Se antes da temporada o clima era de incertezas no Dallas Cowboys por conta da greve de Ezekiel Elliott e as negociações do contrato de Dak Prescott, agora ele é da mais perfeita calmaria. Com três boas vitórias (duas dentro da divisão), o time é líder na NFC East com dois jogos de vantagem sobre seus concorrentes e a equipe vem jogando bem. São 30 pontos anotados em cada uma das partidas e a defesa vem se mostrando sólida até o momento.
Claro que o calendário até o agora foi relativamente fácil e isso ajudou os Cowboys a atingirem esses números e a estabilidade. A campanha dos três oponentes até o momento é de uma vitória e oito derrotas. Situação semelhante vivem Buffalo Bills e San Francisco 49ers, também com três vitórias e com oponentes com recorde similar. A diferença? A forma como os Cowboys dominaram seus adversários nestas partidas.
Essa dominância passa em partes pelas mudanças promovidas pelo novo coordenador ofensivo Kellen Moore. Se antes, com Scott Linehan comandando a unidade, o ataque primava por um esquema repleto de passes longos e corridas diretas pelo meio, agora existe criatividade e mudanças que deixam as defesas adversárias em constante stress. Conforme citado em algumas coletivas pelo próprio Moore, os jogos mentais são fundamentais na NFL e ele quer tirar proveito de ter em sob seu comando jogadores experientes e capazes de fazerem isso com qualidade.
Uma das inovações é a inclusão das read-options. Se até 2018 Dak era usado desta forma basicamente na red zone e suas corridas em grande parte provinham de scrambles para sobreviver a pressão, agora elas são desenhadas para que o quarterback tenha esta opção. Com essa ameaça extra, o número de jogadores a ser bloqueados cai e faz com que o trabalho da linha ofensiva seja mais fácil. Das 11 tentativas de Prescott com as pernas, cinco viraram novas primeiras descidas. Sua média é de mais de oito jardas. Não há coordenador defensivo que não se preocupe com isso ao ver um tape.
O trabalho da linha ofensiva tem sido magistral em proteger Dak. Se na temporada passada o quarterback dos Cowboys ia ao chão em média três vezes por jogo, nos três primeiros jogos da temporada atual foram apenas dois sacks, sendo que um deles pode ser colocado em sua conta por não ter jogado a bola fora. O retorno do center Travis Frederick, ausente na temporada passada para tratamento de uma doença auto imune, tem grande importância nisso. Com menos dobras no meio, os offensive tackles podem se preocupar mais com as laterais e evitar que a pressão chegue.
Tudo isso tem ajudado demais para que Dak venha tendo um começo de temporada digno de estar na corrida pelo prêmio de MVP. Liderando a liga com mais de 74% de passes completos e o segundo melhor rating, Dak tem se mostrado um quarterback confiável e capaz de fazer o time produzir. Mais maduro, tem tomado decisões rápidas e com boa precisão, anteriormente uma problema seu. Caso não existisse um ser de outro planeta chamado Patrick Mahomes, o quarterback do time do Texas seria o nome mais forte a corrida pelo prêmio de jogador mais valioso até aqui.
A defesa se ainda não é um primor estatístico, em especial em números de sacks (5) e interceptações (0), tem alguns pontos importantes já podem ser destacados. A taxa de conversão de terceiras descidas contra os Cowboys é de apenas 20% e já são três fumbles recuperados na temporada. Claro que a inconstância contra o jogo corrido em alguns momentos preocupa, mas o time tem prevenido as big plays e essa parece ser a filosofia dominante em Dallas.
A grandes questões são: até onde esse time dos Cowboys pode ir? Terá elenco para manter essa arrancada e se consolidar na cabeça da NFC West? E tem lastro para chegando na pós temporada, arrancar rumo a um título de conferência e consequentemente a um Super Bowl? A resposta para todas as perguntas é sim.
Ao contrário da Conferência Americana, na qual New England Patriots e Kansas City Chiefs despontam como favoritos, a Conferência Nacional não tem um “bicho papão”. Por mais que o Green Bay Packers também tenha três vitórias, o time ainda não engrenou na parte ofensiva. O Los Angeles Rams tem em Jared Goff um limitador e o San Francisco 49ers ainda é um time em construção. Possíveis rivais como New Orleans Saints, Seattle Seahawks e Philadelphia Eagles já tiveram seus tropeços. A conferência está aberta e pular na dianteira jogando bem faz a diferença.
As quatro próximas semanas serão cruciais para que o time se firme como a principal força na NFC. Enfrentar os Saints fora de casa desfalcados de Drew Brees é uma ótima chance de se consolidar. Se além disso, o time bater os Packers em casa na semana 5 e os Eagles na semana 7, assumirá de vez o papel de protagonista na conferência.
E é isso que os Cowboys precisam: serem temidos. Deixar de ser dúvida e ser certeza é muito importante, em especial em momentos decisivos. Os Patriots são o exemplo disso. Está na hora dos Cowboys assumirem seu papel de estrela e brilhar de verdade. Time para isso têm.
