Análise Tática: As críticas de Jon Gruden a Derek Carr são desonestidade intelectual

[dropcap size=big]J[/dropcap]on Gruden segue causando estragos no Oakland Raiders. Após trocar Khalil Mack e ter feito mais algumas decisões questionáveis, o alvo logo após a derrota para o Los Angeles Rams foi seu quarterback, Derek Carr.

Após ir para o intervalo vencendo por 13 a 10, os Raiders tomaram 23 pontos e não marcaram nenhum no segundo tempo. Nitidamente, Sean McVay e Wade Phillips fizeram ajustes. Gruden, não.

Carr acabou o jogo com três interceptações e nenhum touchdown e Gruden veio a público para criticar seu quarterback. Nas palavras do próprio Gruden “(Amari) Cooper estava livre em profundidade algumas vezes e por alguma razão não lançamos lá”.




As críticas se devem ao fato de Carr ter lançado sete passes em direção ao seus wide receivers, completando cinco para apenas 43 jardas. Destes cinco, três foram em screens. Outro problema foram os passes mais longos: apenas seis percorreram mais que 10 jardas no ar e dois destes foram interceptados. Carr foi bem contra blitz, mas sofreu contra a pressão da linha defensiva quando a mesma não mandou nenhum defensor extra. Foram apenas 6,7 jardas por tentativa em situações de quatro ou menos pass rushers. Todas suas três interceptações foram em situações como essa.

Mas números são frios e Gruden parece estar tentando tirar sua parcela de responsabilidade na falta de resposta do seu time aos Rams no segundo tempo. A verdade é que tanto Gruden quanto Carr foram engolidos taticamente pelo veterano coordenador defensivo dos Rams, Wade Phillips.

A verdade é que tanto Gruden quanto Carr foram engolidos taticamente pelo veterano coordenador defensivo dos Rams, Wade Phillips.

Notando que Jon Gruden continuaria a encher o campo de tight ends e com um grupo de wide receivers limitado a Cooper como ameaça, Phillips confiou em duas coisas: capacidade de seus defensive backs em jogarem próximos ao box e mesmo assim cobrirem o fundo do campo, e de seus jogadores de linha defensiva em gerarem pressão sem ajuda de pass rushers extras.

O trabalho do pass rush foi não tão expressivo em números (1 sacks e 3 hits), mas fundamental em tirar o conforto e colapsar o pocket especialmente pelo meio. Aaron Donald e Ndamukong Suh são jogadores consagrados e falar dos mesmos seria chover no molhado. O que precisamos é prestar mais atenção em Michael Brockers.

Jogador  subestimado, Brockers é o cara que joga para os outros aparecerem. Com excelente motor, costuma ser uma arma fundamental contra jogo corrido, mas tem boa capacidade de conseguir pressionar o quarterback pelo meio. Com Suh e Donald ao seu lado, fica praticamente impossível fazer dobras. Como podemos ver, numa das raras blitzes mandadas no segundo tempo pelos Rams, Brockers simplesmente passa como se não houvesse obstáculos pelo guard Gabe Jackson. O sack vem e Carr não tem possibilidade de sequer fazer a sua primeira leitura.

Mas, voltando ao trabalho da unidade toda, numa terceira para dez jardas apenas quatro homens vão para pressão. Logo que Carr começa a fazer a leitura das progressões, o pocket colapsa pelo meio e impede que ele continue. Com isso ele precisa se deslocar para direita e só resta o check down na direção do running back Marshawn Lynch. È importante notar que mesmo que ele tivesse tempo, nenhum wide receiver conseguiu separação.

Uma das características clássicas das defesas Wade Phillips é a cobertura em zona que veremos a seguir. Com defensive backs extremamente capazes de reagir as jogadas com velocidade, ele pode manter os mesmos mais próximos do box matando as corridas, sem ter problemas em profundidade, utilizando de cover 3 ou 4 rotineiramente. Isso acontece desde seus tempos de Texans e Broncos. Será que Jon Gruden não sabia e por isso em vez de esticar o campo, encheu o time de formações tight? Ah, lembrei: analytics são inúteis para Gruden. Old school football é a chave…

Os Raiders usaram somente três wide receivers no jogo: Amari Cooper, Jordi Nelson e Seth Roberts. Todos foram dominados pelos defensive backs dos Rams. O grupo é raso e a culpa é de Gruden. Martavis Bryant (que foi cortado e assinou novamente agora), Ryan Switzer e Cordarrelle Patterson foram nomes que Gruden cortou ou trocou. Fenomenais? Não, mas jogadores que dariam profundidade ao elenco e opções.

Uma das características clássicas das defesas Wade Phillips é a cobertura em zona que veremos a seguir. Com defensive backs extremamente capazes de reagir as jogadas com velocidade, ele pode manter os mesmos mais próximos do box matando as corridas, sem ter problemas em profundidade, utilizando de cover 3 ou 4 rotineiramente. Isso acontece desde seus tempos de Texans e Broncos. Será que Jon Gruden não sabia e por isso em vez de esticar o campo, encheu o time de formações tight? Ah, lembrei: analytics são inúteis para Gruden.

Também não fez nenhuma força para manter Michael Crabtree no elenco, que segue produzindo em Baltimore. O novato Marcell Ateman, recebedor muito produtivo em Oklahoma State, foi colocado no pratice squad.




O time preferiu investir em nomes como Nelson, que com 33 anos e diversas lesões, recebeu um contrato de 7 milhões de dólares neste ano. Não me entendam errado, eu adoro Nelson e tudo que ele fez na carreira em Green Bay. Mas a verdade é que o tempo passa para todos e para ele não é diferente. Na temporada passada foram apenas 53 recepções e 482 jardas. Neste primeiro jogo ficou claro que ele não consegue mais separação.

Um exemplo é nesta interceptação a seguir. Nelson é o jogador alinhado mais próximo a linha ofensiva. Ele corre uma rota out em 10 jardas e em nenhum momento consegue a separação contra o defensor. A primeira leitura era em Nelson e não achando nada na esquerda, Carr volta para direita onde acaba interceptado. Eu poderia separar várias jogadas em que isso aconteceu, pois foi durante o jogo todo.

Nem Amari Cooper conseguiu estar livre em profundidade, como Gruden citou. Na mesma jogada que já vimos quando falamos da unidade toda defensiva, percebendo que ele seria a única ameaça em profundidade, os Rams tomaram atenção redobrada quanto a seu uso no fundo do campo. Quando os Raiders deixaram claro que não haveria ameaça em profundidade na direita do seu ataque, Los Angeles não titubeou em rodar sua cobertura e mandar o safety do lado esquerdo do ataque para cobertura funda, evitando assim qualquer janela para Cooper.

Derek Carr jogou bem? Não, longe disso. Parece um quarterback acuado e pouco à vontade em campo. Sentiu a ferrugem na volta de lesão e não parece familiarizado com o sistema de ataque suficientemente para executar sem pensar duas vezes. Como resultado dessa equação e soma de termos, segura demais a bola.

Mas ser criticado por seu treinador em público após a primeira rodada da temporada me soa exagerado. Talvez o tempo que Gruden passou como comentarista tenha lhe dado a impressão que para se manter relevante é necessário sempre falar e apontar algo. Ser polêmico para se manter no holofote.

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O que ele precisa lembrar que para se manter relevante como treinador na NFL é vencer. Ter seu quarterback como aliado é um primeiro passo. Gruden deveria é rever seus conceitos e entender que o futebol americano mudou. Manter conceitos e convicções de 1998 podem funcionar por dois quartos como contra o Rams, mas a longo prazo só o levarão a uma coisa: Ser considerado treinador ultrapassado que tentou voltar a liga, e mesmo vencedor no passado, não tem mais espaço nela.

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