Não dá para dizer que é surpreendente – muito menos, uma questão de falta de sorte. Ao fazer a prévia do Miami Dolphins para o nosso Guia da Temporada, fui taxativo: a franquia estava repetindo os mesmos erros e esperando resultados diferentes, sendo que o problema vai muito além da vitória única nas primeiras sete partidas disputas.
Coletivas constrangedoras, atuações desesperados de Tua Tagovailoa, defesa em frangalhos, vestiário perdido: tudo isso é muito mais impactante do que o número absoluto de triunfos e revezes. Os Dolphins são um carro desgovernado pegando fogo e não fazem a mínima questão de ligar para os bombeiros.
Mesmo após mais uma derrota vergonhosa, as mudanças necessárias para a equipe não são feitas. É uma tentativa insana de forçar um caminho que já resultou no desfiladeiro por diversas vezes. Aquele início mágico de 2023 já não está mais entre nós e os Dolphins precisam confrontar a sua realidade. A equipe está no meio de uma crise gigantesca e precisa encontrar soluções.
Excesso de exposição
As últimas entrevistas de Miami viraram entretenimento para aqueles que as acompanham, mas enunciam algo muito mais grave. Por meio das falas excessivas e das críticas veladas, vemos um vestiário rachado e um grupo sem comando. O quarterback, inclusive, é o principal responsável por algumas dessas gafes. No início da temporada, Tua se colocou em nível muito inferior a Josh Allen ao dizer que “não pode fazer metade do que ele faz”; na semana passada, criticou seu elenco por não comparecer às reuniões exclusivas de jogadores.
Nesta segunda-feira, foi a vez do treinador, Mike McDaniel, inaugurar o novo capítulo da novela “excesso de exposição”. Ao garantir Tua como titular desta semana, disse que espera que ele “não lance 10 interceptações”. Tenho certeza que há jeitos melhores de não implodir o relacionamento com seu quarterback.
Dolphins HC Mike McDaniel says Tua will be the starting QB this week. And his expectation is that they will not throw “ten picks.” pic.twitter.com/Vqvztxu3zl
— Clay Ferraro (@ClayWPLG) October 20, 2025
Estamos vendo na mídia, a exposição pública da falta de comando de Miami. Já não é de hoje que há rumores de falta de pulso de McDaniel; as falas desnecessárias, todavia, confirmam o colapso do elenco. O vestiário dos Dolphins vive um fogo cruzado e seus dois comandantes estão acendendo isqueiros ao invés de apaziguar a situação.
O campo fala
Desde 2023, não há uma atuação consistente de Miami que dê esperança ao torcedor. Ainda assim, a cultura e a filosofia permanecem as mesmas. Minha ideia não é criticar o sistema de Mike McDaniel, pois o vejo de forma positiva; todavia, o campo está dizendo que a teoria não está funcionando – e não há sinais de mudança na Florida.
Tua já tem 10 interceptações na temporada (pior marca da liga), 6,4 jardas/tentativa de passe (segundo pior número de sua carreira, atrás apenas de seu ano de calouro) e um rating de 82,4 (quarta pior marca entre quarterbacks com 7 partidas). No lado ofensivo como um todo, Miami é o time que mais cometeu turnovers (12), nono pior em pontos (140), também sendo o nono pior em EPA/jogada (-0.04).
Da mesma forma, a situação defensiva também é calamitosa. Miami é o terceiro time que mais cede jardas/jogada (6), é uma aberração contra o jogo terrestre (1115 jardas cedidas, pior marca da liga), com uma secundária que só tem uma interceptação e cede 6,9 jardas/jogada, quarta pior marca da liga.
Miami é incapaz de executar instâncias básicas do jogo e é punido semana após semana, por times mais fortes, como o Indianapolis Colts, ou mais fracos, como o Cleveland Browns. As falhas do elenco não deveriam ser novidade para o front office da equipe, já que tais buracos eram evidentes em qualquer análise prévia feita na última intertemporada.
Foi uma escolha Chris Grier e de Mike McDaniel em colocar todos os ovos da cesta na mesma filosofia. Você pode fugir das escolhas, mas não dos resultados.
Caos completo
Em suma, os Dolphins são uma bagunça em todas as instâncias, com falta de liderança, brigas internas e problemas notórios de construção de elenco. O time não possui um comando eficiente e a falta de cultura na equipe é evidente. A franquia sequer pode buscar uma alternativa a Tua, pois seu dead cap em 2026 é de quase $ 100 milhões de dólares.
A solução é clara: Miami precisa de uma reestruturação completa. Stephen Ross precisa ir atrás de um novo general manager e de um novo treinador, buscando uma nova fundação que, enfim, traga a mudança de cultura desejada pela equipe. É o momento de trocar atletas que ainda tem algum valor e já começar a desenhar o caminho para o novo quarterback que substituirá Tua no futuro. Uma reconstrução de elenco que pode até colocar o 2026 da equipe em xeque, mas que se demonstra necessário frente a tantos problemas apresentados neste ano.
Já faz 25 anos desde a última vitória dos Dolphins em uma pós-temporada. Situações drásticas exigem medidas igualmente drásticas. Não dá mais para “fazer uma gracinha e voltar para debaixo da água”.
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