Análise de Quarterbacks: a regressão de Marcus Mariota e Derek Carr

Neste ano, durante toda a temporada, teremos uma coluna semanal dedicada à avaliação da performance dos quarterbacks. A ideia é discutir, baseado em achados extraídos da análise dos vídeos dos jogos, as características dos atletas que determinam seu sucesso (ou fracasso) na liga. Além de uma visão geral sobre os passadores na semana em questão, teremos alguns destaques individuais, tanto positivos quanto negativos.



Claro, como não pode deixar de ser, levaremos sempre em consideração o sistema ofensivo empregado pelas equipes, assim como a qualidade do elenco ofensivo. Estes fatores impactam de maneira fundamental o que os quarterbacks mostram em campo e, na medida do possível, iremos contextualizar as estatísticas (e resultados) dos jogadores dentro desta realidade.

Semana 14: Visão Geral

Que balde de água fria a contusão de Carson Wentz! Não só para os Eagles, mas para todos que gostam do futebol americano. Um dos melhores quarterbacks do ano, Wentz sofreu ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito, e ficará de fora do restante da temporada. Do ponto de vista de quem observa e analisa os quarterbacks, trocar Wentz por Foles é difícil…

Nesta semana, dois jovens e promissores quarterbacks tiveram atuações que exemplificam suas temporadas decepcionantes. Marcus Mariota e Derek Carr, candidatos a MVP antes da temporada começar, seguem muito irregulares. As dificuldades de ambos nesta última semana serão esmiuçadas sob o microscópio.

Além disso, mais uma ótima atuação de Jimmy Garoppolo, Cam Newton em sua melhor performance no ano, e o calouro Trubisky mostrando a que veio. Isso sem contar Philip Rivers e Ben Roethlisberger, dois veteranos que vêm muito bem nesse final de temporada. Ah, e dois que estão entre os melhores da semana que não dá nem pra acreditar. Vocês verão.

Vamos em frente.

Sob o microscópio: Marcus Mariota e Derek Carr

Vamos começar esta seção hoje com uma confissão: Marcus Mariota foi, antes da temporada começar, minha aposta para o prêmio de MVP. Errei feio. Em 2017, Mariota não vem cumprindo as expectativas, em uma temporada muito irregular, recheada de erros.

O jogo deste último domingo, contra o Arizona Cardinals, mostrou de maneira bem clara os problemas de Mariota em 2017. Na derrota por 12 a 7, o ataque do Tennessee Titans não conseguiu, em praticamente nenhum momento, avançar com qualquer ritmo. O quarterback terminou o jogo com 16 passes completos em 31 tentativas, para 159 jardas e 2 interceptações, sem nenhum touchdown.

Ao analisarmos o desempenho de Mariota, alguns fatores chamam a atenção. O quarterback parece muito indeciso no pocket, “gastando” movimento de pernas desnecessariamente. Com esse movimento excessivo, a eficácia dos passes de Mariota depende, quase que exclusivamente, do braço do quarterback. Nesse momento, o arco de movimento amplo do braço de Mariota torna-se um problema. Assim, vemos passes frequentemente flutuando, particularmente em lançamentos intermediários pelo meio do campo, que dependem de velocidade. Aliás, as duas interceptações de Mariota no jogo de domingo aconteceram em lançamentos desse tipo. Nas duas, os problemas de acurácia se juntaram à outra questão predominante nos problemas do quarterback em 2017: as decisões.

Desde sua chegada na NFL, Marcus Mariota se notabilizou pela inteligência na gerência do ataque. Boas leituras da defesa, decisões rápidas e precisas, além de ótima precisão nos lançamentos curtos, particularmente para os lados do campo. Algo está diferente em 2017. Em comparação com suas temporadas anteriores na NFL, Mariota está com um rating quase 20 pontos mais baixo (76), além de um ANY/A (média de jardas por tentativa de passe, ajustada por sacks e interceptações) muito baixo, de 5,25 (entre os piores da liga).



Quando analisamos o desempenho de Marcus Mariota, é fundamental levar em conta uma questão. O sistema ofensivo dos Titans, focado no jogo terrestre de força, a partir de formações fechadas, não favorece as melhores características de Mariota. Um sistema de ritmo, com múltiplos recebedores e passes curtos, se encaixaria muito melhor para o quarterback. Ainda assim, o sistema é o mesmo das duas temporadas anteriores de Mariota na NFL.

Fato é que, quaisquer que sejam os motivos, Marcus Mariota vem em uma temporada muito abaixo do esperado. Assim como o quarterback que ocupa a segunda metade do nosso microscópio.

Derek Carr já foi o foco da nossa coluna nesta temporada. Depois daquele que foi o seu melhor jogo de 2017, contra os Chiefs em Oakland, descrevemos como Carr foi capaz de mudar o desfecho da partida com a capacidade de aguentar a pressão no pocket até ter a oportunidade de acertar passes intermediários e longos com extrema precisão.

Pra onde foi esse quarterback?

No jogo de domingo, mais uma vez contra os Chiefs, no Arrowhead Stadium, Derek Carr foi o oposto do que tinha sido na semana ?. Com um plano de jogo baseado em passes rápidos e curtos, Carr pareceu absolutamente desconfortável dentro do pocket, mesmo em situações de ausência de pressão. Quando tentou passes mais longos, o quarterback dos Raiders teve grandes problemas de acurácia, não acertando os recebedores mesmo quando estes conseguiram abrir espaços na cobertura.

Derek Carr é um quarterback com grande talento no braço. Assim, boa parte da sua qualidade depende do movimento e força no braço direito. Ainda assim, como todo quarterback, seu desempenho sofre influência do trabalho de pernas dentro do pocket. Como já dissemos, contra os Chiefs Carr esteve “inquieto” no pocket, o que contribuiu para erros importantes.

Além de questões de mecânica e precisão, outro problema apareceu no jogo de domingo: decisões ruins. Nas poucas situações em que Carr não lançou a bola rapidamente, para sua primeira leitura, o quarterback pareceu perdido diante da defesa dos Chiefs. Em dois momentos, recebedores estavam claramente livres, mas o quarterback simplesmente decidiu lançar a bola em outra direção. Durante todo o jogo, vimos um jogador que parecia sem confiança alguma, muito diferente do Derek Carr que vimos em temporadas anteriores (ou mesmo em alguns jogos nesta temporada).

No jogo deste domingo em Kansas City, Carr acertou 24 de 41 passes, com um touchdown e duas interceptações. Vale ressaltar que boa parte das jardas, além do touchdown, lançados por Carr vieram depois do jogo já estar 26 a 0 para os Chiefs, quando a defesa do time da casa passou a jogar mais recuada, com objetivo de deixar o tempo de jogo passar mais rapidamente.

Na temporada, Derek Carr é o décimo-sexto melhor quarterback em termos de ANY/A, com 6,33 (pelo menos melhor que de Mariota). Esse numero traz uma questão preocupante para o torcedor dos Raiders. Considerando os números da carreira de Derek Carr, 2017 não parece um ano tão fora do padrão. A temporada 2016 é que foi, até o momento, o ponto fora da curva, acima dos demais anos do quarterback na NFL. Carr ainda é jovem, e tem muito talento para mudar essa percepção, mas vamos ficar de olho.

Quando analisamos os desempenhos de Marcus Mariota e Derek Carr na temporada 2017 da NFL, dois fatores em comum chamam a atenção (além das performances abaixo do esperado). Primeiramente, os dois quarterbacks estão atuando em sistemas que parecem inadequados para suas características. Aliás, talvez os dois jogadores se beneficiassem de uma troca direta. Mariota jogando no ataque de ritmo dos Raiders e Carr atuando no ataque de passes longos e menos frequentes dos Titans. Mas isso é só uma fantasia.

O outro fator que é real é o fato de que os dois quarterbacks não tiveram uma intertemporada ideal para preparação para 2017. Tanto Mariota quanto Carr sofreram contusões no final da temporada 2016 que vêm trazendo consequências até agora. Em vez dos jovens quarterbacks terem passado toda a intertemporada se aperfeiçoando e treinando, tiveram que focar em reabilitação física. Aliás, já nesta semana, o técnico dos Titans, Mike Mularkey, afirmou em entrevista que Marcus Mariota ainda sofre as consequências diretas da lesão no tornozelo que sofreu em 2016, além da contusão muscular na coxa que o tirou de uma partida já na temporada atual.



Estes fatores aí em cima servem para dar esperança de que Marcus Mariota e Derek Carr possam retomar o rumo promissor de suas carreiras. Nesse momento, contudo, não dá pra não ficar com um pé atrás.

De olho nos calouros

Já há algumas semanas temos visto Mitchell Trubisky progredir jogo a jogo. Diante dos Bengals, na vitória dos Bears por 33 a 7, Trubisky completou 25 de 32 passes (78%), com um touchdown e 278 jardas. Com boa movimentação no pocket e boa precisão, a progressão de Trubisky traz a promessa de um bom futuro para sua equipe.

DeShone Kizer teve seu melhor jogo na NFL neste último domingo. Mostrando boa precisão nos passes intermediários, Kizer achou seu “novo” alvo Josh Gordon, o que abriu melhor o ataque. Contra os Packers, o quarterback lançou para três touchdowns (melhor marca na sua carreira), e esteve muito perto de levar os Browns à primeira vitória no ano. Na hora decisiva, no entanto, Kizer cometeu um erro grave, tentando lançar um passe totalmente fora de posição e pressionado, que culminou em uma interceptação, em plena prorrogação. Mais uma derrota pra conta de Kizer e dos Browns.

Nathan Peterman voltou a ter oportunidade como titular em Buffalo, por conta da contusão de Tyrod Taylor. No jogo de Peterman deste final de semana, é difícil fazer qualquer avaliação. Com a nevasca que caiu no domingo em Buffalo, só dá pra dizer que a atuação de Peterman não foi tão ruim quanto a última. O que também não quer dizer muita coisa.

Troféu “Parece Madden no nível amador” – melhor da semana

Blake Bortles

Quem?? Pois é. Blake Bortles. Em um jogo difícil, muito disputado contra o “cascudo” Seattle Seahawks, Blake Bortles teve uma das melhores atuações de sua carreira. Decisivo, preciso nos passes longos nas extremidades do campo. Bortles consistentemente levou os Jaguars a avançar.

O quarterback terminou o jogo com 268 jardas e dois touchdowns. Com Bortles mostrando evolução, os Jaguars se tornam uma equipe muito perigosa na pós-temporada.

Menções honrosas: Ben Roethlisberger – Pittsburgh Steelers / Jay Cutler – Miami Dolphins

Troféu “TEEEEBOOWWW!!!!” – pior da semana

Marcus Mariota

Já falei bastante de Mariota por aqui. Ele foi muito mal mesmo.

Menções “desonrosas”: Derek Carr – Oakland Raiders / Andy Dalton– Cincinnati Bengals.

Olhando para a semana 15

Chegadas e partidas. É o primeiro olhar sobre a semana 15. Como ficarão os Eagles sem Carson Wentz? É certo que o time já garantiu o título da NFC East, mas nesta semana, contra os Giants, a equipe terá a chance de começar a se adaptar a ter Nick Foles como quarterback.

Por outro lado, teremos o aguardado retorno de Aaron Rodgers aos Packers. Em um grande jogo contra o Carolina Panthers, o grande quarterback tentará levar sua equipe a uma improvável classificação aos playoffs.

Outros grandes duelos desta semana colocarão frente a frente Patriots e Steelers, na disputa para ser o cabeça de chave número 1 nos playoffs da AFC, e ainda Chargers e Chiefs, em partida que pode contribuir para a definição do campeão da AFC West.

Grandes jogos. Semana que vem tem mais por aqui.

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