Investimento em Gruden rendeu frutos

Time apresenta grande evolução ao longo dos três anos sob o comando do treinador e hoje briga seriamente por playoffs

O Las Vegas Raiders, na época ainda em Oakland, deu as chaves e literalmente uma parte da franquia a Jon Gruden quando assinou um contrato de 10 anos e 100 milhões de dólares para ele ser o head coach a partir de 2018. Mark Davis comprou uma filosofia e um projeto de longo prazo, dando total autonomia ao treinador acreditando que ele tornaria os Raiders de novo relevantes na NFL. Foi uma decisão arriscada, sobretudo porque Gruden estava a uma década longe da liga trabalhando como comentarista de televisão.

Três temporadas depois, podemos dizer que a aposta está finalmente dando os frutos esperados. O time parece melhor ano após ano, está firme e forte na briga pelos playoffs e hoje consegue bater de frente com qualquer oponente, como ficou claro nos dois duelos diante do Kansas City Chiefs.

Raiders se tornaram um time copeiro e com mentalidade vencedora

O processo de reconstrução não foi perfeito. Gruden, por exemplo, inexplicavelmente decidiu não contar com Khalil Mack, o seu grande pecado até aqui, trocando-o para o Chicago Bears a preço de banana. Ele também montou uma equipe de bad boys em 2019, simbolizada por Vontaze Burfict e Antonio Brown, e tomou algumas decisões ruins no Draft. Em todo o caso, o saldo geral é muito mais positivo do que negativo.

Gruden é um treinador old school com uma forma peculiar de trabalhar. Ele é ao mesmo tempo um dos personagens mais carismáticos da NFL, alguém que parece ser amado pelos atletas, e o cara do playbook com nomes de jogadas impossíveis de decorar. Ele diz não ligar muito para os nerds das estatísticas e também prefere controlar os adversários nas trincheiras e correndo com a bola, seguindo na contramão da modernidade.

Nesse sentido, é impossível não notar grandes semelhanças entre os Raiders 2020 e o Tennessee Titans de 2019: a linha ofensiva poderosa; um running back forte e quebrador de tackles; a ênfase terrestre; um quarterback ajudado pelo sistema a ser extremamente eficiente; uma defesa ao estilo “enverga, mas não quebra” que se sobressai em momentos decisivos. Se fosse futebol da bola redonda, diríamos que Las Vegas é um time copeiro.

Não por acaso, os Raiders estão 6-4 mesmo tendo enfrentado o 3º calendário mais difícil da liga até agora. Em seu resumo há vitórias contra equipes como Chiefs, New Orleans Saints e Cleveland Browns, ao mesmo tempo em que a única derrota diante de uma franquia com campanha negativa aconteceu para o New England Patriots – as outras foram contra Tampa Bay Buccaneers, Buffalo Bills e Kansas City.

Las Vegas chegou num estágio o qual consegue competir com qualquer um – e isso não é pouca coisa. Ainda falta talento no elenco para serem candidatos confiáveis ao Super Bowl, porém, em uma tarde inspirada, podem eliminar times mais fortes no mata-mata, assim como os Titans de 2019 fizeram.

Gruden está conseguindo extrair o melhor dos jogadores

Poderíamos citar vários exemplos de atletas que cresceram de rendimento desde a chegada do head coach, mas ninguém se compara a Derek Carr. Se usarmos as estatísticas avançadas as quais Gruden diz não gostar, veremos o quarterback atualmente como o 3º melhor em DVOA (atrás apenas de Patrick Mahomes e Aaron Rodgers) e o 4º em QBR.

E não é porque Carr está sendo carregado por Josh Jacobs e o jogo terrestre. Ele realmente está atuando muito bem e sendo bastante eficiente como passador, inclusive tendo mais liberdade na linha de scrimmage para ler as defesas e mudar as jogadas. Fazendo outro paralelo com os Titans, é um salto de qualidade nível Ryan Tannehill.

É possível dizer o mesmo da linha ofensiva e sua evolução nos últimos três anos, nesse caso destacando também o trabalho de Tom Cable. Ou então da defesa, apesar de ela ainda oscilar bastante devido à pouca profundidade de talento e sofrer com lapsos de indisciplina.

Após anos de irrelevância, Las Vegas apostou em Gruden mudando o rumo da franquia em médio e longo prazo. Conforme o treinador começa a entregar o prometido e as coisas enfim caminham na direção certa, a decisão mostra-se mais acertada, ao contrário do que parecia em 2018. O desafio dos Raiders agora é se consolidar como uma das principais forças da AFC.

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