Oct 3, 2016; Minneapolis, MN, USA; New York Giants running back Orleans Darkwa (26) is tackled by Minnesota Vikings defensive tackle Linval Joseph (98) and defensive end Brian Robison (96) during the first quarter at U.S. Bank Stadium. Mandatory Credit: Brace Hemmelgarn-USA TODAY Sports

Análise Tática: O sucesso da defesa de Minnesota e como funciona o double A-gap blitz

De pior defesa para uma das melhores da liga. A evolução da equipe dos Vikings após a chegada de Mike Zimmer foi impressionante. O time era um saco de pancada por muito tempo, não tinha talento na defesa e a qualidade under center era bizarra. Zimmer chegou, implantou seu estilo defensivo e em pouco tempo os Vikings deram a volta por cima.

Esta foi uma das provas como o esquema certo, com os jogadores certos e a paciência necessária pode transformar uma cultura de perdedora para vencedora. Quando Zimmer foi contratado, o histórico favorecia muito que ele traria uma nova era para essa defesa. Afinal, não havia como piorar do que estava.

Zimmer chegou, implantou a sua filosofia no 4-3 e trouxe o pacote que fez a reviravolta acontecer: o double A-gap blitz. O interessante é que ele não é usado somente para situações de blitz (como iremos mostrar), mas a formação confunde totalmente qualquer sistema ofensivo – basta assistir as partidas em que Aaron Rodgers enfrentou esta defesa.

Primeiro passo: combate ao jogo terrestre

O técnico principal de Minnesota acredita fortemente que o objetivo número #1, sempre, é parar o jogo terrestre adversário. O time cedia, em média, 4,3 jardas por tentativa de corrida quando ele chegou. Em 2017, essa marca está em 3,5 jardas e apenas 81,4 jardas terrestres cedidas por jogo – ambas terceiras melhores marcas da liga.

Apesar do estilo Tampa 2 anterior ao regime Zimmer ter um bom combate ao jogo terrestre, lhe faltava flexibilidade e ser imprevisível aos adversários. Por isso os anos sofrendo dentro da divisão, as decepções e assim por diante. Zimmer, experiente e um dos melhores da liga no assunto 4-3, chegou e modernizou sua defesa, implementando a formação double A-gap blitz.

Antes de tudo, a renovação defensiva

Esta ideia de parar o jogo terrestre inicialmente e depois ir atrás do quarterback só funciona pela flexibilidade de seu front seven. Em especial, as aquisições de Linval Joseph (Free Agent em 2014), Anthony Barr (primeira rodada de 2014), Eric Kendricks (segunda rodada de 2015) e, principalmente, com o aproveitamento incrível dos talentos de Harrison Smith (primeira rodada de 2012).

Smith era um safety extremamente atlético em Notre Dame, mas que sofria em marcações individuais. Nos primeiros anos de Minnesota, sendo usado em uma Tampa 2, não tinha todo o seu potencial aproveitado. Agora Smith é o elemento que traz a flexibilidade de poder ir ao blitz, marcar o tight end ou ir para a marcação em zona no momento do snap. Seu atleticismo faz com que ele tenha capacidade de cobrir todo o campo e ser a peça fundamental para o esquema ser tão confuso aos adversários.



Afinal, como funciona?

Na prática, o nome já diz como funciona. Com o foco sendo parar o jogo terrestre, Minnesota tenta forçar que os adversários fiquem previsíveis, passem mais e, consequentemente, fiquem em situações de terceiras descidas longas. É neste momento que a defesa entra na formação nickel (na maior parte do tempo) e alinha os linebackers logo a frente do A-gap, trazendo confusão defensiva.

Acompanhe o alinhamento dos dois linebackers (#55 Anthony Barr e #54 Eric Kendricks). Eles ficam ocupando o A-gap, com os defensive tackles na 4- e na 6-tech e os defensive ends na 9-tech. Extremamente inusitado e força a mudança da proteção da linha ofensiva. Com Harrison Smith (circulado em vermelho) no box, os Ravens estão esperando uma cover 3 ou cover 1. Eles precisam contar com a proteção de seis homens na linha de scrimmage (ou até mesmo do safety) e saber que estão no mano-a-mano. O problema é que o time se encontra em uma terceira para 14 perto do fim da zona de field goal.

O mais previsível seria chamar um screen pass e desacelerar o pass rush. Só que os Vikings têm noção disso. Na hora do snap, Smith mostra a sua versatilidade e vai para o fundo do campo, mostrando que a marcação é de cover 2, o que vai dificultar que um screen pass vá muito longe.

Kendricks sai para marcar o running back e Barr fica responsável pelo flat, tentando evitar que aconteça um screen pass. O resultado é que Flacco fica atrapalhado e sabe que se completar o passe existe um risco grande do tackle acontecer para perda de jardas. Ele apenas solta a bola no chão e Minnesota força a quarta descida.

O fundamental aqui é manter sempre à mesma formação e mudar o conceito depois de cada jogada. Foi assim durante todo o jogo dos Ravens e uma jogada em específico mostra muito bem como esse time pode ser perigoso com relação à leitura da proteção defensiva feita pela linha ofensiva adversária:

Novamente uma terceira descida e a mesma formação dentro de campo. A grande diferença é que Barr (camiseta #55) está alinhado na 9-tech e o defensive end #96 Brian Robinson ocupa o seu lugar no A-gap. É o tipo de mudança que serve para confundir o adversário. O mínimo que se espera é que Robinson vá para o blitz (possivelmente com o #54 Kendricks).

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Do outro lado, o nickelback #23 Terence Newman está denunciando que vai para o blitz (propositalmente), o que chama atenção do running back de Baltimore – e Harrison Smith vai cobrir a slot. A chamada de proteção dos Ravens acaba tentando contar com todos os jogadores… menos com Barr.

Robinson e Kendricks saem para uma cobertura em zona (é um zone blitz), deixando os dois guards sem ação durante toda a jogada. A matemática fica simples: com dois guards inúteis, alguém sobrou – e esse foi Barr. Ele fica sem bloqueio e força o passe errado de Joe Flacco. É a formação double A-gap blitz em sua essência, mexendo com a cabeça dos adversários e forçando os erros dos quarterbacks.



As últimas peças: Danielle Hunter e Ben Gedeon

Para finalizar, é preciso destacar que Hunter e, neste ano, Gedeon são as peças que faltavam para esta defesa funcionar em seu melhor momento. Com Barr sendo atlético demais para ser utilizado apenas indo atrás do quarterback, Minnesota precisava de uma força contínua pelo blindside. É o que ajuda o sistema defensivo a forçar terceiras descidas longas.

Hunter foi para o Draft de 2015 como um especialista em rusharquarterback adversário, por isso saiu apenas na terceira rodada. Em Minnesota ele não precisava se preocupar tanto com o jogo terrestre, visto a qualidade dos outros membros defensivos, e ele se especializou em trazer pressão pelo lado cego. Com apenas 22 anos, ele já possui 21,5 sacks na carreira.

Já Gedeon (escolhido na quarta rodada desse ano) traz um bom combate ao jogo terrestre quando em situações de primeira e segunda descidas. Ele não é um exímio com os seus extintos, mas é um bom tackleador e complementa ainda mais o combate pelo chão – tanto é que o time evoluiu de ceder 4,2 jardas por corrida no ano passado para apenas 3,5 nesse ano.

É assim que Minnesota se mantém relevante, mesmo com Case Keenum de titular

Mesmo sem o seu running back titular e com Case Keenum de titular, Minnesota é um sério candidato ao título da divisão por causa da flexibilidade de sua defesa e a capacidade de sair de campo em situações de terceira descida.

Não é fácil estudar e captar as tendências de Mike Zimmer pelo videotape. Apesar da formação ser simples e bem conhecida, ele tem criatividade (e poucos vícios) suficiente para diversificar as ações pós-snap, o que vai atrapalhar qualquer quarterback que jogar contra essa defesa. Os Vikings possuem potencial para incomodar dentro da NFC, ainda mais se Teddy Bridgewater adquirir ritmo de jogo e voltar a ser o líder ofensivo desse time.

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