas isso não quer dizer que eles são carta fora do baralho.
Mas onde entra os Titans nessa equação? Justamente nos confrontos divisionais: enquanto os rivais se digladiam entre si, no momento em que for enfrentar Tennessee, o time pode arrancar uma vitória de algum deles e embolar a briga pela AFC South. Vai ser fácil? Longe disso, pois além dos jogos dentro da divisão, o calendário não ajuda. Só nas quatro primeiras semanas, os Titans pegam Bears, Jets, Packers e Dolphins: todos considerados melhores e que provavelmente estarão lutando por playoffs.
Tennessee não tem o melhor cenário dentro da própria divisão e muito menos na AFC. A missão para 2024 é nítida: desenvolver a base e tentar aproveitar o que sobrou da era Vrabel – em outras palavras, Will Levis. Se tiver campanha positiva, é lucro. Porém, caso arranque vitórias importantes aqui e acolá, o time terá um excelente sinal em seu primeiro ano de reconstrução. Na terra onde todo bandido tem munição de sobra, às vezes é o bandido perneta que, mesmo morrendo, leva três graúdos para o caixão com ele. Os Titans podem morrer na praia, mas vão morrer atirando.
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