Análise Tática: D. K. Metcalf fará uma parceria de sucesso com Russell Wilson?

O recebedor de Ole Miss era uma das escolhas mais bem cotadas do Draft de 2019 e acabou caindo até o fim da segunda rodada; Metcalf conseguirá superar suas limitações e aproveitar o seu entorno para se tornar um dos grandes recebedores da liga?

Após a trágica derrota para o Dallas Cowboys nos playoffs de 2018, dada principalmente pela ineficiência de Brian Schottenheimer operando o ataque, o Seattle Seahawks resolveu mudar o foco e começou a voltar sua parte ofensiva para seu principal e melhor jogador: Russell Wilson teve mais uma temporada sensacional, dando sequência ao seu ano fora da curva em 2017, com 35 touchdowns, apenas 7 interceptações, um dos melhores DVOAs (métrica de qualidade do Football Outsiders) da liga e tudo isso com uma linha ofensiva que permitiu que o quarterback sofresse 51 sacks. 

Visando a mudança de paradigma, a franquia garantiu a permanência de Wilson por mais quatro anos, fornecendo-lhe a maior média salarial da liga, e buscaram no Draft uma nova arma para auxiliá-lo a manter a alta performance: D. K. Metcalf foi uma das grandes histórias do recrutamento de 2019 após um Combine impressionante que o elevou ainda mais ao topo da lista de prospectos alvos, contudo, uma suspeita de uso de esteroides o derrubou até o fim da segunda rodada – quando foi selecionado por Seattle na escolha 64.

A escolha de Metcalf tornou-se ainda mais importante após o anúncio de aposentadoria de Doug Baldwin, wide receiver que por anos foi o alvo seguro de Russell Wilson. Ainda que seja recém-chegado, D. K. se tornará o homem de confiança de Wilson nos momentos importantes, da mesma maneira que Tyler Lockett o foi muitas vezes durante 2018.

Ignorando sua recente lesão – a qual não deve deixá-lo de molho por muito tempo – o conjunto de habilidades que Metcalf apresentou durante seu período em Ole Miss se encaixará perfeitamente com a principal qualidade de seu quarterback: o passe em profundidade. Wilson possui o melhor passe em profundidade da NFL na atualidade e, essa virtude, somada ao atleticismo fora da curva do wide receiver e sua qualidade em rotas verticais gerará uma combinação mortífera. Para você, caro leitor, que não acompanha tanto futebol americano universitário, fica um deleite de alguns segundos da proficiência de D. K. esticando o campo:

Metcalf costuma se dar bem contra cornerbacks que não o pressionam eficientemente na linha de scrimmage, e pune isso com um bom release combinado com sua excelente explosão vertical, batendo facilmente seu marcador na velocidade. Se não bastasse, sua fisicalidade permite que ele ganhe quase todas as disputas aéreas caso a marcação permaneça em sua cola. Una isso ao maravilhoso toque na bola de Russell Wilson e temos um calouro candidato a ultrapassar as 1000 jardas aéreas caso se mantenha saudável.

Na última temporada, Tyler Lockett foi a principal arma de Wilson, que via o wide receiver como seu desafogo nas rotas em profundidade; é esperado que, em 2019, Metcalf possa ser mais uma válvula de escape segura para o quarterback e Lockett será peça essencial nisso, pois sua incômoda presença no fundo do campo atrairá a atenção dos safeties adversários, os quais não poderão focar exclusivamente em Metcalf. As duas jogadas presentes no vídeo abaixo são um exemplo do estrago que Lockett pode fazer em rotas verticais e na primazia que é o passe longo de Russell Wilson:

Lockett não foi um grande wide receiver no início de sua carreira, e se destacava mais por seus retornos em kickoffs punts. A temporada de 2018, contudo, elevou seu patamar principalmente ao verticalizar o campo de uma maneira impecável, sua principal característica. Não à toa, Lockett conseguiu uma extensão contratual ao fim do ano e permanecerá em Seattle por mais três temporadas.

Se já não bastasse o auxílio de Lockett e os passes perfeitos de Wilson, Metcalf contará com outro parceiro para auxiliá-lo na responsabilidade do jogo aéreo: o tight end Will Dissly foi escolhido na quarta rodada do Draft de 2018 e acabou sendo uma grata surpresa na última temporada, com bons momentos no jogo aéreo e uma incrível marca de 19,5 jardas por recepção.

Infelizmente, Dissly atuou por apenas quatro partidas até romper o tendão da patela e perder o restante da temporada. Recuperado, muito provavelmente estará presente ao início da temporada regular e será mais um alvo para Wilson no jogo aéreo ao mesmo tempo em que se torna mais uma preocupação para as defesas adversárias. Um de seus touchdowns na semana 1 de 2018 – contra os Broncos – mostra um pouco de seu potencial, principalmente em jardas após a recepção:

Ok, mas o que isso tem a ver com a relação de Wilson e Metcalf? Com Lockett atraindo a atenção no fundo do campo, principalmente do safety mais profundo, e com Dissly sendo uma dor de cabeça para os linebackers safeties no meio do campo, D. K. se verá em muitas situações de mano-a-mano, onde poderá abusar de seu atleticismo e fisicalidade para cima dos cornerbacks adversários. Logo, isso facilitará a vida de Russell Wilson, que encontrará o calouro em muitas situações favoráveis.

Nem tudo, todavia, são flores. A principal dificuldade de Metcalf sempre foi com a agilidade e técnica necessária para executar boas quebras de rotas, pois em Ole Miss pouco lhe foi exigido nessa área. O resultado foi o péssimo tempo de 7,38s no exercício de 3-cone drill no Combine. Para a felicidade do torcedor dos Seahawks, vídeos feitos nos training camps mostram melhoras na técnica do recebedor ao executar os cortes:

Claro, Metcalf está longe de possuir uma execução com a mesma agilidade que Keenan Allen, por exemplo, mas isso não é o esperado de jogadores de seu porte físico. Vale lembrar que D. K. tem 1,90m e mais de 100kg, ou seja, seu forte não será criar janelas por meio de cortes, mas esses devem estar polidos para que Russell Wilson não precise lançar a bola para seu recebedor em janelas minúsculas.

Felizmente, tudo está bem encaminhado – com exceção, claro, da lesão que ainda não podemos considerar a gravidade. Desde o processo pré-Draft, já era discutido que Metcalf possuía piso e teto muito altos desde seu primeiro dia na liga; contando com a ajuda de Tyler Lockett e Will Dissly para atrair a atenção das defesas, D. K. possuirá espaço e tranquilidade para explorar todo seu potencial.

Corrigindo seu principal temor ao sair do College, a quebra de rotas fluida se tornará cada dia mais natural para o recebedor que, ao se encontrar em diversas marcações homem-a-homem devido a atenção chamada por seus companheiros, se tornará mais uma arma na aberração física que é Metcalf.

Além disso, e o mais importante, o recebedor conta com um dos melhores passadores da liga para colocá-lo em situações favoráveis em diversos momentos. Se no começo Wilson deve usar o wide receiver em situações de rotas verticais – abusando da principal qualidade de ambos -, com o passar da temporada de 2019 a relação se tornará cada vez mais natural, ao mesmo tempo que Metcalf evolui sua técnica como recebedor. A parceria, portanto, tem tudo para dar certo nos anos a vir em Seattle, trazendo felicidade para o torcedor que se sentiu órfão após a aposentadoria de Doug Baldwin.

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