Ainda há esperança para os 0-3 Bengals e Giants?

De 1990 para cá, quando o atual formato com seis times de cada conferência indo aos playoffs foi adotado, 150 equipes iniciaram a temporada com três derrotas consecutivas. Destas, apenas três deram a volta por cima e chegaram ao mata-mata – Chargers (1992), Lions (1995) e Bills (1998). 0-4? Apenas uma – os Chargers de 1992. Em 2017, cinco franquias encontram-se nesta dramática situação: 49ers, Browns, Chargers, Bengals e Giants.



Vamos assumir que San Francisco e Cleveland estão fora da briga, pois, a bem da verdade, ambos nunca foram candidatos sérios aos playoffs este ano. Também vamos excluir momentaneamente Los Angeles, já que eles estão 0-3 e jogam na melhor e mais disputa divisão da NFL, a AFC West – boa sorte aos Chargers tentando um milagre em uma divisão com Chiefs, Broncos e Raiders. Assim, entre os que estão no fundo do poço, Cincinnati e New York são os times com as melhores (ou menos piores) chances de reação.

Como sugere o primeiro parágrafo, nem a história e nem as probabilidades estão do lado de Giants e Bengals. Contudo, os sinais de melhora mostrados pelas duas equipes na semana 3 indicam que ainda não chegou a hora de jogar a toalha. Respondendo a pergunta que serve de título ao texto, ainda há esperança, mesmo pequena, para Cincinnati e New York.

Como eles entraram em um buraco tão difícil de sair?

A resposta é basicamente a mesma nos dois casos: completa e absoluta ineficiência ofensiva. Os Bengals não anotaram um touchdown sequer nas duas partidas iniciais da temporada. Já os Giants marcaram 13 pontos nos 11 primeiros quartos que disputaram, ou seja, 13 pontos em 165 minutos de futebol americano. Não por acaso, são os piores times da NFL em média de pontos por jogo (11 e 12,3).

O curioso é que o problema não é nem de longe a falta de playmakers no ataque, haja vista os times contarem com jogadores como A.J. Green, Odell Beckham Jr., Brandon Marshall e Tyler Eifert em seus respectivos corpos de recebedores. A questão é mais estrutural e passa por sérias fragilidades nas trincheiras.

Ambas as equipes não possuem linhas ofensivas confiáveis. Já mostramos em detalhes, inclusive com imagens, aqui no ProFootball o quão pífia é a dupla de bloqueadores formada pelo left tackle Ereck Flowers e pelo guard John Jerry na offensive line de New York. Cincinnati, por sua vez, sofre demais com seus tackles, tanto que vem fazendo um revezamento de atletas na posição (Jake Fisher, Cedric Ogbuehi e Andre Smith), pois até agora não encontrou uma combinação que dê certo.

Como resultado, Andy Dalton e Eli Manning estão quase sempre pressionados e sem as condições ideais para fazer o ataque aéreo render – diga-se de passagem, os dois poderiam estar fazendo um trabalho melhor nas ocasiões em que a linha ofensiva funciona, mas aí já é outro problema. Ademais, a falta de qualidade nos bloqueios obviamente também atrapalha o jogo terrestre. New York é o pior da liga em média de jardas corridas por partida (48,7). Cincinnati está um pouco melhor, porém também não vem fazendo nada de extraordinário (89,7).

Razões para acreditar na reação

A demissão de Ken Zampese e a promoção de Bill Lazor para o cargo de coordenador ofensivo parece ter feito muito bem ao ataque dos Bengals. Lazor diminuiu o bizarro rodízio de running backs feito pela equipe, dando o maior número de snaps (56%) e carregadas (18) para Joe Mixon[note]http://www.cincinnati.com/story/sports/nfl/bengals/2017/09/25/cincinnati-bengals-walkthru-bleak-reality-0-3-record/699745001/ Acesso em: 28/98/2017[/note]. Além disso, Dalton voltou a ser uma máquina de passes lançados na direção de A.J. Green: foram 10 recepções e 111 jardas do wide receiver somente contra Green Bay.

Tudo bem, foi apenas um jogo, mas a impressão é que o ataque de Cincinnati saiu do estado vegetativo em que se encontrava. Anotar 24 pontos e perder na prorrogação para os Packers no Lambeau Field não é algo a ser ignorado. Pode ser que Lazor tenha enfim dado uma sacudida nesse ataque com as suas opções e mudança de postura.

Outro motivo para otimismo é o retorno de Vontaze Burfict. O linebacker terminou de cumprir mais uma de suas milhares suspensões e estará de volta ao time na semana 4. Sua presença em campo representa um significativo upgrade na defesa dos Bengals.

Do lado de New York, a reação passa necessariamente por Beckham Jr. O recebedor foi o personagem principal da quase virada dos Giants sobre os Eagles no domingo, sendo responsável por 14 dos 24 pontos anotados pelo time no último quarto. Com ele 100% recuperado fisicamente (lembrando que Odell perdeu o duelo da semana 1 e esteve limitado na partida seguinte), o ataque da franquia ganha outra dimensão.

Não tem jeito, a linha ofensiva continuará sendo fraca e o jogo terrestre inexistente. Não há como fazer milagre quanto a isto. A solução é procurar alternativas visando mitigar o problema. Uma delas é lançar na direção de Beckham Jr. e torcer para ele fazer uma recepção espetacular ou correr 80 jardas com a bola até a end zone. A outra é chamar jogadas que facilitem a vida de Manning, como passes curtos e rápidos, screens etc. Para a sorte dos Giants, eles possuem um corpo de recebedores muito rico e cheio de talento.



O que diz o calendário?

Cincinnati precisa lamentar e muito já ter perdido duas partidas dentro do Paul Brown Stadium, até porque a franquia agora atuará cinco vezes fora de seus domínios em seus próximos sete compromissos. O pior momento será uma sequência de jogos fora de casa contra Jaguars, Titans e Broncos entre as semanas 9 e 11.

Entretanto, o calendário dos Bengals não é dos mais impossíveis. Por exemplo, eles enfrentarão Browns (duas vezes), Bills e Bears até o fim do ano, três equipes que não estão entre as mais temidas da liga. Também medirão forças com os Colts – se ainda estiver sem Andrew luck na semana 8, Indianapolis é outro adversário bastante acessível. Enfim, a tabela poderia ser bem pior.

Já New York não terá uma semana sequer de tranquilidade até o fim da temporada – talvez a única exceção seja os 49ers. O time terá vários confrontos complicados dentro da Conferência (Tampa Bay e Seahawks) e ainda jogará contra todo mundo da AFC West (Broncos e Raiders fora de casa).

Não bastasse isso, os Giants estão em uma situação ruim por já terem perdido duas partidas divisionais. A boa notícia, se é que podemos falar assim, é que as derrotas para Cowboys e Eagles aconteceram fora de casa, logo não são resultados completamente fora do esperado. A franquia receberá todos os seus oponentes de divisão no MetLife Stadium entre as semanas 14 e 17. Seja como for, olhando para os futuros adversários, a caminhada de New York promete ser bem mais difícil do que a dos Bengals.

Se estivéssemos apostando, diríamos que Cincinnati tem mais chances de uma arrancada

Os Bengals têm um calendário mais favorável e fazem parte de uma divisão menos acirrada do que os Giants. Pittsburgh e Baltimore ainda não convenceram, enquanto os Browns mais uma vez dão mostras que não brigarão por nada. A NFC East, por outro lado, está totalmente aberta e sendo disputada cabeça à cabeça por Redskins, Eagles e Cowboys. Esta, junto com a tabela brutal de New York, é a principal razão para apostarmos mais em Cincinnati.

Agora, se quisermos dar um argumento pró-Giants, podemos dizer que no papel eles possuem um elenco mais qualificado. A defesa não está rendendo no mesmo alto nível do ano passado, mas segue contando com vários ótimos jogadores. Ademais, o ataque aéreo possui uma maior profundidade de talento e variedade de playmakers.

A missão de superar um 0-3 e chegar aos playoffs não será fácil para nenhuma das equipes. Não é por acaso que apenas três times conseguiram o feito nos últimos 27 anos. Ainda assim, existem motivos para Giants e Bengals acreditarem em uma reviravolta e não jogarem a toalha.

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