Após decepcionar mais uma vez em 2020, o Atlanta Falcons apostou todas as fichas na intertemporada. A escolha de Kyle Pitts em detrimento de um quarterback e chegada de Arthur Smith incendiaram a ideia de um ataque estelar, mas Falcons também tiveram de lidar com a saída de Julio Jones. Ir aos playoffs é possível, mas equipe precisa se provar em campo antes de pensar em voos mais altos na NFC.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: A offseason de Atlanta foi marcada por uma questão: o que fazer com a escolha #4 do Draft? No fim, os Falcons fizeram o mais provável e selecionaram Kyle Pitts, um esplêndido projeto de tight end que tornaria o ataque quase imparável, não fosse a troca de Julio Jones para o Tennessee Titans. Algumas das perdas da free agency foram repostas no Draft: saem Alex Mack e Keanu Neal, chegam Jalen Mayfield e Richie Grant.
Principal reforço: Kyle Pitts, TE. O típico talento generacional que só surge uma vez a cada década no Draft, Pitts fez Atlanta reconsiderar a escolha de um passador. Sua qualidade e sua versatilidade serão mais do que bem aproveitadas por Matt Ryan.
Principal perda: Julio Jones, WR. Jones se tornou um dos melhores wide receivers da história e sua conexão com Ryan sempre foi incrível. Mesmo com a presença de Calvin Ridley no elenco, sua saída fará muita falta, principalmente atraindo a pressão das defesas adversárias.
Arthur Smith pode copiar seu sucesso em Tennessee?
Se os Titans tiraram Jones de Atlanta, os Falcons também conseguiram retirar uma das joias de Tennessee – esta, porém, fora do campo. Arthur Smith foi quem arquitetou o ataque dos Titans nos últimos dois anos e chega para ser o novo treinador na Georgia. Várias ferramentas estão lá para replicar o sucesso.
Uma das grandes bases do ataque de Smith nos Titans foi a presença de um jogo terrestre forte, com Derrick Henry sendo líder isolado de carregadas e jardas. Obviamente, o talento de Henry é irreplicável, mas Mike Davis deve anotar os melhores números da carreira no novo sistema, até por ser o nome de maior qualidade no backfield. Com a contusão de Christian McCaffrey, ele impressionou no Carolina Panthers, podendo também ser usado no jogo aéreo.
O problema é que a linha ofensiva de Atlanta não é nada boa. Em 2020, a unidade esteve entre as piores da liga em adjusted line yards e batalhas vencidas nos bloqueios terrestres, e a saída de Alex Mack pesa ainda mais contra o grupo. Nesse caos, uma das esperanças reside no recém-chegado Jalen Mayfield, que deve atuar pelo interior e se encaixar perfeitamente no sistema de bloqueios em zona que Smith opera.
Se a linha ofensiva mantiver um rendimento pífio ao longo da temporada, a pressão do ataque recairá inteiramente sobre Matt Ryan, como já vem sendo de praxe – o quarterback liderou a liga em passes nos últimos dois anos ao passo que o jogo terrestre de Atlanta esteve entre os 10 piores em eficiência[foot]Football Outsiders[/foot]. Mesmo com a saída de Jones, o corpo de recebedores tem qualidade elevada: Calvin Ridley se transformou em um wide receiver de elite e foi capaz de assumir o protagonismo após a contusão da estrela no último ano; foram quase 1400 jardas recebidas e 9 touchdowns, sendo efetivo em todas as faixas do campo. Ao seu lado, Russell Gage é um nome que subiu de produção, passando das 700 jardas e tornando-se alvo de confiança no slot.
A chegada de Kyle Pitts é o complemento que faltava: com sua versatilidade para atuar em vários pontos do ataque, até mesmo aberto como um wide receiver, não há dúvidas que ele atormentará as defesas desde o dia 1. Ademais, Ryan tem qualidade para aproveitar o melhor de seus recebedores, principalmente com o play-action abrindo caminho para maiores ganhos.
Mesmo com uma linha ofensiva abaixo da média, o jogo aéreo funcionará por conta do talento individual e levará o ataque a ter muitos pontos por jogo, mas, em 2021, Smith não deve replicar em Atlanta o que vimos em Tennessee.
