Acabou o péssimo remake texano de Maria do Bairro e, para o torcedor dos Cowboys, da pior forma possível. Micah Parsons foi trocado nesta quinta-feira (28/08) para o Green Bay Packers. O defensor agora é o jogador não-quarterback mais bem pago da NFL, já que Green Bay o pagará 188 milhões por 4 anos e média salarial de 47 milhões. Os valores da troca? Duas escolhas de Draft na primeira rodada, além do defensor Kenny Clark.
Parsons não só consegue o contrato que tanto queria, como também vai para um time jovem, promissor e bem treinado. Para o lado dos Packers, mais alegria ainda: o time consegue um dos melhores pass-rushers da NFL à preço de banana. Já o lado do Dallas Cowboys, bem…
Existem coisas que só acontecem em Dallas
Até o ano passado, algumas pessoas costumavam comparar o Dallas Cowboys com outra instituição cronicamente amaldiçoada: o Botafogo de Futebol e Regatas. Fazia sentido, no entanto: ambos possuem uma estrela solitária como logo e o último título relevante de ambos, até então, foi conquistado em 1995. Embora o time alvinegro seja muito mais parecido com o Chicago Bears no quesito desgraça (e torcidas psicóticas), a coincidência com Dallas chega a ser inacreditável.
Tão inacreditável quanto a decisão de trocar Micah Parsons. Especialmente pelo preço que foi.
As últimas decisões do front office já são questionáveis há bastante tempo. Na última década, as mais notórias – e controversas – foram as renovações de Ezekiel Elliott (quando ele já não estava rendendo nada), Dak Prescott e CeeDee Lamb. No caso do quarterback e do wide receiver, os dois passaram por imbróglios até renovarem seus contratos. A novela com Dak Prescott, inclusive, foi especialmente arrastada e trouxe uma consequência enorme para a liga: o contrato quase 100% garantido de 240 milhões totais virou de cabeça para baixo o mercado de quarterbacks. Tanto que, para 2025, Prescott terá o 5° maior salário da posição, mais até do que outros cujo renovaram depois dele, como Jalen Hurts e Brock Purdy.
Contudo, o problema em Dallas vai muito além de pagar mais caro – ou deixar de pagar, no caso de Parsons. Ele tem nome e sobrenome: Jerry Jones. A franquia está há 30 anos sem ir à final de Conferência por conta de decisões do dono/general manager. Segundo ele, a lealdade (ou melhor, submissão) e o potencial midiático são mais importantes do que os resultados em campo. Vide o carrossel de treinadores desde que ele comprou o time: foram nove head coaches diferentes, o que contrasta com as duas décadas de Tom Landry no comando.
Para Jones, nenhum treinador ou jogador pode ser maior do que o Dallas Cowboys. Em outras palavras: não pode ser maior do que ele. O resultado está aí para todos verem, com o melhor jogador draftado na década sendo trocado à um preço irrisório. Draft não é ciência exata e outro Micah Parsons não aparece em qualquer esquina. Se Jerry Jones acha realmente que isso é possível, as chances dele acertar na loteria novamente são quase nulas.
Botafogo e Dallas Cowboys são parecidos porque existem coisas que só acontecem com eles. Mas somente um conseguiu vencer um título em 30 anos. Mais de um, como diria o torcedor botafoguense com um belo sorriso.
Packers agora tem o “it-factor” que precisavam
Se você acompanha o ProFootball há algum tempo, certamente já leu algum texto aqui falando da situação dos Packers. Um elenco jovem e promissor, com uma ótima comissão técnica, mas que não tinha “aquele” jogador especial. Era a grande questão para 2025, pois os únicos que poderiam se encaixar nesta categoria são Josh Jacobs e Xavier McKinney. Por mais que ambos sejam top-5 de suas respectivas posições, o patamar do seu time não mudará com um running back e um safety. Ainda mais quando os seus arredores e, em especial, as posições premium – quarterback e EDGE – têm mais dúvidas do que certezas.
Portanto, buscar Micah Parsons é um movimento mais do que acertado por parte dos Packers. O contrato é salgado? É. Porém, o valor é justo por se tratar de um atleta tão especial quanto Parsons. Ele é um jogador com 54 sacks em 4 anos de liga e versátil como poucos, podendo alinhar na ponta, no meio e mais recuado para cobrir o passe. Tudo isso sendo jovem e (!!!) com possibilidade de evoluir ainda mais. O front dos Packers, que teve seus problemas com pressões em 2024, agora sobe muito de patamar.
Se tem gente chorando de um lado, outros estarão sorrindo de orelha a orelha. Para a alegria de Green Bay, são eles que estão no segundo grupo.
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