Após cinco jogos como titular em 2017 – todos resultantes em vitórias -, Jimmy Garoppolo assinou um contrato multimilionário com o San Francisco 49ers, tornando-se o homem de confiança de Kyle Shanahan e o quarterback mais bem pago da NFL, na época. Em 2018, contudo, uma contusão na terceira partida da temporada regular o fez perder o restante do ano; assim, dúvidas sobre o valor do contrato e sua real qualidade pipocaram em torno do jogador. A temporada de 2019, porém, vem se consolidando como o ano de afirmação de Garoppolo, o qual deu a volta por cima e levou os Niners ao topo da NFC.
Com estatísticas sólidas, se mostrando bem adaptado a executar o plano de jogo ofensivo de Shanahan e, principalmente, com atuações decisivas quando o time mais precisou de seu auxílio, o quarterback mostrou evolução ao longo do ano e que seu contrato não foi um desperdício de dinheiro por parte de San Francisco. Para findar todas as críticas, contudo, há uma grande oportunidade à frente de Garoppolo: o Super Bowl LIV.
Mesmo com essa evolução apresentada durante a última temporada, entretanto, o quarterback ainda não se postulou entre os melhores da posição na liga. Para consolidar sua afirmação, portanto, Garoppolo precisa realizar uma grande partida – e essa será a chave para que os 49ers possam sonhar com o título.
O que deu certo em 2019 pode ser mantido no domingo?
O principal fator que vem levando à afirmação de Garoppolo, sem dúvida alguma, é o excepcional sistema ofensivo de Shanahan, e esse continuará sendo o principal aliado do quarterback durante a final. Nem todo o plano de jogo, contudo, pode ser utilizado e, baseado no que se espera da defesas do Kansas City Chiefs, apenas algumas partes do playbook serão selecionadas. Dessa forma, é necessário decidir o que deu certo em 2019 e o que se encaixa bem no plano de jogo para domingo, pois uma sólida arquitetura ofensiva é o que Garoppolo necessita para subir de prateleira entre os atuais quarterbacks da NFL.
O primeiro fator, e o mais óbvio, não depende exclusivamente de Garoppolo, mas com certeza irá o auxiliar. O plano de jogo ofensivo dos Niners deve ser voltado a uma fórmula muito utilizada na temporada regular e que obteve destaque na final da NFC, quando a franquia passou por cima do Green Bay Packers: o jogo terrestre. A defesa dos Chiefs foi a 29ª da liga em DVOA, durante a temporada regular, contendo os avanços terrestres adversários e não deve contar com Chris Jones completamente saudável. Por mais que a unidade tenha melhorado na reta final da temporada, ainda sofre contra movimentação antes do snap – a quarta pior defesa da NFL em jardas/tentativa quando há motion antes da jogada começar.
Se o comitê de running backs de San Francisco e a linha ofensiva entrarem em campo em perfeita sincronia, mais uma vez, a defesa de Kansas City não poderá atuar de maneira agressiva e deixará o pass rush de lado – e isso dará tempo a Garoppolo no pocket para estabelecer sua base e realizar suas leituras; a melhor situação de conforto que o quarterback pode se encontrar, pois está dentro de um sistema em que sempre um de seus recebedores se encontrará livre. Com isso, o jogo aéreo da equipe pode funcionar melhor entre as marcações em zona dos Chiefs, principalmente com passes para Kyle Juszczyk saindo do backfield, umas das fraquezas adversárias (mas isso eu deixarei para a análise tática que será disponibilizada em nosso site ainda nesta semana).
Para Garoppolo se afirmar, todavia, não é necessário que ele seja o grande nome do jogo ou saia da final com 4 touchdowns passados e mais de 350 jardas aéreas; o que é requisitado, na verdade, é que ele dance a música conforme ela toque, administrando o ataque a partir da postagem defensiva adversária. Se for necessário que ele lance apenas oito passes – como ocorreu contra os Packers -, para obter a vitória, que ele realize bem os oito lançamentos, os quais serão tão essenciais quantos os passes decisivos em terceiras descidas longas demonstrados tantas vezes durante esta temporada. Nem sempre em nossa vida precisamos ser o destaque durante todo o tempo, mas, sim, realizar o diferencial no momento correto – e isso será o ponto chave de Garoppolo para a final.
A liderança e o poder decisivo
Em qualquer momento da vida, o espírito de um líder é essencial para ser um guia nos momentos mais escuros. Isso se repete em esportes coletivos de forma exaustiva, particularmente, em confrontos de playoffs. Fomos capazes de enxergar isso em Kobe Bryant, Tom Brady e entre inúmeros outros nomes que assumiram a bronca e levantaram seus times em confrontos decisórios. Garoppolo não está na prateleira dos gigantes do esporte, mas representar o papel de um líder na final – o que é, no fim das contas, a função mais importante de um quarterback – é primordial para sua afirmação na liga.




